quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Avraham B. Yehoshua ganhou o Prémio Médicis pelo livro "Retrospectiva"



Confesso que fiquei contente com este prémio Médicis  atribuído a Avraham B. Yehoshua - que é um grande escritor israelita, um intelectual de nível, uma pessoa sensível e humana que tem intervindo sempre de modo lúcido e aberto no problema da paz no Médio Oriente.
Que  escreve e fala objectivamente do que se passa em Israel e do que tanto se ignora sobre Israel.
Li muitos livros  dele enquanto estava em Telavive. Um deles – o meu preferido- Mr. Mani. 
Não li “Retrospectiva” mas vou ler, porque para além de tudo o que disse, uma coisa mais : Yehoshua escreve muito bem!

Nota biográfica de Le Monde de ontem:

Um dos maiores escritores israelitas vivos, Avraham B. Yehoshua, foi coroado terça feira passada com o Prémio Médicis “estrangeiro” pelo seu livro por “Retrospectiva” (publicado em Agosto nas Editions Grasset), romance melancólico sobre os mistérios da criação artística".
Avraham B. Yehoshua nasceu em Jerusalém, em 1936, pertencendo à 5ª geração numa família de intelectuais sefarditas. 

O B. intercalado no nome é uma referência afectiva ao nome com que era chamado em miúdo, Bully, de que nunca se separou. 
Em 1995, ganhou o Grande Prémio de Literatura de Israel, reconhecimento da sua obra.

Depois dos estudos literários e filosóficos, Yehoshua inicia a carreira das letras com uma série de romances que rompem um pouco com a tradição literária israelita, introduzindo a dimensão do sonho e da ironia no realismo um tanto sombrio e austero da jovem literatura.
Os seus livros cedo foram traduzidos por todo o mundo (em 28 línguas).
Publica em 1977 L' amant, em 1990, L'année des cinq saisons (ou Molkho) "cinco estações" pois a estação "inicial", o Outono, se repete no final da história: uma oportunidade mais para o personagem se "encontrar" - e, em 1992, Mr. Mani.
Ensina Literatura na Universidade de Haïfa e em Harvard, Chicago e Princeton.

Conhecido pelo seu engagement no campo da paz, ao lado de outros escritores israelitas como Amos Oz ou David Grossman, este último também premiado com o Médicis, em 2011, pelo livro “Uma mulher fugindo da notícia” (Editions du Seuil.)

Avraham B. Yehoshua foi um dos escritores que participou nas iniciativas, em Genebra, a favor do processo de paz israelo-palestino.
O livro é um longo romance que fala de um realizador, Yaïr Mozes, no outono da vida, e da realização de um filme.
Tudo começa a propósito de uma retrospectiva da sua obra, que o vai fazer  pôr tudo em questão. 
As relações com a actriz que sempre o acompanhou, o cameraman com quem se zangou...
O que te importa tudo isto se vou morrer?", pergunta-lhe. "Mas, antes de morrer, quero falar, quero que falem...”

No fim e ao cabo, vai falar  dos problemas dos criadores e da “criação” das suas obras.

 “O filme começa com uma retrospectiva e vai terminar com uma perspectiva, uma ideia, uma abertura, um ponto de fuga. ” 
Pelo menos, a procura de um novo caminho, aberto a tudo. Tudo pode recomeçar sempre, mesmo que de outro modo totalmente diferente...
A esperança continua, pois...
http://www.lacauselitteraire.fr/retrospective-avraham-b-yehoshua.html

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