terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Dickens, as Brontë, Austen, Makepeace Tackeray, George Eliot e os outros...










O céu plúmbeo de Londres, as casas escuras, ou cor de tijolo listradas, bem desenhadas por lápis de artistas, os muros com musgo cercando os jardins verdes, os arbustos carregados de bagas vermelhas quando o Natal se aproxima, as pontes, os parques...







Tudo me fez voltar à memória os meus velhos escritores ingleses! Com tanta saudade...
O Dickens, com certeza o primeiro que li e adorei: "Contos de Natal", "David Copperfield", “As aventuras extraordinárias do Sr. Pickwick” que me faziam rir tanto e me deram a ideia completa do que era um verdadeiro “club” inglês, e o que era afinal o humor inglês...
Depois, creio que a seguir veio Jane Austen, lida e relida durante os anos da minha adolescência. Estava lá tudo, penso hoje.
Imaginava os interiores, os campos, as relações humanas, as diferenças sociais, a generosidade e a sensibilidade, os sofrimentos amorosos, os ódios, as ofensas, o orgulho, sim, tanto orgulho. Confesso que fui sempre orgulhosa e encontrava em muitas personagens uma pessoa como eu, sentia-me acompanhada.
Charlotte Brontë e a sua maravilhosa “Abadia de Northanger”, “Villette”, para não repetir o lugar comum que “Jane Eyre” é um romance único! É...E a irmã dela,a grande Emily e o seu tortuoso “Monte dos Vendavais”, que me chegou a meter medo, antes de começr a sofrer depois por causa do sofrimento das personagens...
George Eliot e “O Moinho à beira do Rio”, que hoje releio: as desventuras da pequena Maggie e da família Tullinger. Eliot uma mulher fantástica, culta, conhecedora profunda das ciências e da Matemática, que escolheu um nome de homem para assinar os seus romances porque sabia que à mulher não era ainda possível (permitido?) ser considerada um escritor...
Lembro de facto a surpresa do editor de Charlotte Brontë quando, depois de ter considerado o seu “Jane Eyre” como digno de publicação (ela assina com um nome de género ambíguo -que podia ser o de um homem...), vê entrar no escritório, e chegar-se à frente da secretária dele, aquela mulher pequena e frágil, que diz ser a autora do livro!
Tackeray (William Makepeace) e “Feira das Vaidades” que “descobri” tardiamente, por nunca ter encontrado nesses anos anteriores uma tradução e não estava tão à vontade no inglês como hoje...
Aconteceu que, há poucos anos, me ofereceram uma edição linda, encadernada em couro azul escuro, com letras douradas e lá dentro os desenhos do próprio autor. Lá estava a Beckie, a Amélie... Como ele as "via".
Li-o devagar, como uma relíquia, poupando as páginas para o fazer “render” mais tempo, tão grande era o prazer que me dava...
Lia, só de manhã, ainda deitada (nessa altura dava aulas à noite...), uns capítulos e guardava a continuação para o dia seguinte, numa forma de suspense renovada, que, aliás, o autor procura suscitar ao leitor, no final de cada um...
O que iria fazer Beckie, a interesseira, a egoísta? Beckie, órfã de mãe, educada (? seria educação?) por um pai pintor falhado, inconsciente e bêbado que a leva para a taberna com os amigos.
Beckie que -como ela dizia- “não tivera uma a mãe para tratar de a casar bem”, ou casar “tout court” e que teve de tratar disso sozinha, e lutar pela própria sobrevivência, todos os dias...
Passando por cima de tudo e de todos...
Beckie que não é a heroína, porque o autor diz logo no começo que aquele é um romance “sem herói”... Mas que é, sem dúvida alguma, o “pivot” da história toda...

4 comentários:

  1. Jane Eyre. Inesquecível, sempre bom para revisitar. Eu acho que esta Inglaterra, que agora de certa forma partilhamos, é bom terreno para escrita. Talvez o mistério das cores, do frio, dos ambientes.
    Beijinhos para os dois!

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  2. Belo post, este!
    Fez-me recordar autores que tenho vindo a esquecer com o passar dos tempos. Das obras das Brontë, não lhes pego há anos. Li-as na adolescência. Dickens e Thackery, idem. Depois, também existe o receio de as releituras realizadas com os olhos de outras fases da vida, às vezes, nos desiludirem... Mas fiquei com vontade de as reler! :)))
    Abraço.

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  3. Thanks! Diz coisas do teu menino Jesus...Bjs

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  4. Vá relê-las, querida Austeriana! Vai ver que a empolgam outra vez: os nossos olhos são sempre os mesmos, depressa voltamos a ver com os olhos da adolescência, basta que nos "puxem" para o sítio certo!
    Beijinho

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