quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A voz crua e desiludida de Florbela Espanca





Perdi os meus fantásticos castelos


Perdi os meus fantásticos castelos

Como névoa distante que se esfuma...

Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:

Quebrei as minhas lanças uma a uma!


Perdi minhas galeras entre os gelos

Que se afundaram sobre um mar de bruma...

- Tantos escolhos! Quem podia vê-los? -

Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!


Perdi a minha taça, o meu anel,

A minha cota de aço, o meu corcel,

Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...


Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...

Sobre o meu coração pesam montanhas...

Olho assombrada as minhas mãos vazias...


Florbela Espanca, in “A Mensageira das Violetas”





4 comentários:

  1. Lindo.
    Gosto muito da Florbela Espanca.
    Um beijinho

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  2. Falcão Lunar.
    A minha poetisa preferida.
    Sei alguns dos sonetos dela, de cor.
    Durante algum tempo, foi livro de cabeceira, quando a Ana era pequenina e todos os dias líamos um. Ela também gosta. Das poucas coisas que temos em comum, eheheheh.

    Beijo.

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  3. Eu também gosto MUITO de Florbela. Julgo que foi uma Mulher fora do seu tempo, fora de todos os Tempos, talvez. Revisito a sua obra frequentemente.

    Beijinhos

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