série da BBC, em vídeo
Voltei aos “meus”
policiais. É crónica esta minha mania de ir buscar uma intriga policial que me
deixe abstraída de tudo o resto.
Há tanto para abstrair, naquele mundo. Descobrindo coisas que sabíamos e continuando “dentro”
de tudo o resto, do mundo de todos os dias.
Ruth Rendell
Vemos o culto inspector Wexford, da Kingsmarkham Police Force, “mudar”,
ter o seu problema de bebida, e um AVC, curar-se, preocupar-se com as filhas, que escolheram com demasiada liberdade, acha ele, as suas vidas.
Uma, que não estudou, complexada e cheia de filhos, cujo marido ele acha um parvo porque a devia meter na ordem, e a outra, solteira inveterada, e actriz de teatro, bela e famosa.
A paciência da mulher de Wexford já é tradicional nestes livros. Mais as suas tentativas para encontrar o equilíbrio - sempre instável-, entre pai e filhas e conseguir lidar com aquela família cheia de problemas.
No fundo, os problemas normais, de todos nós e das nossas famílias. É disso que eu gosto nela.
Vemos o seu ajudante e “vice”, o jovem Burden, e o drama da morte da
mulher, muito jovem, e o novo casamento - porque já não aguentava tomar conta dos dois filhos, sozinho.
Lá está a teimosia do primeiro e o convencimento do segundo.
O ar clássico e desinteressado por todas as modas de Wexford, e o ar moderno de Burden.
Vemos a bela e
eficiente ( e sempre politicamente correcta) sargento-ajudante, Hannah Goldsmith, que adora o chefe, feliz pelo noivado com o ex-colaborador de Wexford, Bal Bhattacharya.
O encontro de culturas e tradições diferentes não impedem
essas relações afectivas.
Fala de tudo RR, sem hesitações nem estados de espírito: dos
imigrantes indianos ou quaisquer outros orientais a que os ingleses chamarão
sempre “pakis”, ou os negros que serão toda a sua vida “somalis” ...
E, nas entrelinhas, passam as histórias das aldeias – ou pequenas
cidades que lembram as aldeias -, com a sua coscuvilhice à flor da pele, o
racismo, as denúncias indirectas, com as cartas anónimas e todos os ressentimentos,
frustrações e complexos, as obsessões e a malevolência que as pessoas têm por aqui e por ali.
Porque
tudo se assemelha, e se repete, por aqui e por ali, nada de ilusões!...
De facto, neste romance perpassam esses “defeitos” dos seres
humanos. “Tutto il mondo è paese” (o mundo é todo uma pequena aldeia), dizem os
italianos e têm razão: por aqui e por ali, as pessoas são idênticas...
No fim e ao cabo, o que pode “salvar”
as pessoas destas mexeriquices e racismos mais ou menos embrionários ou latentes é a “elevação” pela cultura e pela educação, não
tenhamos dúvidas.
E Ruth Rendell “enfrenta” corajosamente esses temas; o que se
passa com os imigrantes, quais as relações entre comunidades étnicas diversas.
E as relações da polícia com essas mesmas comunidades estrangeiras.
Está lá
tudo...
Pois è! Jà sabia que a escritora é uma das tuas preferidas! Buon Ferragosto MJ!
ResponderEliminarE não há dúvida! Já contagiou o Poeta, para esse gosto por policiais...
ResponderEliminar(Parece que o ouricito ainda não...)