segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Barbara canta o mal de viver ( "Le mal de vivre")






























































Barbara canta: Le mal de vivre





3.http://www.youtube.com/watch?v=6Llpdzx4dSU

Barbara e outras canções










BARBARA morreu em Novembro de 1997, nascera em 9 de Junho de 1930, segunda de quatro filhos. O pai era alsaciano, a mãe viera de Odessa, na Ucrânia, e, como tantas famílias de judeus, durante a 2ª Guerra Mundial, fugiram de terra em terra, de hotel em hotel, com as malas na mão. Depois da guerra, a família estabeleceu-se numa pensão em Vesinet.
Foi aqui que uma professora de canto, percebendo o seu talento musical, começou a dar-lhe lições. Mais tarde, em 1947, com esta ajuda, pôde entrar para a Escola Superior de Música, onde estudou música clássica. Ia ganhando para viver cantando num coro de raparigas no Théâtre Mogador em Paris, na revista “Vilettes Impériales”. Foi também nesta altura que conheceu as estrelas da canção francesa, Piaf, Trenet.
Inspirada neles, decidiu cantar. Em 1949, foi ouvida com Pierre Prévert que era o director do cabaret "Fontaine des Quatre Saisons", na rue de Grenelle. Infelizmente o negócio andava mal e Prévert contratou-a para lavar os vidros... Aceitou porque lhe permitia à noite, detrás do bar, ouvir as grandes estrelas do tempo: Boris Vian e Mouloudji.
Barbara deixou Paris em 1950 e mudou-se para Bruxelas onde viveu até 1952. Aí encontrou um grupo de escritores, pintores e artistas que a convidaram para viver com eles numa casa enorme transformada em ateliers e sala de concertos. O grupo instalou um piano e Barbara apresentou-se em público tocando pela primeira vez. Encorajada pelos amigos, abre um cabaret, "Le Cheval Blanc". Não teve sorte, o dinheiro acabou e teve de voltar a Paris. À chegada foi chamada para cantar no cabaret "L’ Ecluse" oito dias.
Em 1954, Barbara aparece no "Le Moineau", cantando um novo repertório de canções de Léo Ferré e do escritor Pierre Mac Orlan e alguns dos primeiros trabalhos de Georges Brassens.
Em 1957, grava o primeiro single em Bruxelas, com "Mon pote le gitan" e "L’oeillet blanc". Só em 1959 apresentará as suas próprias composições em público, cantando "J’ai troqué" e o clássico "Dis quand reviendras-tu".
Em 1960, Barbara grava um album para a marca Odéon, com uma selecção de canções de Brassens. Esse album é um sucesso : ganha o "Grand Prix du Disque" e também "Le Prix d’interprétation". A partir daí, a sua carreira começa a ter outro estilo: a Philips publica um album novo, "Barbara chante Barbara", em 1963, mas foi só no ano seguinte que a jovem cantora cria realmente um nome, depois de ter actuado como "segunda" num concerto de Georges Brassens, no Bobino, em Dezembro de 1964. Continua a marcha gloriosa.
Em 1965, o album "Barbara chante Barbara" ganha o prestigioso prémio da "Académie Charles Cros" .
É a serie de concertos no Bobino que lhe inspiram a canção "Ma plus belle histoire d’amour" que dedica dedica aos fans.
Em 1967, Barbara embarca num Tour pela Europa, com grande sucesso. Em Janeiro de 1968, Lucien Morisse, director da estação de radio francesa Europe 1, convida-a para um espectáculo no Plympia que será transmitido em directo pela estação. No ano seguinte, volta ao Olympia para um concerto memorável, onde Georges Moustaki se junta a ela no palco para cantar o dueto: "La dame brune".
Em 1970, Barbara tenta um papel numa peça de teatro para auqa escreve a música e representa o papel principal. Não tem sucesso comercial e volta à sua carreira de cantora, gravando um novo album, orquestrado por Jean-Claude Vannier. Ainda nesse ano grava outro album "L’Aigle Noir", que logo foi o “hit desse Verão.
Em 1971, o cantor belga, Jacques Brel, que encontrara Barbara nos anos 50, pede-lhe que entre num filme dele, "Franz". Barbara não só aceita o papel como decide escrever o tema do filme, "Eglantine".

Em 1972 decide retirar-se para o campo, e vai viver na aldeia de Précis (Seine et Marne).
Volta em 1974, embarca num “tour” pela Europa e, logo, uma série de concertos em Israel. Continuará errante até 1978 quando François Reichenbach produz um filme com um seu concert no Olympia, documento que procura de certo modo explicar a atracção magnética que a cantora exerce no público.
Um novo album de Barbara, "Seule", sai em Fevereiro de 1981. Depois de grande sucesso do album, vai dar um espectáculo em Pantin (nos subúrbios de Paris), em 28 de Outubro, um verdadeiro triunfo. Em Dezembro de 1982, o Ministro da Cultura, Jack Lang, dá-lhe o "Grand Prix National de la Chanson Française" para a carreira. E continua o sucesso com outros espectáculos em Paris até no grande Zénith".
Barbara, a quem a imprensa passou a chamar "La Dame en noir" ("A Senhora de negro”) volta ao Théâtre de Châtelet em 1987, onde apresenta a nova canção "Sid’ amour à mort". Tributo da cantora aos que sofrem de SIDA.

Em 1990, Barbara foi considerada uma das mais importantes figuras da canção francesa.
Penso que nunca mais acabaria… Avanço um pouco.
Em 1996, o album "Barbara 96" foi um enorme sucesso comercial e crítico. Mas, sofrendo de problemas respiratórios, e para desilusão dos seus fans, não se realiza nenhum concerto. Convalescente, na sua casa de Précy-sur-Marne, a cantora dedica-se a escrever as suas memórias, que será publicado mais tarde, pela Fayard, com o título: "Il était un piano noir..."

Em 24 de Novembro, Barbara é levada de urgência para o hospital, sofrendo de problemas respiratórios graves. Morre nessa noite.


Barbara

le mal de vivre

Ça ne prévient pas quand ça arrive

Ça vient de loin

Ça c'est promené de rive en rive

La gueule en coin
Et puis un matin, au réveil

C'est presque rien
Mais c'est là, ça vous ensommeille

Au creux des reins

Le mal de vivre

Le mal de vivre

Qu'il faut bien vivre

Vaille que vivre

On peut le mettre en bandoulière

Ou comme un bijou à la main

Comme une fleur en boutonnière

Ou juste à la pointe du sein

C'est pas forcément la misère

C'est pas Valmy, c'est pas Verdun

Mais c'est des larmes aux paupières

Au jour qui meurt, au jour qui vient

Le mal de vivre

Le mal de vivre

Qu'il faut bien vivre

Vaille que vivre
Qu'on soit de Rome ou d'Amérique
Qu'on soit de Londres ou de Pékin

Qu'on soit d'Egypte ou bien d'Afrique

Ou de la porte Saint-Martin
On fait tous la même prière

On fait tous le même chemin

Qu'il est long lorsqu'il faut le faire

Avec son mal au creux des reins

Ils ont beau vouloir nous comprendre

Ceux qui nous viennent les mains nues

Nous ne voulons plus les entendre

On ne peut pas, on n'en peut plus

Et tous seuls dans le silence

D'une nuit qui n'en finit plus

Voilà que soudain on y pense

A ceux qui n'en sont pas revenus
Du mal de vivre

Leur mal de vivre

Qu'ils devaient vivre

Vaille que vivre

Et sans prévenir, ça arrive

Ça vient de loin

Ça c'est promené de rive en rive
Le rire en coin

Et puis un matin, au réveil

C'est presque rien
Mais c'est là, ça vous émerveille

Au creux des reins

La joie de vivre

La joie de vivre

Oh, viens la vivre

Ta joie de vivre

( o "mal de viver" que chega de repente, sem aviso, uma manhã ao acordar, que nos faz ficar tristes, perder a vontade de viver, o mal de viver que entra pelo corpo e nos faz chorar quando o dia nasce ou quando a noite cai. E não nos larga. E temos que viver com ele, trazê-lo connosco, ou a tiracolo...ou como uma jóia na mão... ou como uma flor na botoeira ou pendurado do seio. Não é a miséria nem nehuma tragédia mas são as lágrimas ao canto do olho sempre. Que atinge todos, sejamos de Roma ou da América, de Londres ou Pequim, do Egipto ou de África ou apenas da Porte de Saint-Martin e nada nem ninguém nos consola. Até que, sem saber como, nem porquê, um manhã ao acordar, tudo nos encanta, voltou a alegria de viver... )

1./2./3. fotografias de Barbara

4. a capa da revista Télérama, número especial sobre Barbara, sítio onde está enterrada, com a mãe, no cemitério de Bagneux. O pai com quem teve uma relação dolorosa e difícil, morre, e está enterrado, em Nantes (é a ele que se dirige na canção, belíssima e triste, "Nantes".

5. O livro autobiográfico "Il était un piano noir: mémoires interrompues", publicado depois da sua morte, em 1998, pela Librairie Fayard, tem o mesmo nome da canção que escrevera antes.

6. capa da edição inglesa da autobiografia de Barbara

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