Perdi os meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!
Perdi minhas galeras entre os gelosQue se afundaram sobre um mar de bruma...
-Tantos escolhos! Quem podia vê-los?-
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!
Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...
Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...
Florbela Espanca, in “A Mensageira das Violetas”
Ilustrações: 3 pintores Pré-Rafaelitas
1- Edward Burne-Jones, estudo para cabeça
2- Gabriel Rossetti, Proserpina
3- John William Watehouse, Destiny
4- John W. Waterhouse, Boréas
Incrível como a tristeza, a desilusão, a perda, podem tornar-se intensamente belas.
ResponderEliminarUm beijinho
Luísa
Olá, Maria João
ResponderEliminarNão conhecia este poema de Florbela Espanca.
É bonito e triste como são quase todos os seus poemas.
Tantas perdas... ficavam ainda a dor, o sofrimento, a tristeza e a solidão - Companheiros fiéis. Também eles poderiam ir!!
Um beijinho terno e amigo,
Cláudia
Lindíssimo o poema, como são todos da Florbela Espanca. Gosto muito.
ResponderEliminarE lindas as pinturas.
Um beijinho grande
Saudações Mrs Falcão e como sempre me surpreendo a cada postagem que encontro aqui. Florbela é uma daquelas estrelas que passa com seu brilho encantado, hipnotizando os mortais que pouco sabe usar o bem mais precioso que tem chamado sentimento, mostrando a temática abordada, principalmente amorosa. O que retratava era o amor e os ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. Grande poetisa e uma ilustre portuguesa. Namaste.
ResponderEliminarVivi intensamente a poesia de Florbela Espanca quando era muito nova (sabia este soneto e muitos outros de memória). Hoje,já velhinha, sei que só perdi o que nunca foi meu.
ResponderEliminarEstás bem? Mando-te um beijinho
Belo. Belíssimo!!
ResponderEliminarAdoro Florbela Espanca, e rever este poema lindíssimo fez-me sorrir.
Toda a sua obra é eternamente bela, dolorosa sofrida.
Adoro.
Beijo Meu belo Falcão Lunar!!!
Carlota Pires Dacosta
Sempre gostei mais de lutar do que de chorar.
ResponderEliminarÀs vezes chorar também faz falta,desde que deixemos ir nas lágrimas o desdalento.
Cordial abraço,
mário
MJ,
ResponderEliminarA melancolia de Florbela Espanca resultou muito bem nos seus poemas. Aqui, a MJ casou-os muito bem com a pintura pre-rafaelita.
Tudo muito belo.
Beijinhos! :))
Na luz mesmo que parda
ResponderEliminarnada se perde
Querida M. J. Falcão,
ResponderEliminarMais que do amor, a Florbela foi uma grande cantora da dor e do desencanto. Me mesmo sendo sentimentos que nos corroem a alma, não deixam de ter lá a sua beleza. Como disse o nosso Vinícius, "pra fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza".
Florbela transformou a sua dor e o seu desencanto em beleza.
Quanto às pinturas, cada vez que vejo algo assim me pergunto: será que os borrões que hoje estão pendurados nas paredes das galerias são mesmo Arte? Não sei...