quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O filme mágico "Les Enfants du Paradis", de Marcel Carné



O actor Jean-Louis Barrault, o Pierrot, imagem tirada com o meu telemóvel...


Revi "Les Enfants du Paradis", numa nova película restaurada, na Arte, há dois ou três dias.
Do filme de Marcel Carné, disse Truffaut: “trocava todos os meus filmes pela possibilidade de ter dirigido "Les Enfants du Paradis."

outra imagem do filme tirada com o meu telemóvel...


 O melhor filme de sempre -votado por 600 entre críticos e profissionais do cinema em 1995.

Um filme maravilhoso, cheio de ternura, beleza, poesia e melancolia, sim, com certeza! Foi bom revê-lo, voltar a sentir a magia da primeira vez.

a cena final do filme, numa manhã de Carnaval (imagem retirada da internet)

Arletty

Maria Casarès


Actores magníficos (não me coíbo de "adjectivar"!): Jean-Louis Barrault, Arletty, Maria Casarès, Pierre Brasseur. Nenhuma falha possível...

e mais outra magem...

Marcel Carné nasce em 18 de Agosto e 1906 e morre em 31 de Outubro de 1996. Realizador de filmes que ficaram famosos e que deixaram atrás deles um pouco de melancolia ou nostalgia...


Filmes que realizou: Port des Brumes, Le jour se lève, Drôle de Drame...

Em Les enfants du paradis, filmado ainda durante a ocupação alemã, com imensas dificuldades, sai em 1945. 

Fala-se de realismo poético. O cenarista e autor dos diálogos foi o poeta Jacques Prévert  e a história baseia-se na história do “mimo” boémio-francês Jean-Gaspar Deburau.

Nascido em 31 de Julho 1796 (morre em Paris, em 1846), na Boémia,  com o nome de Jan-Kaspar-Baptiste Dvorak, trabalhou, em Paris,  por volta de 1819 a 1846, no Thêatre des Funambules.

Théâtre des Funambules, 1823

Ficava este teatro no Boulevard du Temple, mais conhecido na época como “Boulevard du Crime” pelos inúmeros assassinatos representados nos seus teatros... 

Cheios de gente desde a plateia, às frisas, aos camarotes de 1ª ordem e de 2ª ordem (ainda me lembro desta divisão no velho Cine-Teatro de Portalegre!) e, mesmo lá em cima "a geral" que também se chamava "galinheiro"... 

No filme "le paradis" é o nome dado à "geral" e era para a rapaziada do "paradis" que Baptiste-Pierrot representava. Com eles no pensamento, ouvindo os seus protestos, os seus entusiasmos, o seu apoio "verbal" é que ele ia "criando" a sua história de amor e sofrimento, no palco.
Enquanto vivia outra história semelhante na vida...

Camille Pissarro, Boulevard Montmartre

Théâtre des Funambules (Adolphe Martial Potemont), antes do incêndio de 1862

Nesses anos apresentou-se Deburau no palco do Teatro dos Funâmbulos que reunia saltimbancos, acrobatas, e era como um grande circo.


A figura de Deburau no filme chama-se Baptiste e é uma das personagens principais. 

A sua pantomima mais famosa é a criação de Pierrot - uma das figuras da “pantomima” da Commedia dell’Arte, criada nos finais do século XVII em Itália- com a sua Columbina e com Arlequim.

Nessa mesma época, representou o actor Frédéric Lemaître, outra das personagens de "Les Enfants du paradis" - um grande Pierre Brasseur...

Columbina desenhada por Maurice Sand (filho de Georges Sand)


Juan Le Grís, "Pierrot com guitarra"

Pierrot - o actor Paul Legrand

Picasso, Arlequim com um espelho


Filme poético e  trágico, cheio da beleza das grandes criações.





Algumas cenas tiradas do restauro do filme :


2 comentários:

  1. Um filme maravilhoso, uma obra-prima, que mostra um sentimento em vias de extinção: o amor. Obrigado e parabéns!

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  2. Um filme adorável, duma época em que o cinema francês entrou em apogeu. Gostei de recordar.
    Um beijinho

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