domingo, 28 de julho de 2013

Policiais para o Verão: James Hardley Chase e Miss Blandish...



No Orchids For Miss Blandish 

James Hardley Chase é o pseudónimo do escritor  inglês René Lodge Brabazon Raymond.


Há muitos anos que o conheço e o leio.  De facto, No Orchids For Miss Blandish foi um dos livros que mais me impressionou, pela violência, pela maneira forte como está escrito, pela dureza do tema, pela realidade com que apresenta um “gang”, uma família de gangsters, aliás.

René Raymond nasceu em Ealing,  em 24 de Dezembro de 1906 e morreu, em 1985, em 6 de Fevereiro, em Vevey, na Suíça.

O pai de Raymond-Chase era um coronel do exército colonial britânico na Índia e o seu sonho era que o filho estudasse ciências. Assim, René Raymond esteve no King’s School em Rochester (Kent).  

Viveu também com a família em Calcutá onde estudou alguns anos.

Mas, aos 18 anos, sai de casa, arranja vários empregos temporários: trabalhou numa biblioteca, foi caixeiro-viajante durante dois anos, vendedor de enciclopédias juvenis, etc.

 O seu sonho era escrever... Até que um dia se retirou para escrever a tempo inteiro.

Casa em 1933 com Silvia Ray de quem teve um filho. Durante a Guerra, alista-se na Royal Air Force,  e escreve um diário, The Royal Air Force Journal.

Um dia entusiasma-se com o livro de James M. Cain “The postman rings allways twice” (1934) e decide escrever o seu primeiro livro policial.


Grande Depressão instalara-se (1929-1933), os tempos eram difíceis para todos, o gangsterismo surgira, e, com ele, a “cultura do gangster”. Decide escrever um romance ambientado nessa época.

E escreve, então, em quatro semanas, um romance "negro": “No Orchids to Miss Blandish” -  traduzido em Portugal por "A Carne da Orquídea" e no Brasil por "Não enviem Orquídeas para Miss Blandish".



Estávamos em 1939. 

É a história do rapto da filha de um milionário, Barbara Blandish, de um pedido de resgate. Uma história que tem de acabar mal, porque no meio de tudo um dos gangsters, um desquilibrado,  apaixona-se por Miss Blandish...


Linden Travers (no filme de Clowes)

Vai-se tornar rapidamente num best-seller, vendido aos milhares. Um dos livros mais vendidos durante essa década. O sucesso também se deve aos filmes que nele se inspiraram, claro.

René Raymond iniciara a sua carreira literária, que hoje conta mais de 80 títulos.

O livro foi adpatado para o teatro e representado no West  End, em Londres.

Em 1948, é adaptado e levado pela primeira vez ao cinema por St. John Legh Clowes num grande filme de gangsters como os ingleses sabem fazer. 



Outros filmes, por outros realizadores, lhe irão suceder...

Instala-se em França, em 1955. Em 1963, o realizador francês Julien Duvivier inspira-se no seu primeiro romance para realizar “Chair de poule” (título da tradução francesa do livro na Colecção Série Noire), com Robert Hossein. 


Na colecção "Folio" chamar-se-à : "Pas d'Orchidées pour Miss Blandish"




Assim, em 1971, nos USA,  torna-se noutro sucesso,  filmado por Robert Aldrich,  com a jovem  Kim Darby, e tem como título:  The Grissom gang





Em 1975,  Patrice Chereau apresenta em França o filme “Chair d’Orchidée”, com Charlotte Rampling e Bruno Cremer.




Chase vivia na Suíça, desde 1961, na zona do Lago de Genève. A partir de 1970, muda-se para Corseaux-sur-Vevey onde morre, em 1985.

Interessante ver que os seus livros que se passam numa Nova Iorque violenta,  onde o escritor nunca viveu... A realidade é que esteve apenas algum tempo em Miami e em Nova Orleans. A inspiração foi buscá-la a livros e enciclopédias, incluindo dicionários do calão americano.

Os seu livros tiveram enorme sucesso não só na Europa como na América e na Ásia. Foram adaptados várias vezes ao cinema, por franceses, americanos e italianos. No tempo da "perestroika" tiveram grande sucesso na Rússia.



Em França, Jean Duvivier –antes de Pas d’Orchidée pour Miss Blandish, título francês - adptara o livro "Tiger by the tail" (L’Homme à l’imperméable, 1957) e, Yves Allegret leva ao cinema o seu "Miss Gallaghan Comes to a Grief" (Méfiez-vous fillettes, 1957).

Era a altura dos grandes filmes “série noire” franceses, era inevitável que os seus livros “duros”  atraíssem os realizadores desses anos.

James Hardley Chase escreveu também sob os pseudónimos de James L. Docherty, Ambrose Grant e Raymond Marshall.


Outros títulos:

“The Dead Stay Dumb” (1939); “Miss Gallaghan Comes to a Grief” (1941); “Eva” (1944); “Just the way it is” (1944); "Miss Shumay Waves a Hand" (1944);  "More Deadly than the Male" (1945); “Blonde’s Requiem” (1946); “Make the Corps Walk” (1946).



3 comentários:

  1. Meu Belo Falcão Lunar
    Com "Orquídea" no título só poderia ser um sucesso.
    Fiquei com vontade de ler.
    Beijinhos

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  2. Interessante o percurso do escritor.

    Hoje não li policiais, mas vi. Dois episódios do Comissário Maigret.

    Gostei muito da foto do carrossel, ainda não tinha reparado nela!
    Um beijinho e continuação de boas leituras! Vou acabar a minha ronda bloguista e volto também à leitura ou a mais um Maigret...já vejo!

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  3. Li esse livro em 1979, quando tinha 15 anos. Me impressionou muito.

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