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Hassnaâ era a minha cozinheira, em Marrocos.
Uma jovem mulher que tinha um discurso moderno e tinha pena de não ter estudado mais.
Vestia mini-saias e usava botas altas nos dias de saída, sonhava com a independência da mulher e queria escolher a sua própria vida.
- Por que não, saïdati?
Punha a tocar uma velha cassete que ouvíamos no aparelho, a pilhas, que já vinha dos meus tempos em S. Tomé e que eu lhe dera.
- É uma música antiga, dos velhos tempos. Da Oum Kalthoum.
Eu comecei a ouvi-la, distraída. Era uma voz forte. Impressionava. Na faixa impressa que envolvia a cassete a imagem de uma mulher alta e forte, de turbante e óculos escuros.
Senti de repente o fascínio daquela música, daquela voz.
A Hassnaâ que eu conheci era tudo isso: o encanto do espectáculo, o amor pelas telenovelas egípcias, o gosto da agitação constante.
- Saïdati, já conhecias a Oum Kalthoum?
- Não, Hassnaâ...
- E gostas?
Cantava enquanto ouvia a música, e ia dançando.
- Gosto...
Riu-se, contente. Como sempre, queria convencer-me a gostar de tudo o que ela amava.
- Ouve, saïdati...”
Hoje, de olhos fixos no écran, hoje, aguardando o discurso de Mubarak, pensava na Hassnaâ...
- E gostas?
Cantava enquanto ouvia a música, e ia dançando.
- Gosto...
Riu-se, contente. Como sempre, queria convencer-me a gostar de tudo o que ela amava.
- Ouve, saïdati...”
Hoje, de olhos fixos no écran, hoje, aguardando o discurso de Mubarak, pensava na Hassnaâ...
Eu também estou hoje muito tocada com o que está a passar no Egipto. Tive que desabafar no meu blog...Aliviou-me um pouco.Oxalá as coisas acabem de uma maneira satisfatória!
ResponderEliminarBeijinhos