domingo, 11 de julho de 2010

Francis Scott Fitzgerald, esse romântico... E "Tales of The Jazz Age"...




Hoje lembro o grande novelista americano, Francis Scott Fitzgerald, o romântico incorrigível, o “perdedor” de tudo o que teve na vida?

Por onde começar a contar?

Breve biografia:

Nasce em 24 de Setembro de 1896, em St. Paul, no Minnesota. Morre em 21 de Dezembro de 1940, com 44 anos.

Estuda na Universidade de Princeton mas não acaba os estudos. Em 1917 deixa Princeton para ingressar no Exército.

Começa a escrever nos tempos livros.

Publica o seu primeiro romance, “This Side of Paradise” (1920), que o torna instantaneamente famoso.

Nesse mesmo ano, casa com Zelda Sayre, uma jovem "beleza" sulista, nascida em Monterrey, no Alabama (nasce em 24 de Julho de 1900 e morre em 10 de Março de 1948).

Começa uma vida de luxo, de despesas, de festas infindáveis, de bebidas.

Em 1922, publica "The Beautiful and Damned” e, em 1925, "The Great Gatsby” que fala da romântica e destrutiva paixão do herói por Daisy Buchanan.

Fácil de associar a história à relação tumultuosa com Zelda.

Seguem-se dois volumes de novelas curtas, publicadas em revistas então na moda (mais tarde reunidas com o título “Flappers and Philosophers” (1920) e “Tales of The Jazz Age” (1922) que incluem o estranho, fantasioso e fantástico conto -com algo da atmosfera de “Paradise Lost” de Milton?- que se chama “The Diamond as Big as the Ritz”.

E, também, entre outros, o conto intitulado "O Estranho Caso de Benjamin Button" -de que recentemente (1) foi tirado um filme-, ou "May Day", ou "The Bowl", etc.

Para mim, são todos extraordinários!

"Babylon Revisited", "The Lost Decade", inesquecíveis...

Em 1926, sai outro livro de contos, “All The Sad Young Men”.

O que fez Fitzgerald do sucesso?

Boa pergunta...

A vida gasta-se e ele dispersa-a na fúria de viver, desenfreadamente?

Fúria de viver e riqueza, aparências, o luxo que deslumbram Zelda...

Hollywood e a ostentação, a aparente “facilidade” da vida, as muitas solicitações, compras, de “party” para "party" até ao amanhecer, champagne, viagens, Paris, o mundo...

A inconsciência total dos dois.

O dinheiro que ganhara, depressa se escoa entre as mãos, como pó de diamante...

Hollywood, a fama precoce, o deslumbramento com essa nova vida que descobre, a embriaguez do sucesso tem algo de destrutivo nas suas vidas.

Tudo ajuda na sua queda.

Mas, sobretudo, Zelda.

Scott Fitzgerald, no final dos Contos do Jazz Age, confessa: “ Por vezes não sei se eu e Zelda somos reais ou se não seremos afinal personagens de uma novela minha...”

Os amigos que aparecem e desaparecem conforme o dinheiro entra ou sai.

Tudo se passa nos anos 20, na loucura desses "Anos do Jazz”...

Por volta de 1935, Zelda sofre de crises nervosas violentas, a vida dos dois torna-se num inferno do qual Scott sofre os efeitos.

Internada num hospital psiquiátrico, Zelda escreve um romance.

capa do livro de Zelda, “Save me the Waltz” (1932)

Dois anos mais tarde, em 1934, Scott escreverá “Tender is the Night” (que conta a história de um psiquiatra e da sua mulher esquizofrénica) que é, no fundo, o espelho do desastre da vida deles, tal como "The Waltz" (vistos, claro, de ângulos diversos)...

O mal de viver?

Com certeza.

À riqueza e sucesso, sucede o reverso da medalha, a vida pende para o outro lado da balança, de repente: a falta de dinheiro, a infelicidade, o desequilíbrio afectivo...

Bebe. Para continuar a sentir a euforia, e ter a mesma intensidade de antes?

Ou o mal necessário para continuar a viver, a escrever a todo o custo, mesmo perdendo a vida?

O narcótico para continuar a suportar a vida com Zelda?

Zelda e a sua loucura? Os manicómios e as curas que não levam a nada?

A queda continua.

Holywood e os “scripts” esgotam-no...

Tem medo.

Bebe cada vez mais. Deixa de escrever.

O conto “A década perdida” deveria chamar-se antes “A vida perdida”?

Não consegue recompor-se. Bebe para escrever, para esquecer que não consegue escrever? Para reencontrar o equilíbrio que perdera ao alcoolizar-se.

Círculo vicioso e infernal.

Vive com a angústia, sem a certeza de “conseguir tudo outra vez”? De ser capaz, ainda?

Cai cada vez mais fundo.O vazio instala-se à sua volta, trazendo o desespero.

O abandono dos outros, trouxera a solidão -que a pobreza tantas vezes arrasta consigo.

Sim. Há a tendência a "largar o barco quando ele se afunda..."

Ou quando o dinheiro acaba... Não é assim que fazem os ratos?

Ampara-o a secretária e única amiga, que o tenta proteger e o acompanha até ao fim da vida.

Zelda acaba num hospício onde morre, queimada, num fogo, com 48 anos.

Scott Fitzgerald morre alcoolizado aos 40 e poucos anos.

Morre pelo "mal de viver" de que fala Barbara?

Oh! Sim. É bem possível... A dificuldade de viver pode matar...

« Le mal de vivre/qu’il faut bien vivre?

Il faut le mettre en bandoulière/

ou comme une fleur à la main…"

Francis Scott Fitzgerald morre com um ataque de coração: completamente destruído pelo álcool, pelas emoções, com pouco mais de 40 anos. Deixa um último romance inacabado, "The Last Tycoon" (1941) e alguns ensaios autobiográficos: “The Crack-Up”.

Alguns títulos:

Os romances

Terna é a Noite”

"Belos e Malditos"

"O Grande Gatsby

“Deste lado do Paraíso

Os contos

Capa da edição brasileira dos "Contos"

"Contos do Jazz Age"

etc, etc, etc.


A cantora francesa, Barbara, cantou, divinamente,“Le mal de Vivre”, anos mais tarde.

A seguir, vou procurar essa canção e deixá-la para a ouvirem...


Sem comentários:

Enviar um comentário