Emily Brontë
Emily Brontë nasceu em Thornton em 30 de Julho
de 1818 e morreu a 19 de Dezembro de 1848, com 30 anos.
Deixa uma única obra “O Monte dos
Vendavais” (Whudering Heigts).
Antes, muito jovem, entreter-se-á com as
irmãs e com o irmão a escrever histórias em volumes minúsculos que elas
próprias faziam.
Mais tarde, escreve poemas que publicará –com
outras poesias das irmãs- numa Antologia, em Maio de 1846 (em baixo, o livro de poesia das Brontë, na Amazon.com).
A poesia de Emily Brontë é muito amada, ainda hoje, bem conhecida pelos amantes da poesia inglesa.
As três irmãs usaram os pseudónimos de Currer (Charlotte), Ellis (Emily) e Acton (Anne)
Bell.
Pseudónimos de “consonância” masculina.
Porque, no fundo, sabiam que ser mulher era uma contingência a que se fechavam
certas portas. A própria Georges Elliot escreveu com nome de homem.
De facto, no Prefácio, escrevem:
“Contrárias à publicidade pessoal,
decidimos esconder os nossos verdadeiros nomes. Uma escolha ambígua que evita recorrer
a nomes claramente masculinos, não querendo declarar que éramos mulheres.”
Imaginação, observação? Pouco tinham para “observar”
no presbitério isolado de Hawworth...
O mesmo tipo de “isolamento” acontecera a Jane Austen e todas elas, no
fundo, conseguem ir ao âmago das almas e, do pouco que observaram, tanto
tiraram.
É verdade que Emily viveu em Bruxelas, com
a irmã mais velha, Charlotte, onde foram ambas professoras. Emily ensinava música. Mas
viviam num Internato, pouco terão visto do que se passava cá por fora.
Sabe-se que Emily era muito tímida e que
preferia isolar-se. Mesmo em Bruxelas foi-lhe difícil criar relações,
fechando-se sobre si própria, em casa, ou no quarto.
A sua poesia revela o mesmo sentimento de solidão, desespero, revolta e ...aceitação?
Pouco tempo antes de morrer, escreve:
“No coward soul is
mine,
No trembler in the world’s storm-
troubled sphere:
I see Heaven’s glories
shine,
And faith shines equal, arming me
From fear.”
(Emily Brontë, Last Lines)
O que teria sido Emily se tivesse vivido
um pouco mais? Que outros romances teria escrito? O que haveria ainda de
tumultuoso e profundo, dentro dela, para contar?
Considerado por muitos um “romance gótico”, é, no entanto, muito mais do que isso. Fala de horror, do sobrenatural, é certo: de almas que querem voltar, para poder ser felizes e reencontrarem os seres que amaram?
“O terror intenso do pesadelo entrou em
mim: tentei afastar o braço, mas a mão agarrou-o, e uma voz melancólica
soluçou, 'Deixa-me entrar – deixa-me entrar!' 'Quem és?', perguntei, lutando ao mesmo
tempo para me libertar. 'Catherine Linton.' "
Só que Catherine Linton tinha morrido há muitos
anos. Como “volta” ela à casa onde vivera?
Este romance atraiu sempre e "inspirou" filmes e até canções. Romantismo trágico, sentimentos fortes, paixões...
Kate Bush, capa do CD, "Wuthering Heights"
Em 1978, Kate Bush inspirando-se no
romance escreve uma canção com o mesmo título.
Nos versos ouvimos Catherine
Earnshaw “falar”. Ouvimos o pedido que o seu
“fantasma” faz:
“Let me in! I’m so cold”, que é o refrão da canção...
Ouçam o belo o solo final de guitarra, tocado por
Ian Baimson, do grupo “The Alan Parson Project” - grupo de rock progressivo
inglês, formado nos anos 70 por Alan Parson e Eric Woolfson.
Laurence Olivier no filme de Wyler
Vem desinquietar o viajante, de passagem naquele quarto, tantos anos depois?
Mais do que o terror de certas “situações”
(como esta), a ideia do sobrenatural que “invade” o dia a dia das personagens, a verdade é que
essas personagens sentem intensamente, vivem dramas inexplicáveis que porém não
têm nada de sobrenatural: são do natural da alma, amores de perdição como os do
Camilo.
A violência dos sentimentos, das paixões
engendram ódios e ressentimentos que o tempo não destrói.
Muito se filmou também aproveitando os sentimentos do "Monte dos Vendavais"!
Talvez as melhores imagens sejam a do filme que "dedicou" William Wyler ao livro inesquecível. Com três actores especiais, do cinema de sempre: Merle Oberon, Laurence Olivier e David Niven.
"Wuthering Heighs" (1939)
Talvez as melhores imagens sejam a do filme que "dedicou" William Wyler ao livro inesquecível. Com três actores especiais, do cinema de sempre: Merle Oberon, Laurence Olivier e David Niven.
Mas disso - dos sentimentos, de certa forma de paixão e da perversidade e egoísmo do amor - Camilo também sabia. Ele poderia compreender tudo isto.
“Eu chorava
tanto por ele como por ela; às vezes temos compaixão por criaturas que não têm
esse sentimento nem por elas próprias, nem por outras pessoas.”
Dores que chocam e fazem sofrer mesmo os
que estão “de fora”. Nós próprios, leitores.
Emily Brontë morreu com 30 anos e está enterrada na Igreja de St. Michael and All Angels, em Haworth, com as irmãs.
Cemitério de Old Brompton, Londres (foto de MJF)
Na Catedral de Westminster, no "Canto dos
Poetas", encontra-se uma lápide assinalando o nome das Irmãs Brontë.
Um dos meus livros preferidos (na edição de bolso em que o li, tinha por título O Monte dos Ventos Uivantes).
ResponderEliminarGostei muito de ler o post.
ResponderEliminarEsta canção da Kate Bush, tantas vezes a ouvi. Na altura fez sucesso, mas não sabia que tinha a ver com a história.
Um beijinho
Um belo livro, uma bela história, um belo post.
ResponderEliminarParabéns pelo poema na Cozinha dos Vurdóns. :)
Beijinho. :)
Referia-me ao Monte dos Vendavais. Bjs. :)
ResponderEliminarNão conhecia as suas últimas palavras, foi muito infeliz, mas deixou-nos uma história que é uma fonte inesgotável de inspiração. Não sei se a ela a compensou do que não viveu, mas nós nunca a esqueceremos, o seu livro passa de mães a filhas,( e suponho que a alguns homens sensíveis também lhes interessará)
ResponderEliminarAí estão as sucessivas versões cinematográficas que demonstram o interesse que continua a despertar.Como o teu post!
Beijinhos
Preciso ler de novo, esse post me deixou com vontade de rever páginas que passaram sem a compreenção de hoje.
ResponderEliminarNão conhecia a história e adorei saber.
bjs querida, saudades.