quarta-feira, 24 de julho de 2013

Filmes de Verão e aventuras... "Geronimo", de Walter Hill




No Verão apetece-me ver filmes de aventuras. Talvez porque era o que acontecia na minha adolescência quando ia ao Cine-Parque  de Portalegre! 

Esperava-se que a noite caísse e muitas vezes a sessão começava depois das nove horas. Havia ao lado a barraca dos refrescos, das pevides, dos tremoços - à  falta dos popcorns de hoje.

À frente, mais perto do ecrã, as cadeiras de lona e o nosso lugar era nas mesas de ferro com as cadeirinhas pintadas de branco...
Mais atrás, ficavam as cadeiras de madeira desconfortáveis.

Por lá vi "O Ladrão de Bagdad" (ainda ninguém sonhava que haveria um Saddam por lá...), "O Leão de Damasco", "Robin dos Bosques", eu sei lá que mais... 

E tantos filmes de índios e cowboys. Do Roy Rogers, para começar...

Lia, por essa altura, Fenimer Cooper e O Último dos Mohicanos e os mohicanos, os cherokees, apaches, seminolas, eram parte da minha imaginação de miúda.

arapahos, numa reserva

Gravura de 1835, ataque dos Seminolas ao Forte

Este "Gerónimo" vi-o há pouco, em DVD claro. Gostei. Sofri uma vez mais com a sorte dos Apaches e fiquei contente por ver que havia alguns olhos azuis (clear eyes) que eram gente decente.


O realizador Walter Hill interessou-se pelos filmes de acção, e pelos westerns em especial.

Trabalhou como cenarista em muitos filmes de Sam Peckinpah, de Norman Jewison ou  de John Boorman e muitos outros. 

O filme tem actores de qualidade: Gene Hackman, Robert Duvall e o (ainda muito) jovem Matt Damon.

"Geronimo" é de 1993. Geronimo é o grande chefe dos Apaches, um mescalero-chiricahua a quem os Mexicanos (com quem luta durante anos) deram o nome de Geronimo mas que na sua língua seria Goyathlay. E Goyahkla, em inglês.

Um chiricahua

Pelo Arizona, Colorado, Novo México, Utah que são as regiões onde se vai combater a grande Guerra do Búfalo. O búfalo era o animal mais importante para o índio. 

Dele tiravam tudo o que necessitavam e a caça ao búfalo nas grandes pradarias do Oeste fazia parte essencial da vida desses povos: Apaches, Comanches, Kiowas, etc.

George Catlin, Caça ao búfalo


Mas a colonização americana avança, a necessidade de conquista de novas terras impõe-se e as guerras sucedem-se.

Geronimo

Geronimo nasce em 16 de Junho de 1829, em Gila River, e morre, prisioneiro, no Forte de Sill, no Ocklaoma, em 17 de Fevereiro de 1909. 

Gila River

Geronimo, 1887, na reserva de Camp Mars

Geronimo

Edward S. Curtis, Geronimo, em 1905 





Entre lutas contra a Cavalaria Americana, em passagens pelas "reservas" americanas, na revolta e, de novo, na prisão, é a vida do grande chefe índio. 

O etnólogo Edward S. Curtis etnólogo e fotógrafo, escreve sobre esta civilização, sobre as diversas tribos índias com quem conviveu e que fotografou maravilhosamente.



 Edward Curtis, a Festa guerreira dos Ogalala 


Índios e Cavalaria, 1899, autor anónimo

Geronimo, o Grande Chefe Apache vencido, torna-se numa celebridade, é apresentado em feiras, fotografado. Conserva a sua dignidade em todas as circunstâncias do seu exílio.  

Nunca lhe foi permitido voltar à sua terra...

Geronimo, fotografado em estúdio 

O actor índio cherokee Wesley (Wes) Studi faz um magnífico chefe Geronimo

(Entrara já no filme de Kevin Coster "Danças com lobos" (1990) e no filme de Michael Manne "O Ultimo dos mohicanos",  (de 1992) com Daniel Day-Lewis).
o actor Wes Studi

É bom sempre voltar a sentir-me pequenina, mesmo que ilusoriamente...

Como dizia Salinger e muito bem, todos somos crianças e que "um dia crescemos. Mas há alguns que se limitam a envelhecer..."

 Ora isso eu nunca quis! Se puder, enquanto puder, quero guardar a minha "alma" de adolescente!

Salinger





7 comentários:

  1. Os filmes de índios e cowboys fazem parte da minha infância. Não havia na televisão nenhum filme que não víssemos. Ao cinema não ia, mas víamos todos os filmes da TV (só no 1ºcanal). Adorava esses filmes e depois brincávamos imenso na rua, no quintal... aos cowboys.
    Há muitos anos que não vejo nenhum desses filmes.

    Hoje também vi um vídeo, coisa que creio que não fazia há meses. É tão bom estar de férias! Vou fazer um post sobre o filme que vi.

    Também vi o último dos Moicanos e Danças com Lobos. O Gerónimo, não me lembro.

    Um beijinho grande e obrigada por me fazer recordar os filmes da minha infância

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  2. Querida Isabel, imaginei-te a brincar aos cowboys e deu-me vontade de rir, porque eu também brincava! Ainda para ali tenho uma fotografia (já casada!) com um daqueles "toucados" de penas!
    Beijinhos

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  3. É um tema que dá muito de si, mas hoje eu não posso falar de coisas bonitas, porque com o desastre que passou em Santiago, sinto-me oficialmente de luto.
    Beijo

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  4. Maria João,
    Também achei graça ao que disse a Isabel, pois como somos da mesma geração, ou vivemos na era em que a TV era mais cultural, também fui influenciada por esses filmes e brinquei aos índios e cowboys.
    Lembro-me que não eram os meus preferidos mas via. Sempre me fez confusão uns serem os bons e outros os maus. No entanto, reconheço que a divisão entre bem e mal era mais fácil de apreender. Só que eu via a coisa ao contrário porque não os índios os bons e os maus os cowboys que lhes foram tirar as terras?
    Obrigada por estas memórias e partilhas.
    Beijinho. :)

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    1. tem razão, Ana, "porque não os índios os bons e os maus os cowboys que lhes foram tirar as terras?" Eu também preferia os índios...

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  5. MJ, que me lembre, nunca vi este filme. Deve ser bom.
    Também gosto de filmes de aventuras e cowboys, mas vejo muito poucos!
    Quando adolescente, talvez mais nova (10-12 anos!) ao fim-de-semana, passava horas "agarrada" ao televisor a ver este género de filmes... Tenho saudades desses tempos... de brincar na rua ao elástico, aos polícias e ladrões, jogar à bola.
    Em tão poucos anos tudo mudou...

    Quem a conhece, constata logo que a Maria João é um espírito jovem!!

    Um beijinho grande.:))



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    1. Olá, Cláudia! Teve mais sorte do que eu, teve uma vida de rua, a brincar ao elástico (coisa que nunca fiz...), mas lá por casa fazia o possível por me aventurar... E quando estava no campo, melhor ainda! Subir árvores e coisas do género, ir sozinha até ao pinhal, etc. Obrigada pelo seu elogio: acho que o espírito pode continuar a ser jovem, não tem idade, pelo menos tento!
      Beijos

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