O Egipto "libertou-se"?! E agora? Cravos para uma revolução...

O Egipto das pirâmides...

Paul Eluard: "Je suis né pour te connaître, pour te nommer, Liberté!"

imagens hoje no Cairo (in Le Monde)

Os perigos que rodeiam a liberdade e que terão de ser evitados...

Robert Solé, jornalista do Le Monde, e de origem egípcia explica, numa entrevista :

Quem são os "Irmãos Muçulmanos"?

“Os Irmãos muçulmanos são uma organização religiosa que nasceu no Egipto em 1928, sendo o seu fundador Hassan El-Banna.

A finalidade desta organização era instaurar um poder religioso no Egipto, baseado nos ditames do Corão.

Em 1948 mandam asssinar o primeiro ministro Nokrachi.

Foi uma organização muito combatida por Nasser, que acusava a "irmandade" de ter querido assassiná-lo em 1954. Os “Frères musulmans” sofreram grande repressão.

Deram origem a touda uma série de grupas no Egipto e no estrangeiro. Alguns violentos, cometendo actos terroristas. Um movimento como o Hamas, em Gaza, é uma emanação dos “Frères musulmans”.

Hoje, a organizão é ilegal no Egipto, mas tolerada. Conseguira fazer à faire eleger -sob uma etiqueta independente- um quinto dos deputados egípcios, em 2005 ; mas nas eleições de Dezembro 2010, considerando – com razão– que o escrutínio era falsificado, os Frères musulmans retiraram-se da competição.

Nestes últimos dias receberam um começo de reconhecimento já que foram associados às negociações que o poder egípcio foi obrigado a fazer sob a pressão dos opositores.
(...)
"A direcção da confraria opõe-se à violência e não comete atentados. No entanto, os Irmãos muçulmanos contam com diversas tendências que vão daqueles que querem instaurar uma república islâmica aos que se declaram democratas.”
(...)
“Não penso que os "Frères musulmans" apresentem uma solução alternativa credível. “
(...)
“A divisa completa do grupo é a seguinte: “Deus é o nosso fim, o profeta é o nosso chefe, o Corão a nossa Constituição, a djihad (guerra santa) é a nossa via, e o martírio a nossa maior esperança.

Tal como é aqui enunciada, esta "divisa" não me parece compatível com a democracia, especialmente num país que conta milhões de cidadãos cristãos.”

Tudo está em jogo ainda no Egipto! Façamos votos para que surja mais uma democracia no Médio Oriente!

Que não seja a revolução falhada no Irão, que hoje mesmo (azar!) faz 32 anos...

Ontem, no "Festival de Cinema de Berlim", havia uma cadeira vazia no júri do Festival simboliza a ausência do realizador iraniano Jafar Panahi, condenado em Teerão a seis anos de prisão, em Dezembro passado, e proibido de produzir filmes e viajar para o estrangeiro durante 20 anos.

"Ainda esperamos que possa vir", disse Isabella Rosselini, actriz conhecida e presidente do júri este ano.

"Ainda não desistimos, acrescentou. Ele é uma presença muito importante mesmo que não esteja aqui."
"O convite que fizemos ao cineasta (cujo filme "Fora do Jogo" venceu o Urso de Prata de Berlim, em 2006), foi querer assumir uma posição muito forte a favor da liberdade de expressão e da liberdade dos artistas", disse ainda Isabella Rosselini.

Podem ler aqui em francês a entrevista de Robert Solé na íntegra:

http://www.lemonde.fr/proche-orient/chat/2011/02/07/egypte-faut-il-craindre-les-freres-musulmans_1476194_3218.html

Mais artigos com interesse, no blog "sobre om risco":

http://sobreorisco.blogspot.com/2011/02/confronto.html

http://sobreorisco.blogspot.com/2011/02/situcao-no-egptio-os-tres-poderes.html

" (...) Et par le pouvoir d'un mot

Je recommence ma vie

Je suis né pour te connaître

Pour te nommer
Liberté."

Paul Eluard in Poésies et vérités 1942Ed. de Minuit, 1942