Já agora, outro assunto directamente ligado com o post de há dias, "O medo e o ódio". No
fundo, mais uma forma de racismo...
Refiro-me desta vez a um artigo de Jean Birnbaum, em Le Monde, a propósito das manifestações de racismo que surgiram e ofenderam a ministra da Justiça francesa, Christiane Taubira, originária da Guiana Francesa, nascida em 2 de Fevereiro de 1952, em Cayenne.
Em 2001 é a inspiradora, a pedido de Lionel Jospin (então Primeiro Ministro PS), da lei que vai ter o seu nome: a "Loi Taubira" (21 de maio de 2001) que reconhece como "lei memorial o crime contra a humanidade das tratas da escravatura dos negreiros."
do pintor brasileiro, Pedro Américo: Libertação dos Escravos (1889)
No dia 25 de Outubro passado, a ministra foi recebida, em Angers, poruma manifestação de jovens ligados ao
movimento “Manif” - que, antes se criara para protestar contra "le mariage pour tous": movimento anti-gay (e anti uma série de coisas que reflictam o progresso das ideias), aproximando-se na escolha dos "temas" do partido da extrema direita, o FN.
A Ministra estivera na base da lei que passou, há pouco tempo, do "casamento para todos". Houve uma série de manifestações contra a lei, e criou-se, contra ela, o movimento "manif para todos".
A Ministra estivera na base da lei que passou, há pouco tempo, do "casamento para todos". Houve uma série de manifestações contra a lei, e criou-se, contra ela, o movimento "manif para todos".
Christiane Taubira, felicitada por Jean-Marc Ayraut, Primeiro Ministro
Traziam bananas e gritavam slogans do tipo: “Para quem é a
banana? Para a macaca!”
Birnbaum protesta e indigna-se: “Como foi possível
acontecer?”
Mas ele sabe que foi possível e poir que razão o foi. Explica que, no fundo, foi fácil acontecer tanta é a repetição, no
quotidiano, de actos e factos de racismo, e o sentimento de impunidade dos mesmos.
A introdução ao livro é de Christiane Taubira
“O que me chocou foi
ver como o racismo se tornou banal. Chocou-me a falta de reprovação que existe
contra estes crimes.”
Os movimentos racistas
manifestam-se cada vez mais às claras, na Europa. Passamos da Grécia com o seu movimento neo-nazi, "Aurora Dorada", aos movimentos xenófobos que levaram, na Noruega, à matança de setenta e tal jovens socialistas - só porque o partido de Governo, na altura trabalhista, defendia os emigrantes.
um dos dirigentes de Aurora Dourada, preso depois do assassinato de um jovem "rapista"
“Poucos dias antes”, conta uma
candidata do Front National apresentou na sua página FB duas imagens: à
esquerda via-se um macaquinho bébé, e, à direita, estava uma fotografia da
ministra. A legenda era: “Ela era assim aos oito meses ... e hoje é assim”.
(...) O mal é que
quem ouve ou vê não protesta, não se indigna, finge que não ouviu é como se não se
passasse nada.”
E continua:
“Racismo, homofobia, misoginia, tudo passa, nos tempos
que correm. As pessoas não se querem
manifestar contra, com medo do ridículo. Porque a grande diversão do nosso
tempo é gritar: “Fora com o politicamente
correcto!”
Ora esse politicamente
correcto, lembra ele, era, segundo o filósofo Derrida, um slogan armado: é o pensamento que critica.
Criado pelos poderosos grupos conservadores
nos USA pretendia ridicularizar uma certa esquerda intelectual – e acabou por se dirigir a todo aquele que protestava
contra a injustiça política.
“Hoje a afirmação
fartos do politicamente correcto é uma forma de intimidação sobre todos os que
querem ainda lembrar os princípios e fazer valer a ética.”
Tem razão Birnbaum. Há palavras e afirmações que se tornaram perigosas nos dias de
hoje: desabafos como “fartos dos políticos!” ou “fartos do
politicamente correcto!” são slogans de conteúdo vazio, penso, que pode ser preenchido com ideologias populistas ou nacionalistas.
Politicamente correcto é importante que exista essa "ideia". Impedir esse ideal é atacar todo o
pensamento crítico.
Perigoso, portanto!
Perigoso, portanto!
Os lírios brancos são lindos. O tema narrado é pertinente e faz-nos pensar.
ResponderEliminarObrigada.
Beijinho. :))
É muito difícil mudar mentalidades!
ResponderEliminarUm beijinho grande :)
Enquanto existirem muito pobres
ResponderEliminare muito ricos
o racismo existe
e deve ser combatido
Parabéns pela coragem,
ResponderEliminarparabéns por pensar com a alma na ponta da língua e da caneta.
zerafim
de volta
Quando há uma crise económica severa, os extremismos conservadores fazem o seu agosto. é sempre assim. Parece incrível que coisas como esta estejam a passar em França, cuna das liberdades e dos direitos humanos. Temos que estar alerta sempre, porque esta gente, embora minoritária, espero que para sempre, em países civilizados, é muito perigosa.
ResponderEliminarBeijos
Parei, lí umas 4 vezes o seu post.
ResponderEliminarProcurei mais informação e pensei: meu Deus, tudo de novo. As vezes penso que o que tanto ofende é a própria burrice, o não ser igual, o querer a infelicidade alheia por não não conseguir ser superior.
Racismo é doença, é medo e por vezes penso até que é falta de surra. O termo poderia ser trocado por "ser humano, decente, honesto, digno".
Graças que a terra não escolhe ricos e nem pobres, apenas nos engolem, simples assim.
Os países devem fazer cumprir a igualdade e a dignidade humana, independente da etnia ou da condição de pele que possuam. Vou morrer me indignando, mas peço a Deula que me deixe morrer com força o suficiente para lutar contra essa vergonha que é o racismo.
bjs sempre