Camille Pissarro, "effet de neige en Eragny"
Raul Dufy, flores e papoilas
NEURASTENIA
Sinto hoje a alma cheia de tristeza!
E ansiosa desejo - ó vã miragem -
Um sino dobra em mim Ave-Marias!
Lá fora, a chuva, brancas mãos esguias,
Faz na vidraça rendas de Veneza...
O vento desgrenhado chora e reza
Por alma dos que estão nas agonias!
E flocos de neve, aves brancas, frias,
Batem as asas pela Natureza...
Chuva...tenho tristeza! Mas porquê?!
Vento...tenho saudades! Mas de quê?!
Ó neve que destino triste o nosso!
Ó chuva! Ó vento! Ó neve! Que tortura!
Gritem ao mundo inteiro esta amargura,
Digam isto que sinto que eu não posso !!...
ESFINGE
Sou filha da charneca erma e selvagem:
Os giestais, por entre os rosmaninhos,
Abrindo os olhos de oiro, pelos caminhos,
Desta minh'alma ardente são a imagem.
E ansiosa desejo - ó vã miragem -
Que tu e eu, em beijos e carinhos,
Eu a Charneca, e tu o Sol, sozinhos,
Fôssemos um pedaço da paisagem!
E à noite, à hora doce da ansiedade,
Ouviria da boca do luar
O De Profundis triste da Saudade...
E, à tua espera, enquanto o mundo dorme,
Ficaria, olhos quietos, a cismar...
Esfinge olhando, na planície enorme...
Não guardo nenhum livro da Florbela Espanca, mas ainda sou capaz de recitar de memória muitos versos dela.Quando era uma jovem romântica identificava-me muitíssimo com a sua poesia,tão intensamente triste e musical.Gostei imenso de ver a foto, não a conhecia fisicamente.
ResponderEliminarDe quem é esse girassol gigante? Beijinhos
Olá gostaria de convidar-te para uma visita ao página a Página, para dares a tua opinião sobre a nova rubrica que tem como convidado o Manuel Cardoso de Os Meus Livros. www.nclivros.wordpress.com
ResponderEliminarOlá, Maria!
ResponderEliminarO girassol é do Van Gogh... Aabei por tirar a legenda que "entrava" sempre dentro dos versos... Mas acho-o lindo!
Olá, Nuno,
Vou com certeza visitar o "página a página"!
Quem ama Florbela deverá ler o melhor ensaio que se escreveu sobre a grande poetisa: está no livro de José Régio, "Ensaios de Interpretação Crítica", em que Régio escreve também e sempre magistralmente sobre Camões, Camilo e Mário de Sá-Carneiro.
ResponderEliminarBravo
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