“Arriscava-me
sozinha. Olhava em redor, receosa, parecia-me ouvir ramos a estalar, escutava o
grito da coruja.
Sentia
um coelho bravo pular entre as giestas e as urzes e o coração apertava-se na
garganta, mas aguentava e não me ia logo embora, como seria a minha vontade.
Regressava
à casa, numa correria doida, serra abaixo, tropeçando nos ramos, prendendo os
pés nas raízes que me pareciam mãos de bruxas.
Respirava
fundo quando chegava à zona dos tanques. O coaxar das rãs e o cricri dos ralos era uma companhia.
Arranhada,
vermelha e com a respiração acelerada, chegava a casa cansada e feliz.
Na
varanda, ao cimo das escadas, coberta da folhagem vermelha da
vinha virgem, o meu pai lia, sob uma lâmpada à volta da qual giravam as borboletas
da noite e as grandes libélulas.
Da azinhaga, chegava-nos o cheiro intenso das madressilvas em flor.
Eu
sorria, ao vê-lo, aliviada."
(Os figos de Setembro e o meu pai, conto inédito)
Adorei ler este conto. A madressilva é uma planta tão bonita e cheirosa.
ResponderEliminarParabéns pelo conto e pela foto.
Beijinho.:))
Lindo!
ResponderEliminarGosto do cheiro das plantinhas do campo, mas não conheço nada.
Da madressilva até o nome é bonito!
Um beijinho grande.
Passo por aqui para deixar um beijinho nesta divina e fresca manhã, pois não posso passar por alto um texto tão precioso.
ResponderEliminarEstou à espera da minha gente.
Beijo grande
Um Conto lindo, carregado de sentires e saudades, de coragem e medo, de ausências sempre presentes.
ResponderEliminarBeijinhos