Finalmente tenho nas mãos a Biografia de que aqui falei há pouco tempo: "Chopin, Príncipe dos Românticos", escrita por Adam Zamoyski.Comprei-a na "Daunt Books", da Fulham Road -livraria impressionante pelas dimensões, pela quantidade e variedade de livros, pela arrumação, pelo conforto, pela rapidez com que chega o livro encomendado que, por acaso, não tenham e que vão encontrar seja onde for, se necessário até usado.
Volto a falar de Chopin, o "doce Chopin", parafraseando Eça a falar do "doce Rabi", Jesus...
O livro -que no fundo é a reformulação de uma anterior biografia publicada pelo autor- aparece agora aumentado e modificado pelos novos conhecimentos que se têm hoje sobre a vida de Chopin, sobre a sua doença, etc.
Adam Zamoyski explica no "Prefácio" que, estando o livro esgotado há muito, achou útil acrescentar tudo o que foi estudando e aprendendo nestes anos, e que, de tal modo o alterou e acrescentou, que achou por bem mudar-lhe também o nome...
Adam Zamoyski nasceu numa família da aristocracia polaca, em New York, mas viveu desde muito novo em Inglaterra. Estudou em Downside e no "Queen's College", de Oxford. É o reitor da Princes Cartoryski Foundation.
Historiador freelance, com um extraordinário conhecimento de várias línguas tem uma já vasta obra de história. É também escritor e biógrafo.
Em Junho 2001 casou com a pintora inglesa Emma Sergeant, retratista de talento, vencedora do Prémio da National Portrait Gallery, com 21 anos.
1.Chopin, 1840, Ary Scheffer
2.Chopin, desenho de Franz Xaver, 1847
3. o compositor Inaz Moscheles
4. Pauline Garcia-Viardot, conhecida mezzo-soprano, auto-retrato
5. August Franchomme
1.Maria Wodzinska, auto-retrato
2.Chopin, pintado por Maria Wodinzka, 1836
2.Chopin, desenho de Franz Xaver, 1847
3. o compositor Inaz Moscheles
4. Pauline Garcia-Viardot, conhecida mezzo-soprano, auto-retrato
5. August Franchomme
1.Maria Wodzinska, auto-retrato
2.Chopin, pintado por Maria Wodinzka, 1836
3. George Sand, pintada por Luigi Calamatta
4. Marie d'Anguoul, por H. Lehaman
1.Marcelina Czartoryska, protectora do pianista
2. Maria Kalergis
3. retrato de Chopin, tirado um mês antes de morrer
4. Jane Stirling
A biografia foi enriquecida, também, por belas fotografias das pessoas que ao longo da sua curta vida protegeram Chopin, das mulheres que o amaram ou ajudaram, dos amigos, da família, das casas onde viveu.
* * *
Começa com a descrição impressionante do enterro do compositor, que morreu jovem e famoso.
"É o dia 30 de Outubro de 1849 e uma multidão enche já a nave de La Madeleine, em Paris. Fora, centenas de carruagens aguardam nas ruas e avenidas circundantes, causando distúrbios no trânsito da cidade até à Place de la Concorde."
Assim começa o primeiro capítulo da biografia.
O corpo de Chopin repousa na Igreja, adornada com os enfeites mais ricos, painéis de veludo negro com as letras "F. e C". bordadas a prateado, pendurados cá fora da Igreja, cheia a transbordar de gente que pagou para assistir ao enterro.
* * *
Théophile Gautier, citado pelo biógrafo, recorda, com emoção:
"Ao meio-dia vêem-se chegar homens de negro com o esquife aos ombros e ouvem-se as notas de uma Marcha Fúnebre bem conhecida dos admiradores de Chopin. Um arrepio de morte percorre a congregação. Eu próprio tenho a sensação de ver o sol empalidecer detrás das cúpulas de um tom esverdeado, maléfico. Ouve-se o Requiem de Mozart cantado pela famosa mezzosoprano Pauline Garcia-Viardot e pelo baixo Luigi Lablache, acompanhados pelo coro do Conservatório de Paris, o mais fino da Europa."
Durante o ofício ouvira-se o organista de La Madeleine tocar dois "Préludes" de Chopin.
Centenas de acompanhantes, dentro e fora da Madeleine, esperam enquanto toca a Marcha Fúnebre.
Comovidos, amigos, senhoras de todas as idades, admiradores vão seguir a pé o cortejo fúnebre até ao cemitério do Père Lachaise. O ofício fúnebre e recitado por Adam Czartorisk, considerado por muitos como o Rei sem coroa da Polónia.
* * *
Vou passando as páginas, atraída pela maneira fluente de contar.
Depois, é o mergulho na vida de Chopin, na sua infância, na adolescência.
Apesar de poder ter sido um "menino prodígio", felizmente (sobretudo para ele) o pai prefere que ele faça a vida normal de todas as crianças: que brinque, vá para a escola, para o Liceu, estude o que os outros estudam.
E no momento da escolha crucial: Universidade ou Conservatório? Deixa-o seguir o Conservatório, mas com a obrigação de estudar na Universidade algumas matérias importantes, línguas, história etc.
Chopin aprende a tocar com três anos, sem quase nessitar de olhar para o teclado, para grande espanto do seu velho professor que, depressa compreende que não tem muito a ensinar-lhe. Compõe pequenas composições aos 8 anos, participa em concertos adolescente, mas cresce como uma criança normal.
Apesar de frágil de saúde, e de facilmente apanhar todas as doenças da infância, faz férias com os amigos no campo, assiste às festas -quase pagãs- do fim das "searas" no Verão, muito famosas na Polónia, canta com as jovens ceifeiras que vêm cantar frente às casas da quinta do seus amigos, dança a mazurka até de madrugada, toca piano em concertos de beneficência, sem nunca tentar ganhar proveito material.
* * *
Seria difícil contar tudo, até porque ainda não li o livro, mas prometo vir de vez em quando contar alguma coisa!
É uma vida tão apaixonante, falando de alguém com uma vocação tão séria, que fez um trabalho tão honesto!
Gostaria de vos dar do que vou aprendendo um pouco mais...
MJ, quem é Você?
ResponderEliminarConfesso que nunca meus olhos tinham visto, por estas bandas, posts de tão rara beleza!
Siceramente: tiro-lhe uma enorme chapelada e fico muito feliz por ter tropessado neste magnifico cantinho!
MFonseca