domingo, 29 de julho de 2012

O Coreto da minha terra...





À entrada do Rossio, erguia-se o plátano centenário que nos esperava sempre, com as bagas cheias de picos que eu apanhava do chão para brincar.

Creio que uma vez por mês havia um mercado de queijos ali debaixo, e, no Verão, vinham vender melancias rubras ou rosadas, com as suas pevides pretas, que eu abria com os dentes para comer a sementinha branca.





Ali estava o coreto que eu achava lindíssimo sobretudo quando a banda vinha, certos domingos de Verão, tocar, à noite. 

Os instrumentos brilhavam e os músicos, nas suas fardas coloridas, nos gritos e palmas da assistência, esmeravam-se. No intervalo limpavam o suor, com grandes lenços, rindo-se uns para os outros.


Um pouco mais acima, um cedro enorme, de rama cerrada, por debaixo do qual ficava o café-esplanada "O Cedro", com as suas mesas e as cadeiras de ferro pintadas de branco.

Havia refrescos, conversa e, ao longe, a música do coreto.

A noite refrescava um pouco as casas e o passeio público. As pessoas voltavam para casa, mais animadas.

Eu regressava à minha janela e ficava a olhar para as estrelas cadentes.


6 comentários:

  1. Este texto fez-me recordar os bons tempos em que também eu vivia em Portalegre. Passei por todas essas experiências, exceto a de comer as sementes das melancias...
    Obrigado!

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  2. Lindas recordações!
    Já não há música no coreto, o que é pena!
    O jardim está bem mudado como mostra as tuas fotos, mas ainda me recordo dele no "antes" e nunca lá comprei nem queijo nem melancia, mas lembro-me e acho que foi a 1ª vez que lá fui, morava em Portalegre à poucos meses, e dei tanta cambalhota, tanta que fiquei enjoada, eheheh. Nunca me esqueci desse episódio eheh
    Beijo meu belo Falcão Lunar

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  3. Un jardim con coreto, uma banda numa noite de verão, que bonito deveu ser! Não tenho essa vivência. A da melancia sim, igualzinha, e a das estrelas também. Lembro-me que a primeira vez que me enamorei olhei para o céu e pareceram-me mais brilhantes e mais perto. A ti também?
    Um beijão

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  4. Gosto imenso de coretos. É pena que a maioria deles estejam esquecidos, que não sejam utilizados!...
    Uma das coisas que pretendemos fazer no Bairro dos livros, é devolver a música e a vida aos coretos...

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  5. olá linda...
    O coreto já está restaurado, o jardim desrestaurado. ....
    A banda com a composição de elementos que tem, não cabe no coreto, por isso é difícil tocar lá dentro.... Os instrumentos aumentaram e modernizaram-se...(bateria) , então não podem tocar lá o que dá pena a quem gosta do tradicional.
    Como sempre... descresves... para fazer saudades. .Madade

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  6. Lembro bem da casa, com a entrada de granito, ali, quase em frente ao Coreto. Foram, lá, o meus primeiros conhecimentos da família Falcão, do pai Feliciano, da mãe Zélia... mais tarde transportados para a casa da Serra.
    O Coreto, esse, continua, agora calado, mudo, desinstrumentado, amusicado...
    A Casa da Prosa estará, sempre, ao vosso dispor!
    Beijos
    Raul

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