sábado, 23 de outubro de 2010

Recordando o Circo da minha infância... A propósito do Cirque du Soleil que está em Lisboa até amanhã...

imagem de "Saltimbanco", o espectáculo deste ano do "Cirque du Soleil" , em Lisboa



uma imagem do espectáculo "Alegria", em Viena em 2009

O "Cirque du Soleil" está em Lisboa e hoje é o penúltimo espectáculo -intitulado "Saltimbanco".
É a 4ª vez que o Circo vem a Lisboa, com espectáculos que giram à volta de temas diferentes: desta vez é "saltimbanco" que vão representar...

O "Cirque du Soleil" nasceu no Canadá, na cidade de Québec, há mais de vinte anos, criado por Guy Laliberté, conhecido como precursor do movimento do novo circo. Recolhe os mais diversos elementos culturais e funde-os num arco-íris de cor e de movimento.
Nunca quis trabalhar com animais, mas com ele trabalham mais de 30 artistas internacionais, juntando a habilidade à imaginação.


Ao longo do espectáculo a tarefa dos artistas é ilustrar e deixar correr uma história que é contada - em música, palavras, imagens de beleza e movimento .


Amanhã é o último espectáculo. No Pavilhão Atlântico, para quem estiver interessado e ainda for a tempo...

Hoje, voltava de Cascais e, no combóio para S. João, vi o anúncio do "Cirque du Soleil", de que lhes falo acima...

Fiquei a imaginar, perdida nas minhas recordações. Fez-me pensar nos circos da minha infância, que vinham à cidade por alturas da Feira das Cerejas, no Verão, ou na Feira das Cebolas, em pleno Outono. E me enchiam a cabeça de sonho, de imagens, de ilusões...

Outro grande circo, o Circo Knie, de nacionalidade suíça...


"Era tanta coisa o Circo que eu amava... A equilibrista, gorda e pintada, que entrava em cena a correr, agradecendo os aplausos dando um salto e depois, deitada num pano de cetim azul com estrelas prateadas erguia alto nas pernas fortes um barril vermelho que ela fazia rodar cada vez mais depressa e que de repente parava com um movimento rápido dos pés pequeninos.

A contorsionista que transformava o corpo magro num arco, pousava os pés na cabeça e andava de mãos no chão.

Os saltos dos acrobatas, os grito
s, os aplausos, o rufar do tambor a meio do silêncio dos números de maior perigo.
artistas equilibristas do circo Knie

Viktor Vasnetsov, pintor russo, e os seus "Saltimbancos"


Mas era, sobretudo, a menina do trapézio, aquela figurinha branca lá no alto, cheia de lantejoulas, que me fazia ficar de coração apertado.

A brilhar, e a baloiçar-se de um lado para o outro, recortada na tela escura do Circo, e a minha cabeça a segui-la, de olhos bem abertos, entontecida por aquele movimento, angustiada sem saber porquê, mas com uma sensação de liberdade. Como se fosse eu a voar lá em cima e não ela. "

3 comentários:

  1. Que mágico é sempre o mundo do circo!
    Há duas coisas que quase todas quisémos ser de pequenas: loiras de olhos verdes, e trabalhar no trapézio...
    O post ficou espectacular, imagino o que disfrutaste ao montá-lo, depois do pesadêlo de Haiti. Beijinhos

    ResponderEliminar
  2. É verdade... Custa ver certas imagens e pensar e ouvir contar a desgraça que é viver num país abandonado. Muito nos queixamos e muita sorte tivemos...
    O mínimo que podemos fazer é protestar contra a injustiça.
    O circo é o mundo dos sonhos, o trapézio (caí várias vezes dos baloiços...) é a vontade de voar se calhar...
    Olhos verdes acho que também quis, basta lembrar a minha actriz de cinema preferida nesses anos: a Yvonne de Carlo!!!

    ResponderEliminar
  3. O Circo! Sempre me causou uma certa angústia. Porquê? Nem sei. Talvez a pobreza.

    beijinhos com saudades da sua conversa boa

    ResponderEliminar