domingo, 4 de julho de 2010

"Por favor, não matem a cotovia!", da escritora Harper Lee...



Tradução: Fernando Ferreira-Alves
Editora Difel
Colecção: Literatura Estrangeira
Ano de Edição: 2004
Ano da reedição: 2010
(2010, no ano da comemoração do 50º aniversário da 1ª edição do livro)

Uma boa notícia para os que amam a leitura e os bons livros: foi reeditado pela Difel o livro de Harper Lee, "Por favor, não matem a cotovia!"

É um dos livros mais belos que se escreveram sobre a adolescência. Aproximo-o sempre da "Harpa de Ervas", de Truman Capote (que também está esgotado há muito e seria outra boa ideia, para a Difel, ou outra editora que aceite o desafio!).

Por favor, não matem a cotovia é uma obra inesquecível, pela beleza dos sentimentos, pelas evocações fortes das figuras, pelas descrições vivas. As personagens são maravilhosas, para o bem e também para o mal...

Este livro (To Kill a Mockingbird) sai em 1960. Ganhou o Prémio Pulitzer de ficção, em 1961, e foi votado, em 1999, como o "Melhor Romance do Século", pelo Library Journal. Reedição da obra, 50 anos depois da publicação de "To Kill a Mockingbird"

Sobre ela direi poucas coisas, prefiro que a procurem e a leiam já!
Mas aqui vai esse pouco...

(Baseio-me no que, em 10 de Maio de 2009, eu própria escrevi neste blog)

A escritora Nelle Harper Lee nasceu em Monroeville, cidade do Alabama, em 28 de Abril de 1926.
Em criança foi uma "maria-rapaz", uma rebelde e uma precoce leitora.

A figura da personagem Jean Louise, heroína do livro (chamada "Scout" em casa), é autobiográfica.
Aparece também o escritor Truman Capote, seu grande amigo de infância e condiscípulo, na figura do jovem Dill.

A escritora Harper Lee, em 1962, com o realizador Alan J. Pakula


Truman Capote e Harper Lee, dois escritores que foram amigos, e que escreveram dois livros inesquecíveis sobre a passagem da infância para a adolescência.

Os mais belos livros de Capote são, sem dúvida, o primeiro, Other Voices, Other Rooms, (1948) -Outras Terras, Outras Gentes na edição, linda, hoje esgotada, da Colecção Miniatura- e o poético romance, The Grass Harp (1951), A Harpa de Ervas.

Muito ligados, sempre, ao longo da vida por essa amizade, Harper Lee vai ser, aliás, uma das personagens principais dos filmes "Capote" e "Infame", saídos recentemente, sobre a vida de Truman Capote.

No livro, a figura do pai de Scout, Atticus Finch, é inesquecível, pela coragem, honestidade, bondade, sentido da justiça, ao aceitar, como advogado, a defesa de uma causa que ele sabe antecipadamente perdida: um negro que é acusado de violar uma branca.
Porque a história desenrola-se no mundo sulista da América, nos anos tremendos da depressão. Pobreza, ignorância, preconceitos raciais...(*)
Esses acontecimentos dramáticos são vistos pelos olhos da pequena Scout e do irmão mais velho, Jem.

Capa do DVD, do filme do mesmo nome, realizado por Robert Mulligan, em 1962


Racismo, claro, diferenças sociais, e a grande pobreza de muitas famílias rurais nos anos da "depressão" leva à existência de conflitos irresolúveis. Toda esta realidade aparece bem retratada.
Atinge-nos, choca-nos, pela força da escritora que, ao mesmo tempo, vê tudo com um certo humor e muita ternura..

Conclusão: têm de ler a história de "Por favor, não matem a cotovia" ( To Kill a Mockingbird : podem clickar aqui para saber mais)!

Começado no Verão de 1959 e publicado em 1960, o livro torna-se, desde o primeiro momento, um best-seller.
Em 1962, sai o filme de Robert Mulligan, com Gregory Peck no principal papel: o de Atticus Finch.
O filme ganhará um Oscar nesse ano.


Resta-me dizer: Comprem já o livro e levem-no para férias, ou leiam-no na praia aos domingos, ou em casa, onde quiserem...
Mas leiam! Por favor...

Vale realmente a pena porque saímos desta leitura mais "ricos", mais "humanos" e nós e os nossos semelhantes precisamos disso...

NOTA: A obra que a Difel acaba de reeditar "Por favor, não matem a cotovia", de Harper Lee, foi considerada pelos principais livreiros norte-americanos como O Melhor Romance do Século XX.

A reedição deste romance surge no âmbito das comemorações do 50.º aniversário da primeira edição, em 1960.

Parabéns, pois, à Difel!

Sugerindo agora a reedição da "Harpa de Ervas"!...

(*) Dizem os críticos: "In the twentieth century, To Kill a Mockingbird is probably the most widely read book dealing with race in America, and its protagonist, Atticus Finch, the most enduring fictional image of racial heroism."

E agora, last but not least, quero saudar alguns blogs que me "alertaram" para esta reedição, por exemplo o blog "viajar pela leitura" que dá sempre a indicação dos novos livros que vão saindo...

2 comentários:

  1. Vi o filme há imenso tempo. Talvez por tê-lo visto não me tenha interessado pela leitura do livro - coisa que acontece muita vez e que nos impede de apreciar uma obra literária, frequentemente superior ao filme.

    Mas vou seguir o conselho e levar o livro para férias. Agrada-me sobretudo porque, como já não me lembro de muitos pormenores do filme, será uma leitura sem grande contaminação pela imagem cinematográfica.
    Muito obrigada.

    Abraço

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  2. Vi o filme tinha uns 18 anos (adorei).
    Li o livro há 2 anos (o melhor que li até hoje).
    Revi o filme o ano passado (e descobri como uma adaptação pode ser excelente sem conter todas as cenas que nos marcaram no livro).
    Estou neste momento a reler o livro (e está a ser novamente um prazer).
    Da ternura da infância à ingenuidade com o mundo corrompido dos adultos é visto pelos olhos de uma, ou duas, ou três, crianças, Não Matem a Cotovia é um dos livros que mais me emociona: o episódio à noite à porta da prisão, o respeito prestado a Atticus aquando da saída deste do tribunal, ou a cena final, quando Scout aprende, finalmente, por experiência própria, um dos ensinamentos de Atticus ("(...)nunca poderás compreender as pessoas se não estiveres disposta a encarar as coisas do ponto de vista delas...") são marcantes.
    Muito bom.

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