quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Flores para Barack Obama, esse incompreendido...



Claro que o meu post de ontem “Salvemos o soldado Obama”, era uma espécie de “wishful thinking” ou forma de “scaramanzia” como dizem os italianos, quer dizer uma espécie de “fazer figas” (dizemos nós...) para “não dar demasiado azar"... ou “esconjurar o mal” que vinham anunciando...

Barack perdeu a Câmara, mas -vá lá!- conservou a maioria no Senado. Do mal, o menos, consolei-me.
De manhã, ao acordar e ler as notícias, confesso que estava irritada. Furiosa!

Tudo parecia correr mal!
O reaccionário novo partido Tea Party ganhou dois lugares na Câmara e dois no Senado.

Paciência, são as regras do jogo democrático, pensei.

"Já foi uma sorte a imbecil da O’ Donnell ter ficado de fora...!"

Mas, enfim,vão ser dois anos difíceis para Obama e para os democratas.
Leio num artigo de Martin Wolf (jornalista do Financial Times) que vinha no Le Monde de hoje, intitulado “Obama, o incompreendido”.

Wolf começa por comparar Obama ao médico que salva o doente de um ataque cardíaco. Mas a recuperação é lenta, não é completa, e o doente põe um processo ao médico acusando-o de lhe ter feito mal com o tratamento. Achava que se o médico o tivesse deixado em paz, ele teria vivido melhor...

É terrível, mas foi assim que pensaram alguns americanos...

Explica Wolf:
“É esta a situação em que se encontra hoje o Dr. Obama. Grande parte do povo americano esqueceu a gravidade da crise ( a tal “crise cardíaca que seria fatal...) financeira que o país sofreu no Outono de 2008. Os republicanos conseguiram convencer numerosos eleitores de que foi a intervenção democrata –e não a catástrofe legada por George W. Bush- que conduziu ao mal-estar actual. Formidável golpe de propaganda, sem dúvida, que lhes custou milhões de dólares.”

Continua:

Uma espécie de impasse político desenha-se no horizonte depois destas eleições de ontem: todas as iniciativas novas do Presidente vão ser agora “bloqueadas”. Esperemos que os USA não entrem numa década perdida. Seria uma calamidade para eles...mas também para o resto do mundo...”

António Cano, no El país insiste na mesma tónica:

“(...) complexidade do panorama que se abre a partir de agora, no qual um dos presidentes mais progressistas da América se vai ver obrigado a negociar o seu projecto com o Congresso mais conservador da história do país.”
Não será facil...
Refere as afirmações "sinceras e honestas" de Obama:
Conseguimos realizar coisa que as pessoas nem sabem...”
ou
"Provavelmente há um orgulho perverso na minha Administração –da qual assumo plena responsabilidade- de que íamos fazer o que devia ser feito, mas que poderia ser impopular a curto prazo..."
Segundo mesmo jornalista espanhol, tais afirmações são as de uma pessoa “honesta”, um honesto gestor, mas que se revela ser um mau político.

Sabemos que essa combinação não é simples: honestidade e política. Mas não é impossível.

Let's hope! Ainda não se jogou tudo!!!

>Nada está ainda perdido no que diz respeito às eleições daqui a dois anos.


Yes, we can...


Aconteça o que acontecer, repito as palavras de Jean Daniel:

“A eleição de Obama foi a coisa mais apaixonante que aconteceu nos últimos anos!”

Como me escreveu uma amiga:

Temos que manter a esperança de que os sonhos não morram assassinados como os que se atreveram a sonhá-los. E que essa semente que perdura acabe por germinar, como no caso de Martin Luther King...”

Como dizia Luther King:


Eles (os manifestantes brancos) vieram, por perceber que a liberdade deles está ligada indissoluvelmente à nossa liberdade.
Nós não podemos caminhar sós..
.”

Resta-nos um caminho, uma estrada de combate que teremos de percorrer juntos!
Vamos a isso!


7 comentários:

  1. Vamos esperar que triunfe o sentido comum, o que quer a maioria, porque a união faz a fôrça.O POVO UNIDO.... Hurra!!
    Espero que esta manhã quando te puseste furiosa te tenhas controlado um pouco mais que o Carlitos. Medo me dás! Procurarei não "enfadarte"...Beijinhos

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  2. Oxalá!
    Não, não fiz aquelas cenas...mas tive pena de "interiorizar" tanto e de não me pôr aos berros de "inritada" (como dizia a minha filha...)!
    Beijos

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  3. Pois é, la gente non ha pazienza...non capisce che cambiare certe situazioni è un processo lento, ma che deve esserlo per forza. Se fosse veloce allora saremmo in dittatura o in una democrazia truccata, che è un po' quello che sta accadendo in Italia, dove ci sono accelerazioni improvvise solo per cose che privilegiano certa gente. Non mi dilungo oltre, altrimenti torna fuori la ACID Nela che è in me! Bye&besos.

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  4. Nunca nada volta para trás nem o dia de amanhã será igual ao de hoje. A eleição de Obama é catalizadora de mudanças e os efeitos hão-de aparecer mais cedo ou mais tarde. Para já estiveram aqui 4 pessoas a falar... 4 pessoas sentiram o empurrão. Por isso os retrógrados temem tanto a Cultura. O homem que sabe é um homem perigoso...

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  5. Fico contente por haver tantas pessoas de acordo comigo!
    Esperemos então confiantes o dia de amanhã!

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  6. Gostei muito de a ter conhecido e de estar a descobrir o seu blogue.
    Hoje vou ficar por aqui, mas assim que arranjar mais tempo volto, também para ler o que está para trás.
    Gábi

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  7. Obrigada pelas suas visitas e palavras...
    Também foi uma boa surpresa conhecê-la "de pesssoa"! Já tinha ouvido falar de si...
    Fico contente por ter gostado!
    beijinhos

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