Os amantes sem dinheiro
Tinham o rosto aberto a quem passava
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão. Tinha como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados. Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos,
mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
(Eugénio de Andrade, Os amantes sem dinheiro)
Lindíssimo o poema e a pintura escolhida.
ResponderEliminarLindo.
Um beijinho
Muito bonito.
ResponderEliminarbeijinho
Gábi