Conheço o Corto Maltese há tantos anos! Li as suas aventuras em Roma, “aconselhada” pelos meus filhos. Lembro-me que eram uns livrinhos pequenos, de capa mole, que um dos ainda conserva...
Nasce em Veneza onde passa a infância e passeia por todos os seus sestieri, pátios, praças, pontes, "porteghi" e “sottoporteghi”...
Como ele próprio diz, na “Introdução” à edição francesa (Fable de Venise, Casterman, 1981), de Una Favola di Venezia, a aventura começa cedo.
E continua: “É ali que ouço pela primeira vez os nomes de Simão o Mágico, Origenes, Arius, Tertuliano, Hypasia e Agostinho. Foi neste mundo que enfeitiçante que me falaram da Clavícula de Salomão e da Esmeralda de Satan que, segundo a tradição, se teria soltado da cabeça do anjo do Mal para se tornar no símbolo da Ciência maldita entre os homens...”
Depois dessas tardes, a avó levava-o outra vez para casa, mas antes paravam sempre para ela jogar um número no loto, segundo a kabbala veneziana.
Evoca as tias, jovens irmãs da mãe: Ida, Duma e Eglantine Foà, cujos retratos desenha no livro.
Ou o esboço do rosto da maravilhosa Louise Brookszowyc, heroína da Favola di Venezia, personagem complexa, que vive numa casa velha, debruçada sobre os tectos de Veneza. Mais tarde, Pratt acompanha os pais à Etiópia (que era nessa altura colónia italiana)onde, cedo, se habitua aos costumes e aprende as línguas, entre as quais swahili e o abissínio. Durante a Revolução na Etiópia, em 1941, é preso e enviado para Itália.
A aventura continua. Durante a ocupação alemã foi capturado pelos SS e esteve em Veneza numa prisão. Consegue evadir-se, e junta-se aos aliados, entretendo-se a organizar espectáculos para os soldados.
Em 1967, conhece Florenzo Ivaldi, e ambos decidem lançar uma nova revista mensal, “Sgt. Kirk”, onde aparecem os primeiros esboços de Una Ballata del Mare Salato (A Balada do Mar Salgado), com um personagem, Corto Maltese, ainda num papel secundário.
Só a partir da segunda metade dos anos 70 -e anos 80-, é que Hugo Pratt desenvolve as aventuras de Corto Maltese.
E as fascinantes figuras femininas: a loira e sofisticada "Pandora", a "Bocca Dorata"- a mágica esotérica brasileira, mais a sua jovem discípula "Morgana",
ou a perversa "Veneciana" e, ainda, a aristocrática russa "Marina Seminova" que atravessa as estepes siberianas num comboio blindado, durante a Revolução Russa.
Depois desta apresentação do herói e do seu autor, quero contar-vos uma história engraçada ligada à minha experiência de professora. Fazia parte do programa de Francês a leitura de uma obra em banda desenhada. Não resisti ao desejo de lhes mostrar Corto Maltese!
Escolhi Fable de Venise e foi garnde o entusiasmo. Leram, projectámos algumas imagens.
Mostrei-lhes também A Balada do Mar Salgado que, depois, emprestei a quem se mostrou interessado (numa tradução portuguesa, agora).
Penso que foi a particular beleza dos desenhos, a poesia das figuras, o encanto do mar e de Veneza que os entusiasmou...
Para mim era reviver um prazer...
Algumas obras sobre Hugo Pratt (Do outro lado de Corto -Hugo Pratt- Conversa com Dominique Pettifaux, editions Casterman)
E chega de conversa, o principal são as belas imagens que aqui ficam desta figura mítica e do seu criador!
(*) sabem por que se chama "fumetti"? Porque a banda desenhada tem uma espécie de umas nuvenzinhas onde estão as "falas" das personagens que se assemelham a pequenos rolos de fumo, então de fumo passa ao diminutivo fumetti.É pois um texto dentro de uns "fumozinhos" que saem da boca das personagens...
Olá! Eu já tinha ouvido falar em Corto Maltese, mas nunca li. Parece um personagem fascinante =)
ResponderEliminarÉ mesmo!É urgente que o compres! E para o little F.ler, vai adorar!
ResponderEliminarEsses dois livros de que falo são fantásticos de imaginação e abertura. O filme não vi (nunca é a mesma coisa, mas li que são fidelíssimos ao texto!
Até já deve haver em DVD...
Obg por teres "comentado"!
Olá, MJ Falcão! :)))
ResponderEliminarConfesso que não sou grande leitora de BD. As imagens perturbam-me a possibilidade de imaginar através das palavras. Contudo, C. Maltese é uma das excepções. Por influência familiar, acabei por começar a lê-lo e rendi-me. Gosto muito! Uma personagem absolutamente fascinante e este post proporciona uma síntese interessante da obra e do autor.
Parabéns!
Fico muito contente...
ResponderEliminarMJ Falcão,
ResponderEliminarHá um «certificado» para este blogue, no «Bicho-carpinteiro».:)))
Vou já ver...
ResponderEliminarhello!! graças a prof. tive a oportunidade de ler Corto.. kiss marty
ResponderEliminarThanks, Marty! Para provares que foi verdade!
ResponderEliminarGostava que pussesem, informação sobre as personagens principais do corto maltese.É mesmo muito URGENTE. Agradecia a vossa colaboração, obrigada com muitos cumprimentos dum grupode á.p. que está aflitissimo.
ResponderEliminarÉ para AMANHA, PORFAVOR, POR VOLTA Do meio-dia :) muito obrigada se conseguirem cumprir o PrAZO.:S, GRUPO De a.p. desesperados
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