sexta-feira, 25 de maio de 2012

Falar de livros, livrarias e de bibliotecas...

Livraria Férin, uma das mais antigas de Lisboa

Como vão as livrarias?

Encontrei um artigo muito optimista no Le Monde (18 de Maio). 


Desculpem citar tanto os jornais francesse, mas, como fui professora de Francês, durante  muitos anos, ficou-me o hábito de os ler e a mania de os "citar"...
página de Le Monde

O artigo era de Catherine Simon e intitulava-se “Ma petite librairie connait pas la crise” e chamou-me a atenção.

Porque acho que é importante falar dos livros e das livrarias em todos os momentos!

Em tempos “ditos normais”, houve grande mudança, com a chegada dos livros às grandes superfícies. 


Bom? Mau? Pouco interessa ver o lado mau, o bom é saber que sempre que apareçam livros - seja onde for – isso é positivo!

Livraria Lello, na Rua do Carmo em Lisboa

A escolha será reduzida, os best sellers estarão à frente ou os livros chamativos. Apela-se para o superficial, o "light", o mais fácil. Mas o principal é começar a ler, depois, com a leitura, o gosto “afina-se”.
Livraria Galileo, em Cascais
Livraria em Paris

Claro que o ambiente não é o mesmo das livrarias tranquilas, nem o “apoio” dado (quantas vezes “pessoalmente”) por gente conhecedora que não precisava de computadores para ter a livraria “organizada”.


o calor humano da Livraria Lumière

Livros desarrumados, algures por aí...

Facebook: "Mon grenier est une forteresse imprenable"

Rossela Fumasoni "Mon Grenier"

Mas, voltando ao artigo, como vai a “saúde” das livrarias?

Leio:

Abrir uma livraria nos dias de hoje, da “hora grega”, em que não se fala na Europa se não de crise, recessão, falências múltiplas?
Dar o salto quando os próprio sindicato dos livreiros em França afirma que esse  sector da economia está  ameaçado?
(...) 
Teimar em abrir uma livraria, quando o grupo de leitores enfraquece a olhos vistos e o mundo das grandes livrarias parece desmoronar-se?
(...)
Livraria alfarrabista "João Soares", no Porto

Pois bem, sim! Três vezes, sim!

E a articulista conta como aumentou o número dos que se “arriscam” e se lançam nessa aventura, porque é mesmo uma “aventura"! 


É preciso coragem, uma boa dose de vontade e uns pòzinhos de loucura e de sonho!

São muito mais numerosos do que se pensa e menos loucos do que se julga! (...)
Quando uma livraria “morre”, outra "nasce”. Por 230 que fecharam em França, há entre 200 e 300 que abriram..."

Livraria Académica, no Porto, que faz 100 anos!

A erosão que se temia não é afinal tão greve como se receou.

Resta o problema das rendas altíssimas (em Paris) e da escolha obrigatória de bairros menos importantes. 


Mas essa escolha nem sempre se revela negativa. Muitos jovens avançam e arrancam o “milagre” de uma livraria.


Diz Sylvie Champagne (da Livraria “Passion Culture”) 49 anos:

"Temos de persistir. Se chegarmos ao terceiro ano, abertos, é muito bom; se passarmos o quinto, seremos uns reis!"

Entusiasmo, claro, não pode faltar! E 
prazer do que se faz  tem muito que ver com o sucesso.

Olhando o que se passa em redor, noto que há uma grande “atracção” pelos assuntos que se  referem a livros, bibliotecas, exposições.

Inclusivamente na internet, falando de blogues, encontramos imensos se dedicam à leitura, a "ensinar" a ler, ou aos livros


Vendo as imagens do facebook, noto o mesmo fenómeno: livros e bibliotecas atraem o olhar e, atrás do olhar, vem o desejo e, com ele, o conhecimento e, logo, o livro!
Biblioteca do estilista Karl Lagerfeld




imagem tirada do Facebook

Foi lá que fui buscar a maioria das imagens (magníficas, imaginativas, criativas!) que uso no post.

Por vezes conta muito a “situação” da livraria, o bairro, as gentes que passam, a cultura que tê, ou que procuram ter...

Mas em muitos bairros periféricos aumentou o interesse pelos livros, porque houve algumas melhorias, ou porque há mais estudantes.

Biblioteca Eduardo Lourenço, na Guarda

Conselhos de Philippe (livreiro, 38 anos) e de  Sylvie (49):

"Gostar de livros, gostar de ler, saber aconselhar, conhecer os seus clientes e interessar-se por eles,  e, sobretudo, amar as pessoas!"

Proteger os livros é uma missão sem par. Lembremos o que se passou, tempos atrás: a Inquisição que queima os livros, em autos-de-fé


Nos ghettos, nas cidades ocupadas, nas aldeias por onde passam os exércitos, durante o nazismo, queimaram-se os livros. Tudo pode recomeçar!

François Truffaut (1966) "Fhareneit 451" (do livro de Ray Bradbury)


 Na Irlanda, bem mais perto da nossa época, queimaram os livros de James Joyce, porque consideraram que "Gentes de Dublin" era ofensivo para a dignidade da terra e para a religião... 


A Edna O'Brien aconteceu quase o mesmo: teve de se exilar porque considerados escandalosos os costumes que ela "revelava" na sua trilogia "Country Girls" -  "contrários" à religião (fundamentalista, neste caso) da Igreja irlandesa e ao bom nome dos bem pensantes.

Não, não se trata de loucura amar os livros e defendê-los!  
Biblioteca do escritor americano Raymond Carver



Livreiros e leitores nunca serão loucos, a não ser de uma “loucura boa”! E essa é a nossa loucura...

2 comentários:

  1. Adorei o post e adorei as fotos.
    Também tenho bastante dessa loucura dos livros, mas como diz a Maria João, é uma loucura boa.
    Um beijinho grande

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  2. Sem dúvida, como é boa esta loucura!... Espero nunca curar-me dela!
    Traz tanta felicidade!...
    Magnífico post.
    Beijinhos

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