Leio, vejo, penso... Para isso temos olhos e pensamento e ouvidos e mãos e pés...
uma beleza cigana, no Sul da Índia (foto Valandgui)
"O Mundo não se fez para pensarmos nele/(Pensar é estar doente dos olhos)", escrevia Fernando Pessoa, no seu "Guardador de rebanhos".
Mas também dizia, mais adiante, na sua eterna contradição (ou complexidade?):
"E os meus pensamentos são todos sensações/Penso com os olhos e com os ouvidos/E com as mãos e com os pés! E com o nariz e com a boca".
Mas também dizia, mais adiante, na sua eterna contradição (ou complexidade?):
"E os meus pensamentos são todos sensações/Penso com os olhos e com os ouvidos/E com as mãos e com os pés! E com o nariz e com a boca".
E com isto eu estou de acordo. Pensar, pensar sempre. E sentir.
Como aceitar as injustiças gritantes? Os racismos sociais? Os racismos simples?
O racismo que se vira contra os que são de outra cor, falam de outro modo, os que comem alho (ou cebola?), os que cheiram de modo diferente, os que vivem de modo diferente? Os que vêem a vida de modo diferente.
Enfim, "aqueles". Os outros...
É o que se vê nas entrelinhas da crise, todos os dias, nos jornais, nos telejornais.
Por cá, por lá, pela Europa.
Os ciganos na Hungria, discriminados. Obrigados a trabalhar com um ordenado de miséria, calcorreando caminhos a pé.
Ou os "sem-abrigo" na Hungria, proibidos de o serem.
Proibidos de ser pobres! Mas quem lhes dá trabalho? Foi por o não terem, muitos deles, que acabaram na rua ou debaixo das pontes.
Ah! Mas “eles” dão-lhes trabalho! Trabalham para a comunidade... Só que trabalham grátis.
Trabalho "útil", dizem. Para quem?
Pouco a pouco, sem ganhar, vão substituir os que ainda têm um trabalho, ainda pago, mas que pouco a pouco o irão perdendo...
Nós que temos pensamento e sensações temos olhos e ouvidos...temos que nos indignar! E tentar lutar contra a maré.
Lutar todos os dias, nas pequenas coisas. Não aceitar a injustiça!
Querer que esta crise seja vencida mas a "favor de todos" e não apenas dos que normalmente "ganham" com as dificuldades dos outros e só pensam em "salvar" a pele!
Lutando para que não seja "normal" estar desempregado! Lutando para que não seja "útil" despedir pessoas...
Lutar todos os dias, nas pequenas coisas. Não aceitar a injustiça!
Querer que esta crise seja vencida mas a "favor de todos" e não apenas dos que normalmente "ganham" com as dificuldades dos outros e só pensam em "salvar" a pele!
Lutando para que não seja "normal" estar desempregado! Lutando para que não seja "útil" despedir pessoas...
Ou será que "O Mundo não se fez para pensarmos nele"?
Tem toda a razão.
ResponderEliminarMas às vezes a utopia parece tão longe.
Será que algum dia nos conseguiremos ao menos aproximar de um mundo mais justo?
Beijinhos
Maria João,
ResponderEliminarCansada de escrever, não resisto a enviar-lhe um grande abraço pela sua atenção constante às misérias e hipocrisias deste mundo, e, sobretudo,pela denúncia da escravatura (com várias faces) que existe no séc. XXI - e que tanta gente parece ignorar. Vai mmostrando o que há de sublime e de terrível no universo em que vivemos de uma forma admirável!
lurdes
Sempre pensamos em você e você sempre pensando em nós.
ResponderEliminarhttp://cozinhadosvurdons.blogspot.com/2011/11/os-tres-reis-magos-e-um-pouco-sobre-o.html
5 bjs
Por aqui bem tudo, obrigada por pensar em mim, tu fazes parte dos meus pensamentos, que "são todos sensações"...
ResponderEliminarPorque não posso, não sei ou não me animo a fazer nada, há sempre latente em mim um sentimento de culpa em relação aos pobres e explorados, talvez evito tocar a ferida porque no fundo não me sinto melhor que a maioria das pessoas instaladas no seu egoismo.
Um beijinho
María, mas quem não tem esse sentimento de culpa e também de "inutilidade" da acção? No entanto é a acção que "dá sentido a uma vida sem sentido, e absurda..." (Malraux dixit, claro.)
ResponderEliminarÉ fácil dizer, escrever coisas, MAS continua a nossa sensação de impotência, eu sei.
Asssim que publiquei o post, pensei como a Isabel: existirá um dia esse mundo de justiça?
Depois pensei, com os olhos e os ouvidos e tudo: Se não fizermos nada, não falarmos, NUNCA haverá... Por isso é bom pelo menos denunciar a hipocrisia dos tempos de que a Lurdes fala...
E não sermos indiferentes! Uma palavra conta mais do que julgamos: entra em muitos ouvidos e o pensamento continua depois pelos olhos, mãos e pés...E a reacção vem. Mesmo que demore!
Quando a maior pobreza é a do espírito, muito se deve lutar.
ResponderEliminarBeijo meu Falcão Lunar
Carlota Pires Dacosta
Enquanto a indiferença não cair nos nossos corações ainda há esperança no nosso pequeno... grande Mundo! Este Post e estas palavras são a prova querida MªJoão, e, a mensagem passa! Beijinhos grandes!
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