O RATINHO POETA E O OURICINHO FORAM À PISCINA...

Bem, não é só o Ratinho... Agora estão sempre de acordo, ele e o Ouricinho.

- Para que serve este saco?, perguntou o Ratinho ontem. É para ires à piscina, não é?

- Sim. Tu já sabias...

- Claro que sabia. Mas o que é essa piscina? Para que serve? Posso lá ir ?

Logo o ouricinho:

- Sim, sim. Também podemos lá ir ?

- Vocês?

E desatei a rir. Imaginei-os na piscina os dois, a chapinhar!

- Por quê? Parece mal?, indignou-se o Ratinho.

- Não, nada disso! Só que nunca tinha pensado nisso... é água, muita água!

- Eu sei, vi as tuas fotografias. Foi por isso que nos lembrámos de ir...

Era o Ratinho, o convencido.

- Então, levas-nos?, gritou excitado o Ouricinho.

- Sim...

 De repente pensei no óbvio: eles não tinham fatos de banho!

- E os calções de banho?!

- Os “quê”?!

O  Ouricinho estava espantado.

- Os fatos  de banho para vocês. Não se entra numa piscina sem ter um fato de banho!

Olharam um para o outro, consternados. 
- Pois é, tu tens um fato de banho.
Tive pena deles.

- Bem, posso arranjar-vos uns...

Fiquei logo arrependida. Que ideia era aquela? Já estava a ficar influenciada pelas ideias deles? Como é que ia levá-los comigo à piscina? E a entrada?

“Oh! –disse para mim própria - passaste-te da cabeça? Agora pensas na “entrada” deles? Não sabes que os podes levar no saco?”

Tudo aquilo começava a parecer-me demasiado surrealista... Já pensava escondê-los no saco!

Como é que um Ratinho e um Ouricinho iam a uma piscina pública?

“Coitados! Eles gostavam tanto...”

Era eu contra mim própria, as duas já confusas...

Eles olhavam para mim, cheios de esperança e de receio. Como se percebessem o que se passava na minha mente.

- Levas-nos?...

- Está bem! Vou fazer-vos eu uns calções de banho!

Puseram-se aos saltos.

- És mesmo boa!, disse o Ratinho.

- Adoro-te!, excedeu-se o Ouricinho.

E começou a empresa da escolha dos tecidos. Nada é simples com aqueles dois!

- Este é tão giro...

Era um saco que me tinham oferecido as amigas dos “vurdóns”...

- Esse não pode ser. É meu!

- Dava umas bermudas giríssimas...

Era o Ratinho Poeta. 

“Bermudas?”

- Então este azul aos quadrados...

- Não pode ser. É um pijama...

- E este pode ser?

O ouricinho embrulhara-se num tecido que tinha servido para fazer um pijama à Gui. Alegre, fresco, bonito.

- Tens bom gosto, este acho bem!

E lá fui buscar a caixinha da costura, a tesoura. E corta aqui, cose ali, lá lhes fiz os fatinhos... 
E as toucas?

A verdade é que até lhes arranjei toucas de banho e os levei à piscina dos Bombeiros, hoje!

Não foi simples, porque percebi que estavam com medo. O ouricinho agarrou-se a uma das minhas sandálias, e o Ratinho espreitava de dentro da outra.

Ao pé  da água estavam encolhidos e inseguros.

- Não há saída?, dizia o Ouricinho.

- Está ali a porta! E apontei para o fundo.

- Aquela amarela?

- Já vi, já vi..., disse o Ratinho que parecia menos medroso.

- É a de emergência, reparou logo o Ouricinho... E a outra?

Espreitava para todos os lados a ver onde estava a saída.

- É aquela por onde entrámos!

- Ah!

- E não põem as toucas?, perguntei.

Já as tinham tirado...

- Caíram...

Percebi que não tinham gostado delas. Agarravam-se com força à bóia de salvação, pendurada na parede...

No final, voltámos para casa, contentes. No carro, deitaram-se, estafados.

- Gostaram?

- Sim, muito - disse o ratinho, muito educado.

O Ouricinho esticou as pernas, a apanhar um pouco de sol.

- Estava fria a água, queixou-se...

Mas no geral, acho que se sentiram bem. Dizem que estão sempre aborrecidos em casa.

Eu gostei muito de os levar! Foi uma experiência inesquecível!

Como é que não me lembrei disto antes?!