Por que não há-de o mundo ser maravilhoso como na canção?
Nunca mais acabávamos de encontrar razões, não é? Vamos esquecer tudo isso um pouco e ouvir a voz maravilhosa (essa, sim, maravilhosa, sempre!) de Louis Amstrong, ver o seu sorriso bom, tentando esqucer que a vida nem sempre lhe sorriu, o lugar ao sol foi difícil de chegar... -para ele, o sunny side of the street chegou tarde- e que conheceu melhor o dark side...
A segunda fotografia mostra-o talvez perplexo, talvez triste, é uma fotografia humaníssima.
Louis era um homem bom que nunca soube tomar conta de si próprio nem do dinheiro que ganhava, porque o gastava logo: dava-o aos que via ao seu lado mais necessitados. Numa tournée pela Europa, em 1933, ficou sem nada do que ganhou, deixou-se roubar por um gangster de meia tigela que o deixou em Londres sem dinheiro nem poassaporte, e teve que arranjar um "manager" (quando voltou aos Estados Unidos), Joe Glaser, para "o" organizar...
E explicou-lhe: "Eu só quero algum dinheiro por semana, o resto és tu que tratas e guardas o resto que sobrar."
E sobrava muito. E Louis continuou a dar dinhiro a quem precisava, Amstrong nunca se preocupou em saber o que ganhava, mas também nunca mais ficou sem dinheiro.
Contam que "dava envelopes cheios de dinheiro a toda a gente que lhe contasse uma história triste... Até oferecia as trompetes às vezes. Foi Glaser que acabou com isso tudo..."
Outros tempos? Viviam-se tempos duros, todos os músicos de jazz dessa época tiveram vidas difíceis, histórias de infâncias abandonadas ao deus dará.
Mas, a generosidade, e a solidariedade existiam, diremos nós...
A solidariedade é sempre possível e depende só de nós que a incluamos no nosso dia a dia ou não...
E que a ensinemos a quem a desconhece, num mundo que escolhe a concorrência desenfreada, o pontapé nos sentimentos nossos e dos outros.
Estas histórias vêm todas contadas num livro que não me canso de indicar: "Wishing on the Moon" (2002), que, na 1ª edição se chamou "Wishing on the Moon: A Vida e o Tempo de Billie Holiday", Da Capo Press Edition, 1994.
Uma boa biografia de Billie Holiday, escrita por Donald Clarke.
E lembro-me dela porque Louis Amstrong foi um dos ídolos da grande Billie Holiday.
Contava ela numa entrevista, em 1956:
"Penso que copiei o meu estilo de Louis Amstrong. Gostava da voz forte de Bessie Smith, mas eu não tinha uma voz assim. Mas quando era ainda muito nova ouvi uma gravação de Louis que se chamava West End Blues. Não dizia nenhuma palavra e eu pensei "mas isto é maravilhoso!, e gostei do feeling que ele tinha e eu sentia ao ouvi-lo."
Diz Clarke: "De facto foi em Amstrong que ela encontrou a verdadeira inspiração".
Eu adoro Louis Amstrong! Hoje vamos ouvi-lo!
Olá
ResponderEliminarMuito obrigado pelo Louis.
Desde que ardeu o edifício do Hot Clube,tenho andado mais voltado para o jazz.Veio trazer recordações,algumas já estavam no subconsciente,daquelas que vale a pena ir buscar.
Os dois pedaços oferecidos são excelentes,Amstrong deixou muitas e boas marcas.
Cordial abraço,
mário
Post sciptum-O Falcão de Jade,desde há muito,faz parte da minha lista de favoritos.
Também já sigo a Trepadeira... Tem flores e fotos lindas.
ResponderEliminarFico contente,até porque espero ver um dia a tal flor do sabugueiro,
O falcão