Penso nos professores, inevitavelmente, pois são eles os que mais indicados estariam para essa transmissão de saberes. E para ajudar a crescer adolescentes que se interrogam, procuram respostas, têm exigências também.
Universidade La Sorbonne, Paris
Penso no modo como “são lançados ao barulho”, para a sua profissão, tantas vezes sem a devida preparação pedagógica – que é fundamental- e abandonados nas escolas sem qualquer apoio seja de quem for...
Pego na palavra de Philippe Claudel –numa entrevista dada ao jornal Le Monde-, escritor e professor de "Comunicação e Media", na Universidade de Nancy, depois de ter sido durante vários anos professor do ensino secundário.
Portanto, “simples” professor de liceu.
“Deveríamos venerar os que transmitem o saber. É a coisa mais importante da história do mundo: não há humanidade sem essa transmissão. Quando uma sociedade não é capaz de reconhecer o papel civilizador da educação, e de compreender que tal função é essencial e que se deve exercer em condições satisfatórias, anda às avessas...”
Refere-se à França –mas podemos “adaptar” tudo ao que se passa entre nós. O problema é igual- idêntico...
E acrescenta:
“É necessário que o país volte a amar os seus professores".
De facto, numa sociedade onde o dinheiro, a aparência, o bling-bling, o poder parecem contar mais do que a sabedoria e a cultura, o professor mal-pago tem um status symbol inferiorizado ao dos grandes patrões ou banqueiros. Ou apenas, empresários.
“Na sala de aula quem sabe é o professor e não o aluno. (...) Não é pelo facto de se navegar pela internet ou ver programas de divulgação nas televisões que os alunos passa a saber tanto como os professores.”
Completamente de acordo. Na sua aula o professor deve ser o que transmite o saber. O que sabe, e deve ser respeitado.
Se o professor é a base do edifício do "conhecimento" dos seus alunos, deve ser valorizado, apreciado. E não acabar, como tantas vezes, a vagabundear de terra em terra, sem trabalho.
Deve fazê-lo, no entanto, quanto ao meu modo de ver e experiência de muitos anos, de modo que, no momento em que ensina, “passe” igualmente uma corrente de afectividade. Sem a relação humana, não se constrói nada...
Chocou-me uma vez ouvir um professor dizer:
“Eu? Não, não vou à festa dos alunos no final do ano! Eles não são os meus amigos, eles são os meus alunos, e eu sou o professor.”
Como se dissesse: “Boulot, boulot...cognac, cognac!”
Não exageremos na “separação”, no afastamento professor/aluno. Que não deve existir. Como não deve existir a sensação de "inimigos", ou de sala de aula/campo de batalha...
Ensinar é –tem de ser- uma relação de “empatia”, cimentada pelas atitudes de respeito de ambas as partes.
De acordo, absolutamente!
"Oh Captain! My Captain" é um belíssimo poema de Walt Whitman,evocado em "The Dead Poet's Society", mas que, na conjuntura actual, se constitui um brutal anacronismo. Inacreditavelmente, o saber deixou de ser valorizado e com ele os professores também.
ResponderEliminarAbraço.
Tu és uma grande vocacional do ensino, não deixes nunca de ensinar-nos, uma vocação é para sempre.
ResponderEliminarA primeira coisa que é urgente recuperar é o respeito, com empatia ou sem ela,sem o reconhecimento da autoridade dum professor as aulas convertem-se num caos.
(A minha intenção era ser professora, mas afinal não era o meu destino).
Viste o filme "Rebelión en las clases" (To sir with love), con o inesquecível Sidney Poitier?
Beijinhos
Sim, austeriana, o belíssimo poema de Whitman, a maravilhosa interpretação de Robin Williams e a série de poemas lidos... Será possível voltar a uma sociedade humana em que o saber seja importante? Que conte sim o "ser" e não o "ter"? Quero acreditar nisso, utopia ou não!
ResponderEliminarClaro, Maria, que o respeito é fundamental!, mas não basta... Palavra de professora!
Não não vi esse filme e fiquei com pena.
Bom fim de semana e feriado para as duas!
O professor que mais me marcou era frio e distante.Dava Literatuaa francesa ,jovem ainda,tinha uma enorme cicatriz na cara e nunca o vi sorrir.Parecia que nos desprezava, quando terminava a classe saía a correr, mas a mim tinha-me hipnotizada a hora inteira. Lembro-me até de estar um pouco enamorada dele. Parecia-me fantástico,(eu só tinha vinte anos). Beijinhos
ResponderEliminarO autor do artigo também refere um velho professor que nunca lhes falou se não duramente e só lhes "tocava" para puxar os cabelos ou dar dois estalos, no entanto foi o que ele recorda como melhor...
ResponderEliminarAcontece tanta coisa estranha na nossa vida, não é?
É.
ResponderEliminarinfelizmente, o Clube dos Poetas Mortos está cada vez mais longe da Escola... Também eu, professora, gosto de olhar a pessoa que mora em cada aluno. No entanto, ultimamente, tenho vivido grandes decepções...
ResponderEliminarBeijinhos querida Amiga Mestra
As decepções NUNCA podem fazer-nos parar!
ResponderEliminarCada ano tudo é diferente: nós, as turmas, os anos, até o "programa" que conseguimos, melhor ou pior, "dribblar"...
Ainda aí vem muito mês. Muitos dias, muitas horas, muitos segundos!
Beijinhos e coragem, amiga colega!