Foi um pintor e escultor inglês da época Victoriana, muito popular no seu tempo, associado com o movimento Simbolista.
Watts tornou-se famoso no seu tempo pelas suas obras alegóricas, tais como os conhecidos quadros- hoje na Tate Gallery- Hope e Love and Life.
Na Bíblia (Hebreus, 6,19) diz-se que "a esperança é a âncora da vida, segura, dentro de um véu."
Aqui, a Esperança é uma figura sentada em cima de um globo terrestre, de olhos vendados, tocando uma lira cujas cordas se partiram. Menos uma, que a jovem toca.
O autor pretendia chegar aos temas universais através de um símbolo.
Sobre este quadro, os críticos acharam que esta tentativa de fazer com que a música parecesse fútil, seria mais apropriada para o tema do"Desespero".
Oquadro,"Hope", ilustra bem o poder que as suas pinturas deveriam ter, para obrigar as pessoas a pensar.
Assim, a figura vendada, com a sua lira quebrada encosta o ouvido para poder ouvir a música que ainda pode ouvir, com o que resta do seu instrumento musical quase sem cordas.
A jovem mulher não pode ver brilhar as estrelas que estão acima da esfera celeste onde se senta; uma a uma as doces notas de música foram-lhe arrancadas, mas ela continua sentada, inclinada mas não vencida nem quebrada, arrancando, com os finos dedos, a melodia possível da última corda que resta das tantas harmonias possíveis, cheias de beleza que antes ouvira.
É verdade que também não pode ver as outras estrelas, ou o mundo da escuridão e da tristeza, abaixo dela.
Talvez não se possa falar da ideia convencional que "mesmo quando tudo parece perdido há sempre qualquer coisa", mas antes ver a sugestão de que há uma esperança mais ampla, maior paz e luz talvez acima do turbilhão e tristeza da terra...
Quando certos críticos lhe dizem que no fundo para esta pintura estaria melhor com o título de "Desespero", rebela-se e argumenta dizendo que para ele esperança não é expectativa de coisa nenhuma e que a música pode ser a companhia.
Estas pinturas pretendiam fazer parte de um simbólico ciclo épico, chamado a Casa da Vida, "House of Life", no qual as emoções e as aspirações da vida seria representadas numa linguagem simbólica universal.
Watts nasceu no dia de anos de George Frederic Handel ( daí o seu nome), filho de um pobre construtor de pianos e da sua segunda mulher.
De saúde delicada e órfão de mãe ainda muito jovem, foi ensinado em casa pelo pai, de modo conservador, dentro de um espírito cristão e no conhecimento dos clássicos como a Iliada ou a Odisseia. Cedo mostrou habilidade artística e estudou escultura com desde os 10 anos com William Behnes, começando a estudar com empenho os Elgin Marbles.
Mais tarde dirá:
"Com eles e só com eles aprendi... "
E muito haveria a aprender com a harmonia, sentido da proporção, delicadeza dos restos dos mármores da Acropolis.
Se repararmos bem, há na figura da esperança qualquer coisa das esculturas gregas, no drapeado do vestido, na doçura dos ombros, na posição da cabeça. Muitos desses mármores de Elgin têm esse abandono e essa forma.
Claro que isto é a minha visão...
Talvez porque amo muito a escultura grega (não esqueço nunca a Vitória (a Niki) de Samotrácia, uma das formas de beleza mais completas e de "leveza" da pedra dura.
"It was from them alone that I learned" .
"The Elgin Marbles", conhecidos por "Mármores do Parthenon", são uma colecção de esculturas clássicas, em mármore, da Grécia antiga, ou inscrições e corpos arquitecturais que originalmente fizeram parte do Parthenon e de outros edifícios da Acropolis de Atenas e que, em parte, se enconcontram hoje no British Museum, em Londres.
Também tive a sorte de os ter visto.
Muitas dessas fotografias que tirei ficaram no tal telemóvel "afogado". Irrecuperáveis, é claro...
Mas, como diz Watts, chegaram-me ao coração, puxaram-me pela imaginação, fizeram-me pensar. Saí de lá mais rica com certeza...
George Frederic Watts matriculou-se na Royal Academy com 18 anos. Iniciou então a sua carreira de retratista e de pintor.
Mais tarde, entrou na competição para desenhar os murais das Houses of Parliament de Westminster em 1843.
Bom fim de semana.
Com Hope, de Watts...
Bela descrição, bonito quadro.
ResponderEliminarPara nós os que aprenderam e se viciaram nas leis da física (Arquimedes, Quântica, etc.) é difícil compreender a utilidade prática das chamadas obras alegóricas. Uma coisa é ou não é. A expressão de uma ideia usando para o efeito um valor simbólico que não lhe corresponde, sugere um embaralhar de valores axiomáticos que levam inevitavelmente o nosso cérebro à ruína.
Um taoista teria uma visão mais «matemática» do nosso Hope. Pensaria: a mocinha está completamente desesperada mas a situação vai evoluir independentemente dos seus desejos e temores. O arquétipo ali representado é chamado de «exaustão» e corresponde ao valor simbólico de um lago que perdeu toda a sua água por teu um furo no fundo. A água terá agora de dar uma grande volta para voltar a encher o lago.
Lao Tsé e regra geral todos os confucionistas, tem na actualidade um extraordinário valor frente à evolução (lentíssima!) do velho continente regido por Aristóteles.
MFonseca
concordo.
EliminarCada pessoa é um mundo,com a sua particular maneira de emocionar-se,dum quadro ou do que seja.Mas querer pôr "desespero" onde está "esperança",é realmente ir às antípodas ...
ResponderEliminarA esperança é o antídoto do mêdo,da angustia,da solidâo, de tudo o que significa dôr.
"Quando se corta uma árvore,
fica a esperança de que renasça.
Ainda que já esteja velha a raiz
e o tronco a apodrecer no châo,
ao sentir a frescura da agua,reverdecerá;
deitará ramos como uma planta tenra."
Job 14,7-9
Muito bem, Maria. A partida de um comboio de uma estação é a sequência temporal de uma chegada. A foto desse comboio estacionado nessa estação é o SIMBOLO da vida - do mesmo modo que uma identica foto nos mostre a mesma máquina à velocidade de 120 km horários.
ResponderEliminarMFonseca