Júlio Resende, pássaro azul
Retrato de Michelet por Thomas Couture
Folheando o grande historiador Jules Michelet ("Le Peuple", primeira edição, 1848, Meline, Cans et Compagnie, Bruxelles), ficou-me a vontade de voltar um dia, para o ler com mais atenção.
Tempos heróicos em que se acreditava (com ingenuidade e
boa-fé) que o homem tinha na mão o mundo e o podia melhorar.
Oh! como eu gostava de “ainda” acreditar naquilo em que Michelet acreditou!
“Luz, mais luz, ainda!” foi a última frase de Goethe, que
Michelet cita, a dada altura.
O que era essa "luz" para Goethe não vou aprofundar...
Para mim, luz é como conhecimento.
E não resisto a copiar o que Michelet diz, em seguida, onde se "sente" a crença sincera desse homem na humanidade e no desejo de saber ( a "luz" desejada), por vezes à custa de tantos sacrifícios dolorosos.
Certa gente, das classes mais baixas, lutam para a ter. Mas as condições de vida e de trabalho são penosas e -quantas vezes!- acedem a essa “luz”, com a maior dificuldade, sempre numa insatisfação, por não lhe poderem dedicar a atenção e o tempo de que não dispõem, nessa luta pela vida.
E não resisto a copiar o que Michelet diz, em seguida, onde se "sente" a crença sincera desse homem na humanidade e no desejo de saber ( a "luz" desejada), por vezes à custa de tantos sacrifícios dolorosos.
Certa gente, das classes mais baixas, lutam para a ter. Mas as condições de vida e de trabalho são penosas e -quantas vezes!- acedem a essa “luz”, com a maior dificuldade, sempre numa insatisfação, por não lhe poderem dedicar a atenção e o tempo de que não dispõem, nessa luta pela vida.
Escreve o historiador:
“Luz é o grito geral da Natureza e soa no mundo inteiro, de
mundo em mundo” (pág. 60, o.c.)
"Esse grito vem dos mais humildes, os seres menos avançados na
vida animal, os moluscos gritam-no no fundo do mar, não querem viver onde a
luz não chega. A flor vira-se para ela, sem ela morre. Os nossos companheiros
de trabalho, os animais, alegram-se, como nós, conforme ela vai ou vem”.
E acrescenta, adiante, um “belo” momento de poesia
pura!
encontrado no Facebook (única indicação "spraguespipit")
"Pássaros", pintura de Gedo Ilka
Castelo de Vacoeil onde Michelet passou algum tempo
o pássaro azul de uma lenda russa
Eu fiquei encantado só de o ver: os nossos tristes pássaros de gaiola nunca me tinham dado a ideia dessa inteligente e forte criatura, tão pequenina e tão apaixonada... Eu vibrava com o seu canto...
o milheirinho, (blog "Trepadeira")
Ele deitava a cabeça para trás, com o peito bem redondo; nunca cantor algum teve tão ingénuo êxtase. Não era, porém, o amor que o movia (o tempo passara já), era sim o encanto do dia que o deslumbrava, o encanto do dia e a doçura do sol”.
"não era amor" (aqui dois pintarroxos a namorar, no blog "Trepadeira")
Van Gogh, Salgueiros ao pôr do sol, Outono em Arles(1888)
Não é necessário acrescentar mais nada. A luz, o conhecimento abre os espíritos e conduz ao entendimento da beleza. Que faz crescer as plantas. Que faz viver todos os seres. Que move os seres humanos (e os animais) para a procura de um absoluto que pode ser a natureza, a criação.
Aldo Zari, pássaros dourados(?), sem título
E a poesia!
Azulejo português
E nós que vivemos num país cheio de luz!
ResponderEliminarA "luz" do Sol é a vida e a beleza. A "luz" do conhecimento é o que nos permite apreender e desfrutar a beleza.
Adorei o post. As pinturas são todas muito lindas e as fotos dos passarinhos também.
Acho tão triste que muitos não tenham o calor da luz, da beleza, do conhecimento...
Um beijinho grande
Querida Isabel, obrigada! há luz, há sol, mas há tanta gente que nem a "pode" ver, apesar de estar aí à vista!
ResponderEliminarUm beijo
Maria João,
ResponderEliminarHá muitos que também não a querem ver. Será receio?
Para atingir a luz é preciso procurá-la e nem sempre nos deixam ter essa possibilidade.
Procuro-a todos os dias mas às vezes não a enxergo como quereria.
Há uma forte corrente que tenta apagar a chama, minando-nos com mandos injustos.
Não vou dizer mais nada porque hoje o sol aqueceu muito pouco e não quero trazer sombra a uma postagem com uma luminosidade bela e pertinente.
Beijinhos. :)
Eu sei que é difícil e, por mais que teime, nem sempre a vejo também...beijinhos
EliminarLa mia ignoranza del portoghese mi obbliga spesso a chiedere aiuto al traduttore automatico, purtroppo, ma anche così leggerti è un piacere
ResponderEliminarGrazie, Dede!
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