Pois é, vi um concerto fabuloso!
No Barbican Hall (no East Side de Londres), decorreu de sexta-feira 13 de Novembro a domingo, 22 de Novembro o “London Jazz Festival” sendo o fecho do festival o Concerto de Marcus Miller a que assisti...
Não o conhecia, confesso, mas conhecia Miles Davis, claro, e este concerto “Tutu revisited” referia-se, sem dúvida, ao álbum “Tutu” –o álbum que o legendário trompetista, nos anos 86, gravou em New York e no qual Marcus Miller com pouco mais de vinte anos (guitarrista, compositor e produtor) participou.
Miller escreve a maior parte das músicas para o álbum e toca vários instrumentos (incluindo guitarra baixa, saxofone, clarinete e contrabaixo), mas o seu golpe de mestre foi o uso dos sons electrónicos dos sintetizadores, e das baterias, e com esses sofisticados “funk grooves” (batidas funky, em português) enquadrando a “execução” de Miles, ajudaram-no a redescobrir a sua “voz”, já perto do fim da carreira.
Marcus Miller foi pois o último grande colaborador de Miles Davis, "The Dark Magus".
Agora, vinte anos mais tarde, Miller trouxe de volta Tutu, um pouco de jazz fusion, prestando assim uma homenagem ao famoso álbum do grande Davis.
Traz consigo uma nova “band”: Christian Scott (clarinete), Alex Han (saxofone), Federico Gonzales (placa de som) e o fantástico Ronald Bruner (bateria).
O espectáculo pretendia também ser a “apresentação” do jovem clarinetista (26 anos), Christian Scott.
Mas foi muito mais do que isso tudo: foi uma exibição fantástica de profissionalismo, empenho, entusiasmo, imaginação que, pouco a pouco, foi contagiando a assistência (de todas as idades!) –sentada e silenciosa com um copo de cerveja na mão e, logo, entusiasta assim que a música terminava.
No palco, lá em baixo, movia-se a figura esguia de Marcus Miller, como um duende vestido de castanho, o chapéu pequeno enfiado na cabeça, passeando devagar de um lado para o outro com os passos leves da pantera cor de rosa abraçado à guitarra eléctrica.
Ora se chega ao clarinete e a Christian Scott e é como um diálogo ou “desgarrada” entre os dois instrumentos, ora se aproxima do saxofonista e começa outro desafio –competição-conversa animada e amigável.
O baterista Ronald Bruner é um verdadeiro génio, Gonzales com a placa de som (será?), os sintetizadores, toda a parte electrónica pareceu-me um mágico...
Notas:
O jazz é uma manifestação artístico-musical originária dos Estados Unidos. Tal manifestação teria surgido por volta do início do século XX na região de Nova Orleans e nas suas proximidades, tendo na cultura popular e na criatividade das comunidades negras que ali viviam um de seus espaços de desenvolvimento mais importantes.
O Jazz desenvolveu-se com a mistura de várias tradições musicais, em particular a afro-americana. Esta nova forma de se fazer música incorporava blue notes, chamada e resposta, forma sincopada, polirritmia, improvisação e notas com swing do ragtime.
Jazz Fusion (às vezes simplesmente citado como fusion) é um género musical que consiste na mistura do jazz com outros estilos, particularmente rock 'n roll, funk, rhythm and blues, música eletrónica e world music.
O estilo começou com músicos de jazz que misturam as formas e técnicas de jazz aos instrumentos elétricos do rock aliados à estrutura rítmica da música popular afro-americana, tais como o soul music e o rhythm and blues.
Os anos 70 foram o período mais produtivo para o estilo, embora o fusion tenha prosseguido com uma produção expressiva, sobretudo no final do século XX e início do século XXI, com reedições de álbuns clássicos de fusion e a gravação do estilo por artistas do jazz tradicional.
Ilustrações:
1. homenagem à trompete do Dark Magus....
2. foto de Miles Davis com a sua trompete
3. capa do álbum "Tutu", de Miles Davis
4. capa de outro álbum
5. foto de Marcus Miller
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