segunda-feira, 15 de julho de 2013

A madressilva do campo, o Verão e o meu pai...



“Arriscava-me sozinha. Olhava em redor, receosa, parecia-me ouvir ramos a estalar, escutava o grito da coruja.

Sentia um coelho bravo pular entre as giestas e as urzes e o coração apertava-se na garganta, mas aguentava e não me ia logo embora, como seria a minha vontade. 

Regressava à casa, numa correria doida, serra abaixo, tropeçando nos ramos, prendendo os pés nas raízes que me pareciam mãos de bruxas.

Respirava fundo quando chegava à zona dos tanques. O coaxar das rãs e o cricri dos ralos era uma companhia.

Arranhada, vermelha e com a respiração acelerada, chegava a casa cansada e feliz.
Na varanda, ao cimo das escadas, coberta da folhagem vermelha da vinha virgem, o meu pai lia, sob uma lâmpada à volta da qual giravam as borboletas da noite e as grandes libélulas.

Da azinhaga, chegava-nos o cheiro intenso das madressilvas em flor.
Eu sorria, ao vê-lo, aliviada."

(Os figos de Setembro e o meu pai, conto inédito) 

4 comentários:

  1. Adorei ler este conto. A madressilva é uma planta tão bonita e cheirosa.
    Parabéns pelo conto e pela foto.
    Beijinho.:))

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  2. Lindo!
    Gosto do cheiro das plantinhas do campo, mas não conheço nada.
    Da madressilva até o nome é bonito!
    Um beijinho grande.

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  3. Passo por aqui para deixar um beijinho nesta divina e fresca manhã, pois não posso passar por alto um texto tão precioso.
    Estou à espera da minha gente.
    Beijo grande

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  4. Um Conto lindo, carregado de sentires e saudades, de coragem e medo, de ausências sempre presentes.

    Beijinhos

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