uma bela fotografia "sunset" no Alentejo, de Jose Pires (stego)
Cristovam Pavia (à direita), Sebastião da Gama (à esquerda) e José Régio (ao centro)
"Fim do dia", poesia de Cristovam Pavia
Fim de tarde
Ó Poesia que vens beijar-me
Com a lua aparecida no céu pálido
E as minhas mãos tombadas...
Uma aragem fria, um cheiro a terra húmida,
Uma antiga tristeza cheia de mistério...
Exactamente a mesma!
Começa o Inverno
E é agora, com a mudança de hora e os candeeiros de petróleo acendidos
Logo depois do lanche.
E a pesagem da azeitona
E as mãos encarnadas e dormentes,
No anoitecer cinzento,
Que me sinto mais perto da infância
E é esta grande indefinível tristeza,
É o desejo de voltar àquelas horas passadas,
Em lusco-fuscos estranhos, quando eu ainda fazia versos...
E ia depois do lanche, de sobretudo e mãos geladas, ver a pesagem da azeitona,
E quando os homens, e as mulheres de saias atadas parecendo calças,
Partiam...
Deixando no escurecer, cada vez mais longe,
Canções que nem sei porque me enchiam de tristeza.
in “35 Poemas”, 1959
(in “Líricas Portuguesas”, 4ª série, Selecção, Prefácio e notas de António Ramos Rosa, Portugália Editora, col. Antologias Universais, 1969, página 92)
Cristovam Pavia nasceu em Castelo de Vide em 7 de Outubro de 1933- e morreu em Lisboa em 13 de Outubro de 1968
vista de Castelo de Vide
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