segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Duas exposições em Paris que "referem" Van Gogh...


Van Gogh, "Pinheiros ao pôr do sol" (1889, foto copiada da página de Le Monde)

Van Gogh, amendoeiras em flor (1890)

Uma das "100 vistas de Edo", de Ando Hiroshige

Duas exposições em Paris: "Van Gogh, sonho de Japão”, no edifício 2 da Pinacoteca de Paris e “Hiroshige,  a arte da viagem”, no edifício ao lado, exposição consagrada às estampas do grande pintor japonês Utagawa (Ando) Hiroshige, nascido em 1797 e que morreu em 1858.

Vi a notícia em Le Monde, de 5 de Janeiro, no caderno “Culture e Styles” do jornal. O título era atraente: "Van Gogh: impressões do país do Sol Levante".

http://www.pinacotheque.com/fr/accueil/boutiques-editions/les-editions/van-gogh-reves-de-japon.html

http://www.pinacotheque.com/?id=804

Duas imagens para ilustrar a aproximação - ou “atracção do pintor holandês pelo japonesismo”.

página de Le Monde

Uma delas é (do lado direito da página, em cima) uma estampa, a partir de uma gravura colorida, de Hiroshige, intitulada “Praia dos Maiko na província de Harima (1853) e à esuqreda o óleo de Van Gogh “Pinheiros ao pôr do sol”, pintado um ano antes de morrer.

Esse encontro entre Van Gogh e a arte japonesa existiu de facto  e em muitas suas pinturas descobrimos o seu deslumbramento. O próprio Paul Gauguin não resistiu ao fascínio...
pintura de Paul Gauguin

Em carta ao irmão, Théo, disse um dia Vincent Van Gogh: 

Hiroshige, canavial e pato selvagem

"Se estudarmos a pintura japonesa vemos um homem incontestavelmente sábio e filósofo e inteligente que passa o seu tempo a fazer o quê? (...) a estudar um fiozinho de erva. Mas esse pedacinho de erva leva-o a desenhar todas as plantas, depois as estações, os grandes aspectos de uma paisagem, finalmente os animais, e depois a figura humana. Passa assim a vida, que é demasiado curta, a fazer tudo...” (citada no artigo assinado por Harry Bellet).

Esse “japonesismo” (ou "japonismo") existia nos meios culturais, em Paris. 

Em 1867, data em que o irmão do Shogun  do Japão (do Shogunato da família Togukawa que dura até 1868) veio a Paris, a convite do Imperador Napoleão III, para assistir à participação do seu país  na Exposição Universal. 


o Shogun Hatsekura Tsunenaga, 1615, em Roma

O nobre japonês veio com as malas carregadas de milhares de objectos e obras das quais muitas foram depois vendidas, em Paris,  depois do fecho da Exposição. 
máscara japonesa hoje no Museu Guimet

Gravura de outro grande pintor do Japão, Hocusai (1817)

O amor pelas "coisas do Japão" vai influenciar os Impressionistas. Pensemos logo em Claude Monet e nas suas pontes do jardim de Giverny, mas também Edouard Manet e Degas. 

"Verão", de Manet, tem alguma coisa das cores e das linhas de Hocusai? Eu acho que sim... Ou o canto direito do "Café Concert" de Degas não lembras certas estampas japonesas?


Degas, pormenor de Café Concert"

Van Gogh anda de Paris para Arles e Auvers, nessa altura, e tem contacto com essa "moda", ou melhor, o "gosto". 


Monet, ponte japonesa, em Giverny

à esquerda, Hiroshige e à direita Van Gogh

Em 1887 copiou mesmo – livremente, como sempre o fazia!- os quadros que intitulou: “Ameixieiras em flor” (Plum garden in Kameido, de Hiroshige) e “Ponte debaixo de chuva” (The Great Bridge, sudden Shower, in Atake, como lhe chamou Hiroshige).


Hiroshige à esquerda e Van Gogh à direita

Terá com certeza muito interesse a exposição, que não vou ver!

Imagens maravilhosas das "100 famosas vistas de Edo" (Edo era o antigo nome de Tóquio), de Ando Hiroshige:

http://www.hiroshige.org.uk/hiroshige/100_views_edo/100_views_edo.htm

6 comentários:

  1. Pinturas tão lindas!.Para mim a mais linda é "As amendoeiras em flor" do Van Gogh.
    Devem ser exposições maravilhosas. Sorte de quem as pode ver.

    Bem, fico-me por esta exposição, como sempre, tão interessante!
    Um beijinho grande
    (afinal estava cá!...)

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    1. Sei que gostas do Van Gogh. Também gostaria de ver a exposição, mas... não é possível.
      beijos

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  2. Bom dia! Fiquei para mim com Pinheiros ao pôr do Sol que não conhecia e adorei. A pintura japonesa é fantástica, mas eu prefiro um cópia "descarada" de Van Gogh ou Monet que as pinceladas originais, com todo a admiração que me merecem, é evidente.
    Quando se copia para melhorar o original não é pecado, é humano e natural que todos copiemos a todos, sempre que seja para bem...
    Que tenhas um dia magnífico, que o sol te inunde a casa e o coração!

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    1. Ainda bem que levaste os pinheiros! lembranças da terra, não é? Tens razão, o Van Gogh é sempre grande, mesmo em cópia! E um prazer vê-lo.
      Um bom dia de sol por aí também! E o coração cheio dele!

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  3. Maria João, estou encantada com estas imagens e as respectivas explicações.

    Quem me dera ter o privilégio de ver estas exposições...

    Um beijinho.:))

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  4. Maria joão,
    O que dizer? Nada pois é tudo maravilhoso. Sou apaixonada pelo Japão e pela arte oriental.
    Obrigada!:)

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