Dois grandes do Jazz e "Kind of Blue": Miles Davis & John Coltrane
O grande Miles Davis outra vez! Agora com John Coltrane e o álbum "Kind of Blue".
Miles Dewey Davis Jrnasceu em Alton, no dia 26 de Maiode1926 e morreu em Santa Monica, a 28 de Setembro de1991.
Já aqui contei que foi a minha filha que me ensinou a gostar de jazz, estava eu então a viver em São Tomé.
Lindas paisagens, uma casa linda com um jardim mágico, boa gente, sítio tranquilo, por vezes até de mais. Tudo acontecia “levi-levi”, “móli-móli”, como dizia a Nina, a Milly, a Dáy ou mesmo o Senhor Semedo.
a minha casa de São Tomé e o seu jardim
Ninguém tinha pressa para nada e isso era uma maravilha que talvez não tenha sabido aprender e guardar para os tempos futuros...
Uma ilha com muito de bom e com muitas dificuldades à mistura.
Eu e o meu cão e um amiguito, em São João dos Angolares
Não havia electricidade durante a maior parte do dia, quando o calor era intenso, os aparelhos de ar condicionado não funcionavam e, pouco a pouco, uma película de suor começava a sentir-se na testa, nas costas.
As razões eram muitas...
Era o barco que trazia o gasóleo de Angola que se atrasava, ou era porque na Central se gastara o combustível, antes do tempo previsto...
Enfim, tudo podia acontecer...
E a Milly vinha dizer, resignada:
“Dôtôra, a energia foiembora e a água secou...”
Quando a água acabava no reservatório, porque o motor deixava de trabalhar, aí era o drama total! Nem tomar um chuveiro fresco, de vez em quando, nas horas quentes do dia, era possível...
E começavam os cortes de electricidade: entrava em cena o chamado “plano do corte”!
O tal “corte” variava de zona para zona, conforme os dias, conforme o “mood” de quem lá estava, conforme os amigos: corta aqui e não corta ali; hoje há no bairro deste e não há no bairro daquele...
Era uma “luta” infernal, por vezes inglória: uma angústia se por acaso tinha a comida ao lume, ou visitas em casa para o jantar, etc.
Era uma corrida à "EMAE" ( a central eléctrica) para tentar “arrancar” luz para aquele lado da cidade capital, mudar o “plano do corte”, desviar a luz para o nosso bairro, ou mesmo só para a nossa rua.... Para evitar sofrimentos inúteis, já que não podia ouvir tranquilamente os CDs na aparelhagem própria (que, aliás, se avariou pouco tempo depois com os tais cortes súbitos...), comprámos um aparelho portátil com pilhas para ouvir cassettes...
E pude ouvir a minha música, com o meu cão Zac sentado ao lado, no sofá, lendo à luz dos candeeiros de petróleo, quando não íamos dar uma volta pela Ilha...
Um dia chegou Miles Davis...
Sabia que ele participara do Festival de Jazz de Cascais, em 1971, e pouco mais...
Foi assim - em cassette- que descobri Miles Davis!
E comecei a ouvir ea gostar de Miles Davis. No meu blog já falei dele algumas vezes.
Uma vez, num comentário a um post meu sobre o jazzista, disse o meu amigo Mr. Butterfly:
“É uma escolha que cada admirador tem quando se reúne figuras jurássicas como Baker, Miles, Coltrane entre outros no tempo que fizeram do jazz a expressão máxima que é hoje. Cada expoente ao seu grau e esfera de contribuição a musica. Se me pedisse que escolher um confesso que negaria essa escolha pelo fato de compreender os valores que cada um tem. Durante toda sua carreira profissional, duradoura de 50 anos, Miles Davis tocou seu trompete em um lírico introspectivo e estilo melódico muitas vezes empregando um silenciar de fazer o seu som mais pessoal e intimista.”
Há pouco tempo, citando o baterista dos Rolling Stones, diz a dada altura Érico Cordeiro no seu belo livro sobre Jazz (“Confesso que ouvi”):
O ratinho também anda a espreitar o livro... Tanto lhe falei de jazz e tantas músicas tem Ouvido, é natural este seu interesse!
“Em minha banda o maior baterista do mundo sou eu!” (Charlie Watts)
E continua:
“O mesmo pode ser dito de Miles Davis. Ali naquele exíguo espaço dos palcos e estúdios, preenchido pelos cinco ou seis caras da sua banda, ele é o maior trompetista do mundo.
E olha que nas incontáveis formações de seus combos, pontuaram gigantes como John Coltrane, Bill Evans, Ron Carter, Red Garland, Paul Chambers, Horace Silver, Wayne Shorter, entre muitos outros. Mas Miles é o líder e esses génios sempre tiveram que se curvar à sua personalidade magnética.
Ao posicionar a embocadura do trompete, colocar surdina e começar a soprar, Miles Davis deixa de ser músico e se transforma em mito. Miles era aquilo que os americanos costumam chamar de “larger than life”, um homem maior que a vida, mas encerrado no personagem que ele próprio criou – o príncipe das trevas – e do qual jamais soube se libertar."
Refere ainda a citação do crítico de Jazz,Kenneth Tynan, que fala dos 4 cavaleiros do Apocalipse do Jazz: Charles Parker, Duke Ellington, Dizzy Ggillespie “e Miles, o parceiro mais jovem.”
Voltarei mais vezes ao livro do meu colega bloguista, Érico, porque tem (quase) tudo sobre jazz! E é um livro que se lê com pprazer, bem escrito, vivo, cheio de humor.
Adorei ahistória (verdadeira) que conta de Miles e Coltrane.
Resumo brevemente: um dia Miles deu um murro a Coltrane. Não suportava “vê-lo afundado nas drogas, desperdiçando o seu enorme talento e os parcos recursos nessa descida aos infernos”. Esse soco na cabeça (e Coltrane tinha mais do dobro do seu tamanho) abalou a amizade e Coltrane foi tocar com Monk. Mas a verdade é que abandonou as drogas, e anos mais tarde voltou à banda e gravaram juntos o belo álbum “Kind of blue”.
Este álbum, gravado em estúdio, foi lançado em 17 de Agosto de 1959 pela Columbia Records.
“Considerado um dos mais influentes músicos doséculo XX, Davis esteve na vanguarda de quase todos os desenvolvimentos do jazz desde aSegunda Guerra Mundialaté a década de1990. Ele participou de várias gravações dobebope das primeiras gravações docool jazz. Foi parte do desenvolvimento dojazz modal, etambém dojazz fusionque originou-se do trabalho dele com outros músicos no final dadécada de 1960e no começo da década de1970."
Viu como não nos enganamos, você é especial, tudo isso, todas as histórias estão gravadas no seu olhar. Agora o ratinho lendo o livro do Èrico,"que é maravilhoso", acho que ganhará toda a cena.
Tens uma vida interessante, és uma pessoa afortunada! Para mim o máximo são esses 15 anos em Roma... Depois África, a estância em Moscovo, etc. e tal. Beijinhos da Maria ( alguma vez isto do Google se arranjarä?!
Prezada MJ Falcão, Passar por aqui é sempre uma experiência valiosa - você é uma maravilhosa contadora de histórias, nos transporta no tempo e no espaço! E vivas à sua filha, que a trouxe de forma tão carinhosa para esse mundo maravilhoso que é o jazz! É uma honra ser lembrado por você - e que bom é poder fazer amigos pela rede. Um fraterno abraço a você e às meninas da Cozinha dos Vurdóns, que tornaram esse encontro possível (e também ao ratinho, meu leitor mais que especial).
Parafraseando a Carlota, as viagens maravilhosas que fazemos aqui! Pela mão da sua filha descobriu o jazz e agora parece que é a sua vez: obrigada pelo que já me deu a conhecer! :)
Viu como não nos enganamos, você é especial, tudo isso, todas as histórias estão gravadas no seu olhar.
ResponderEliminarAgora o ratinho lendo o livro do Èrico,"que é maravilhoso", acho que ganhará toda a cena.
bjs - 5
As viagens maravilhosas que fazemos neste blogue.
ResponderEliminarExcelente!!!
Um abraço deste Alentejo do sol, do calor, das paixões, do amor...
É tudo interessante.
ResponderEliminarAs fotos de S.Tomé são bonitas.
Mas o ratinho é realmente o melhor.
Um beijinho
Isabel
Tens uma vida interessante, és uma pessoa afortunada! Para mim o máximo são esses 15 anos em Roma...
ResponderEliminarDepois África, a estância em Moscovo, etc. e tal.
Beijinhos da Maria ( alguma vez isto do Google se arranjarä?!
Prezada MJ Falcão,
ResponderEliminarPassar por aqui é sempre uma experiência valiosa - você é uma maravilhosa contadora de histórias, nos transporta no tempo e no espaço!
E vivas à sua filha, que a trouxe de forma tão carinhosa para esse mundo maravilhoso que é o jazz!
É uma honra ser lembrado por você - e que bom é poder fazer amigos pela rede.
Um fraterno abraço a você e às meninas da Cozinha dos Vurdóns, que tornaram esse encontro possível (e também ao ratinho, meu leitor mais que especial).
Parafraseando a Carlota, as viagens maravilhosas que fazemos aqui!
ResponderEliminarPela mão da sua filha descobriu o jazz e agora parece que é a sua vez: obrigada pelo que já me deu a conhecer! :)
beijo