sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Stéphane Hessel, 94 anos, é um optimista inveterado!




Stéphane Hessel não deixa de me surpreender, sempre agradavelmente. Do alto da sabedoria da sua idade, experiência, humanidade e, com tudo isso, modéstia, não envelhece!

Acredita no futuro e luta como quando lutou na Resistência francesa, como quando fugiu de um campo de concentração nazi.

Queria ser filósofo. Combateu na Resistência, fugiu de um campo de concentra~ção e acabou por ser diplomata, sendo um dos redactores da Declaração dos Direitos Humanos, em 1949.


Hoje, “revolta-se”, “indigna-se” e exige que nos “empenhemos”.
Com 94 anos, milita pela paz no Médio Oriente.
El País de 01/09/2011:
“Este senhor que vai fazer 94 anos, que passou por campos de concentração, que foi torturado e que combateu clandestinamente contra os nazis, acredita no futuro!

Este senhor a quem sobram razões para odiar ou chorar decidiu sorrir a todo o momento, como hoje voltou a afirmar em Madrid.

"O que caracteriza a minha vida é a sorte. No fundo, tive muita sorte. Passei por coisas tremendas e consegui sair indemne.”

Eis um optimista inveterado, irredente, que decidiu abraçar a esperança e não se deixar arrastar pela escuridão, pelo desespero que deu cabo dum amigo do pai dele - o grande pensador europeu, Walter Benjamin, o filósofo que se suicidou em 1940, quando fugia dos nazis. "

(E que, ao contrário de Hessel, pensava que "o progresso era um furacão destruidor...” E tinha boas razões para isso naquele momento...)

"Este senhor que escreveu um panfleto “Indignez-vous!” e, logo outro a seguir, “Engagez-vous!” - aos quais vai suceder um terceiro, em parceria com o filósofo Edgar Morin - deu caução teórica a um descontentamento que tem vindo a crescer. Levam-no a sério porque, antes da teoria, se dedicou à prática."


E ei-lo que responde -sorridente- às perguntas dos jornalistas sem se esquivar, apesar de nem para tudo o que se passa querer ter resposta definitiva.


Apresenta, sem medo, nem qualquer hesitação, as suas opiniões.


Defende que este é o momento de tomar algumas medidas:



- despedirmo-nos da era Reagan/Thatcher em que vivemos;
- apoiar novos movimentos democráticos;
- votar nos partidos que mais se aproximem da defesa da democracia, da igualdade social (“não vale dizer que todos são iguais e que me abstenho”);
- revela que no seu país, nas próximas eleições em 2012, vai apoiar o partido socialista
- insiste que pressão excessiva dos mercados e do poder financeiro levaram os governos a actuar de costas para o povo;
- acha que se devem combater os partidos que vão na direcção inversa ao reforço da democracia e da solidariedade.
E a quem pergunta: “como?”, responde, docemente: “com o voto!”



Completamente d' accord!


Extractos do novo livro de Stéphane Hessel, "Engagez-vous!" (que ainda não li...)


(Engagez-vous!, le nouveau Hessel -éditions de l'Aube, est un recueil d'entretiens réalisés en 2009 avec Gilles Vanderpooten)

"Il faut créer, car résister ne suffit pas. Toute simplification est toujours dangereuse. Il faut nous habituer à penser avec sagesse - cela ne relève pas de l'intelligence ni de la créativité, mais du sens de l'équilibre. On ne peut pas être seulement yin ou seulement yang, il faut un balancement." (p.56)

"Le droit de chacun à sa culture et le droit qu'elle soit considérée par les autres comme une réalité à respecter, c'est ce qui permet à la coexistence des cultures de créer autre chose que la confrontation." (p.47)

"Nous devons [...] apprendre à devenir moins violents, pour franchir pas mal d'obstacles. Rien n'est exclu, nous sommes une espèce jeune mais qui peut se casser la figure demain, disparaître... Nous avons fait déjà beaucoup de bêtises et nous pouvons continuer à en faire - quelques bombes atomiques bien placées, et c'est la fin
." (p.67)



4 comentários:

  1. Eu queria aprender a ser mais assim, histórias como as deste senhor só nos engrandece e anima.

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  2. Continuamos firmes por aqui...Indignai-vos. Sempre.

    querida, obrigada pela música relíquia de Django, amamos.

    5 bjs

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  3. Podemos ser sempre "mais assim"... Basta abrir bem os olhos, ver, e depois "querer". Claro, ser como Hessel não é fácil.
    Mas "indignemo-nos" e isso já ajuda!
    Abraço e bom fim de semana!

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  4. Sim, este senhor tem a credibilidade que dá toda uma vida digna e valente.
    Esteve na Espanha, e mudou-me o voto, oxalá que o tenha conseguido com muita gente: eu pensaba abster-me, farta como estou de uns e de outros, mas ele fez-me reflexionar, não se pode, em momentos difíceis e de desânimo, porque nenhum está à altura das circunstâncias, facilitar o regresso da direita rância e involucionista.
    Faremos caso ao senhor Hessel, que falou bem de Rubalcaba, oxalá não se equivoque!
    E tu como andas? Um beijinho grande

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