domingo, 6 de maio de 2012

O DEVER DE LEMBRAR A VIDA!


Michelangelo, Madonna

 A  VIDA E A MORTE...

quadro do pintor russo Borisov-Murasov, "papoilas"

Hoje é um dia qualquer, um domingo tranquilo, festeja-se a “mãe”, passeia-se à beira-mar ou vai-se pelas serras e pelos campos verdejantes cheios de florinhas coloridas, amarelas, roxas, vermelhas... 

Vive-se a vida o melhor que se pode o dia que passa.

Filippino Lippi, Madonna

Mas ontem, anteontem, há muitos anos, houve dias horríveis! Separaram-se mães dos filhos. 


Mataram-se homens inocentes, aos milhões, estoiraram-se crianças de encontro aos muros, sufocaram-nas com gás, queimaram-nos como animais...

quadro do pintor israelita contemporâneo,  Dorín

Chamou-se a isso Holocausto, Shoah.

Para que nunca mais volte, é preciso não esquecer!

Quem salvar uma vida é como se salvasse a humanidade”, diz o Talmud. “E quem a corta na raiz?”
pormenor do quadro de Dorín

Elie Wiesel, 1987

Responde  Elie Wiesel, sobrevivente dos campos, escritor:

“Não poderei esquecer a noite, a minha primeiro noite  passada no campo. A noite que transformou a vida numa eterna noite. Sete vezes amaldiçoada e sete vezes selada.


Nunca conseguirei esquecer aquele fumo.

 Não esquecerei nunca os rostos das crianças cujos corpos foram transformados em espirais de fumo no azul do céu silencioso.

Nunca poderei esquecer as chamas que queimaram a minha fé. Nunca esquecerei o silêncio da noite que me privou, para toda a eternidade, do desejo  de viver.

Nunca poderei esquecer aqueles momentos que  destruíram  para sempre o meu Deus e a minha alma, e transformaram os sonhos em poeira.

Nunca conseguirei esquecer todas estas coisas mesmo que seja condenado a  viver tanto como o próprio Deus. Nunca.”


Judeus em Auschwitz
"experiências" no campo de concentração de Auschwitz




Como dizia o grande Poeta, Luís de Camões, que tanto sabia das injustiças, dos perigos da vida e das infâmias dos homens  - e do "silêncio" de Deus, "o céu sereno", perante o mal e a desgraça dos inocentes:  

entrada do campo de Auschwitz

Onde pode acolher-se um fraco humano/Onde terá segura a curta vida,/Que não se arme, e se indigne o Céu sereno/Contra um bicho da terra tão pequeno?”

libertação do campo de Auschwitz

Tem razão Elie Wiesel: esquecer esses mortos seria como matar os inocentes uma segunda vez...


Talvez fosse o momento de tentarmos (re) ler "A Noite", de Wiesel...


Deixo algumas imagens, chocantes, claro, neste "dia da mãe" sereno...

4 comentários:

  1. Concordo com tudo o que diz e concordo que é importante não esquecer, mas isso também não nos deve impedir de viver a felicidade possível.
    Há ainda tanta infelicidade, tanta injustiça, tanta gente explorada, tanta criança a morrer à fome...
    Às vezes até bem perto de nós. Mas será errado conseguirmos alguma felicidade apesar de tudo o que acontece no mundo?
    Não me esqueço do que acontece à minha volta, mas quero ser feliz, tanto quanto é possível.

    Este é um tema doloroso.
    Um beijinho grande

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  2. Um período da História simplesmente horrível.

    É bom lembrar para não esquecer!

    O problema é que continuam, todos os dias, a cometerem-se outras atrocidades, algumas quantas vezes piores, seja nesta Europa "civilizada", seja num recõndito lugar de uma África, de uma Ásia... Basta que haja um homem mau!

    Abraço

    Raul

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  3. Li com 12 anos Feras Humanas de Langhoff W / Karst Georg M e alguns anos depois Os Assassinos entre nós de Simon Wiesenthal e não vou esquecer.

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