terça-feira, 2 de novembro de 2010

I HAVE A DREAM! HOJE: É PRECISO SALVAR O SOLDADO BARACK OBAMA!




No seu famoso discurso "Eu tenho um sonho" em Março de 1963, frente ao Memorial Lincoln em Washington, durante a chamada "marcha sobre Washington, pelo emprego e pela liberdade" (25 de Março de 1965), disse:

"Cem anos atrás, um grande americano, debaixo de cuja simbólica sombra estamos hoje, assinou a Proclamação de Emancipação.


Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.

Membros do Ku Klux Klan desfilando em 1928

imagem de uma linchagem de dois negros, pelo Ku Klux Klan (imagem associada à canção de Billie Holiday "Strange Fruit")


Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.

Cem anos depois, o Negro vive numa ilha só de pobreza a meio de um vasto oceano de prosperidade material.

Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e muitos se sentem exilados na sua própria terra.

Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar a sua vergonhosa condição.
(...)
A nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, e que entendem que o destino deles está amarrado ao nosso destino.

Eles vieram perceber que a liberdade deles está indissoluvelmente ligada à nossa liberdade.

Nós não podemos caminhar sós.

juramento de Barack Obama, depois da sua eleição

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes dos donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que as minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver numa nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo do seu carácter.


Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, (...) meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje! "

Em 1964, Luther King foi Prémio Nobel da Paz, prémio que lhe foi outorgado em reconhecimento à sua liderança na resistência não-violenta e pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos.

Muitos anos mais tarde, um outro negro vence a pomba da paz, Obama...

Depois, em 4 de Abril de 1968, Luther King foi assassinado.

Mas HOJE nós podemos dizer que o sonho de Luther King se realizou, em grande parte.

HOJE -custe isso a quem custar- “os meninos negros e meninas negras do Alabama podem unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos...”

os novos inquilinos da Casa Branca...

Hoje, o Presidente dos Estados Unidos da América é um negro! Baracka Obama vive na Casa Branca onde era impensável ainda aqui há poucos anos ver um Presidente que não fosse de raça “caucasiana”...


E acredito que houve muito boa gente que "engoliu um sapo" que lhe ficou atravessado na garganta: uma família negra, a viver na Casa Branca???

E. inclusivamente mais do que isso: o presidente é o resultado de uma união entre a que foi uma menina branca e um menino negro...

Podemos dizer que então está tudo resolvido?

Não, não podemos porque o racismo persiste, porque na América grassa, a coberto de demagogias várias e de baixos populismos, um racismo rastejante.

Vê-se na propaganda anti-Obama dos últimos meses, na criação do movimento-intitulado “partido dos americanos” (entenda-se, brancos!)- o Tea Party.

o Tea Party, uma espécie de louva-a-Deus, tecendo as suas malhas...

Propaganda onde tudo serve desde os argumentos mais desgostantes à vergonhosa subida ao palco da apoiante Sarah Palin, (possível futura candidata do Partido Republicano, em 2012) brandindo como um trunfo o filho mongolóide. O problema não é a doença do filho mas o aproveitamento reles desse drama familiar.

Chantagem afectiva, elogio da estupidez, simplismo, tudo tem valido. Basta ouvir as afirmações da candidata Christine O'Donnell do Tea Party, uma série de imbecilidades e lugares-comuns primários e não-verdadeiros...

De facto, uma das acusações que fazem a Obama é “ser intelectual”, ter frequentado Harvard e Princeton, universidades conceituadas. E pensar!

Ignoro se Barack Obama conseguirá fazer frente ao desencadear de forças consideráveis mobilizadas pela coligação republicana. Raramente se viu tanta violência verbal sob o plano conservador, populista e até religioso.”

Quem fala assim é Jean Daniel, grande jornalista, na editorial do 'Le Nouvel Observateur' saído de 6ª feira passada.
E continua, lucidamente:

É uma América que conhecemos bem no passado recente e da qual pensáramos –erradamente- que tinha perdido a sua força com a chegada à Casa Branca de um “intelectual muçulmano”. É assim, de facto, que um humorisrta de um canal de televisão muito popular decidiu designar Barack Obama.

Quando o escritor Amos Oz afirmou, após a sua eleição, que o prodígio não tinha sido eleger um Negro mas sim um intelectual, fazia-lhe um elogio.
Hoje isto pretende ser uma injúria.
O intelectual, para os republicanos de Sarah Palin e do Tea Party, é aquele cujo espírito foi corrompido pela frequentação das grandes universidades como Harvard e Princeton.

Tudo vai depender do modo como os partidários de Obama em muitos Estados maioritariamente democratas vão reagrupar-se em redor do seu candidato. (...)
Pelo meu lado, teimo em continuar a pensar que a sua presença na Casa Branca foi um acontecimento apaixonantemente histórico.”

Claro que concordo em absoluto com Jean Daniel.
Espero do fundo do coração que as coisas corram pelo lado favorável a Obama...
Os dados estão lançados...

Espero que os meus leitores em Mountain View, Cabbott sejam coerentes...

Basta com o elogio da ignorância e do básico, do populismo barato e da demagogia dos que tiram partido da impreparação política de alguns, das suas fobias, dos seus medos para os enganar!
Sim, porque neste caso, Obama é acusado pelos seus detractores de ser "socialista", "muçulmano", "intelectual"...

Mas sobretudo o que não lhe perdoam aqueles "iluminados" é ser Negro...
Só me resta desejar que os eleitores americanos pensem como eu: salvemos o soldado Obama!

Billie Holiday canta "Strange Fruit"

2 comentários:

  1. Temos que manter a esperança de que os sonhos não morram assassinados com os que se atreveram a sonhá-los,e que essa semente que perdura acabe por germinar, como no caso de Luther King.Beijinhos

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  2. A verdade é que o sonho de Luther King se realizou! E, tens razão, as sementes germinam sempre!
    Obrigada e bjs

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