segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Os livros, os escritores e as bibliotecas...

OS LIVROS, ESSES AMIGOS!

capas de livros de Branquinho da Fonseca


“(...) prescindo de muita coisa para os poder comprar. Fora as pessoas, são o meu maior tesouro...", diz a Isabel.
Melhor elogio a um livro, não há!
a revista "presença", capa com desenho de José Régio

Homero, autor de "A Ilíada" e "Odiseia", o "pai" do romance...
o americano Scott Fitzerald
capa da revista "Orpheu"
Edgar Alan Poe, "The Raven"
Florbela Espanca


LIVROS, BLOGS & ETC...


Achei por bem referir o que algumas dos meus amigos bloguistas disseram, a propósito da ideia do governo inglês de fechar mais de 400 bibliotecas!
...O protesto mais ou menos veemente...
Escreveu a Ana, do blog in(Cultura)

"Fiquei abismada com a informação. Estive em Londres e apercebi-me que foi o país que oferecia mais cultura: achei fantástico que os museus não tivessem um bilhete obrigatório, cada um dá o que quiser! Os museus estavam cheios de famílias a gozar o sol de Agosto, por exemplo no V & A Museum, o que achei muito gratificante.
Como é possível fazer uma coisa destas com as bibliotecas? Nem parece dos ingleses. Além de comprar livros também sou leitora da BMC e BGUC donde trago a leitura para casa!"

Pensei que era bom lembrar, nos dias de hoje, a história da grande Biblioteca de Alexandria, chamada "Grande Biblioteca" para a distinguir da pequena biblioteca de Serapis. A biblioteca mais antiga do mundo!

Foi inaugurada por Ptolomeu Sóter II (309-247 a. C.), o Filadelfo, segundo rei (282-247 a. C.).

Fui à procura nalguns "blogs" e "sites":

Na sexta-feira da lua nova do mês de Moharram, no vigésimo ano da Hégira (isso equivale a 22 de dezembro de 640), o general Amr Ibn al-As, o emir dos agareus, conquistava Alexandria, no Egito, colocando a cidade sob o domínio do califa Omar.
Era um dos começos do fim da famosa Biblioteca de Alexandria, construída por Ptolomeu Filadelfo no início do terceiro século a.C. para "reunir os livros de todos os povos da Terra" e destruída mais de mil anos depois".

Isto li no blog “historiacultarte”. Parece que o general Amr distribuiu os livros pelos banhos públicos de Alexandria, para que fossem usados como combustível.

Continua:

"Pelos relatos, foram necessários seis meses para queimar todo aquele material. Apenas os trabalhos de Aristóteles teriam sido poupados."

(http://historiacultarte.blogspot.com/2010/02/polemica-historia-da-biblioteca-de.html )

Um àparte:

Quem não lembrará o período negro da Inquisição? Deixo-vos a indicação deste livro, saído há pouco tempo:
Galileo Galilei, perante o Santo Ofício
"Inquisição é tema que não se esgota. Instituída em 1232 pelo papa Gregório IX ela vigorou até 1859, quando o papado extinguiu definitivamente o Tribunal do Santo Ofício. Portanto, funcionou durante longos seis séculos."
Pedro Berruguete, tribunal do santo Ofício, em Espanha

Os "autos-de-fé" em que se queimavam livros que se consideravam "hereges", escritos por "herejes", com ideias "hereges". Queimando, igualmente, os hereges... Os pensadores, os cientistas, os judeus.
A Inquisição portuguesa foi criada em 1536 e existiu até 1821. O termo Inquisição indicava as instituições dedicadas à supressão da heresia no seio da Igreja Católica. O "auto da fé" era o modo mais simples, rápido, de "resolver" alguns problemas.
Falando da Biblioteca de Alexandria, continua o autor do bloh "historiacultarte", contando agora a ressurreição da mesma Biblioteca nos anos 70, 80, 90, do século passado.
a nova Biblioteca de Alexandria (2002), iluminada, "iluminando"
"A idéia de reerguer a mais formidável biblioteca de todos os tempos surgiu no final dos anos 70 na Universidade de Alexandria.

Em 1988, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, assentou a pedra fundamental, mas foi só em 1995 que as obras realmente começaram.
O sumptuoso edifício de 11 andares, que custou US 212 milhões, boa parte dos quais paga pela Unesco, foi concluído no ano passado.

Só a sala de leitura da biblioteca principal tem 38.000 m2, a maior do mundo. O acervo, que ainda não foi inteiramente reunido, deverá contar com 5 milhões de livros. "
E faço aqui uma pequena interrupção: Será que, no futuro, se defenderá a Biblioteca de Alexandria? Hosni Mubarak teve pelo menos essa "grandeza"...

O que farão os "irmãos muçulmanos" -que hoje dominam a praça- se "herdarem" a ideia fundamentalista (hoje chamar-lhe-íamos assim...) do general Amr de que: "se tudo vem no Corão, para que há-de haver mais livros?"
imagem do filme de Ridley Scott, "Blade Runner"
Não esqueço que o escritor egípcio Naguib Mahfouz foi atacado, esfaqueado, no Cairo, uns anos antes de morrer, por alguns extremistas desses "grupos" que o deixaram incapacitado, sem poder escrever, era já ele uma pessoa de bastante idade...

Façamos votos para que a história "má" se não repita!
Encontrei mais informações interessantes noutro blog:
http://veja.abril.com.br/270202/p_068.html

"Trata-se de uma versão ultramoderna da biblioteca fundada em 295 a.C. pela dinastia dos Ptolomeu e que nos três séculos seguintes ajudou a cidade portuária egípcia a afirmar-se como a mais cintilante capital da Antiguidade... "
Site oficial da Biblioteca: outra imagem da Biblioteca de Alexandria

(
http://www.bibalex.gov.eg/)

Comentam as autoras do blog "cozinha dos vurdóns /homeopatas dos pés descalços":

"Alguns queimam livros, outros os proíbem. Ao menos são atitudes públicas/políticas claras: é arbitrário e covarde, mas claro.
Fechar bibliotecas é queimar livros sem alarde, na surdina. É crime contra a humanidade, contra o direito de conhecer em prol do avaçalador futuro.

André Malraux, escritor (e ministro da Cultura de De Gaulle), e os livros!
Continuam o protesto:
"Emburrecer um povo é mais criminoso ainda.
Nós que temos livros de 1876?

Organizamos dois locais de troca de livros. Um, no salão de beleza, o outro na sala de um senhor que aprendeu a ler tarde e achou que todos os seus vizinhos tinham o direito de aprender.

E os países cultos querendo fechar a educação...

Não temos bibliotecas assim, como em Londres, Milão ou qualquer outro país Europeu. Que bom que as pessoas começaram a dizer não pr'os seus computadores, porque a ideia é customizar. Colocar muitas telas, substituir aquela secretária ou bibliotecária que sabe onde está o seu livro pelo seu tom de voz.

Cada vez que falam em cortar alguma coisa desse jeito, com ares de modernidade e contenção sempre o fazem na cultura.

Para matar, moldar ou distorcer a história de um povo, basta subjugar sua cultura.
Triste dia para a Inglaterra se isso acontecer, feliz movimento esse. Bravos seus filhos que protestam!"

Giordano Bruno, queimado em Roma no Campo de' Fiori, considerado herege
A escritora irlandesa, Edna O'Brien, que foi "perseguida" no seu país porque falou (neste livro) demasiado abertamente da vida das jovens do seu tempo...
Vive hoje em Inglaterra.
Anos antes, o grande James Joyce via ser queimada a edição dos seus "Dubliners" -por "ofensivos" à moral da católica Irlanda...
Também ele viveu exilado, pobre, até que um dia Italo Svevo (outro escritor que é preciso re-descobrir), em Trieste, onde ele tinha ido parar, lhe pede para ter com ele lições de inglês e "descobre" o grande escritor que ele era!
E acrescento um comentário que só hoje vi, emblemático também:
"Os poderosos sempre tiveram medo à cultura.
Em 1936, na Universidade de Salamanca, o general Millán Astray gritou: "¡Viva la muerte, muera la intelectualidad traidora!", ao que Unamuno respondeu sem atemorizar-se: "Este es el templo de la inteligencia, estáis profanando su sagrado recinto. Ganaréis, porque tenéis la fuerza bruta, pero no convenceréis". (escreve a autora do blog "ainda é de dia")
Lembro bem a frase corajosa de Unamuno!

a poetisa inglesa Elisabeth Browning
Charlote Brontë

"Diwan", o grande livro de Poesia mística persa

Paul Verlaine

o jovem Arthur Rimbaud, pintado por Delacroix

Yasunari Kawabata

Marcel Proust

Stendhal e o maravilhoso romance "O Vermelho e o Negro"

Garrett e as suas "Viagens"

Rider Haggard e o seu livro de aventuras que Eça tão bem traduziu

o poeta Charles Baudelaire

Penso que me faltou falar de quase todos os escritores e livros que encheram o meu mundo e o de tantos dos leitores! Fui escolhendo imagens, um pouco desconexas, lista incompleta de escritores...
Mas não pretendia fazer um inventário.
Queria apenas "desabafar" e lembrar tudo o que se tem tentado fazer -e desfazer- ao lonngo dos séculos!
Continuemos a tentar fazer e impedir que voltem as velhas "inquisições", proibições, extremismos, reduções do espírito e do saber...
O livro, o companheiro, aquele de que "não prescindimos para viver"...
Outros Sites:

6 comentários:

  1. MJ Falcão,
    Muito obrigada pela referência. Este post é uma preciosidade.
    É um verdadeiro SOS para que todos se lembrem de que queimar ou não permitir o acesso a livros é o mesmo que apagar a mente humana!
    Beijinhos! :)

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  2. Fez bem seu desabafo ... e assim, dentre tantos livros maravilhosos, estou relendo 'Vita Brevis', de Jostein Gaarder.
    Que bom que não queimaram o CODEX FLORIAE ou melhor dizendo, a carta de Flora Emília para Aurélio Agostinho - Santo Agostinho. Se não leram, leiam.

    É um pequeno livro ... leio pela terceira vez. J´a me esqueci quantas vezes lí 'O Profeta' de Gibran, ou 'Medicos de Alma e de Homens'no qual me apaixonei pela visão de medicina de Lucas.

    Já pensaram se tivessem queimado os manuscritos da 'Arte da Guerra' ou os do Imperador Amarelo, com a arte milenar da cura pela medicina Tradicional Chinesa? pensaram se não pudessemos ter lido "Nesta terra tudo se plantando dá!" Não saberíamos quem descobriu o Brasil.

    Queimem a hipocresia ... retratada em acordos desumanos e podres, os quais renegam as pessoas e os países a pobreza e a miséria.

    Deixo-vos com "A descoberta do Mundo" de Clarice Lispector.No trecho de 28 de agosto - Um instante fugas".

    5 bjs nossa amiga,

    Nós - as mulheres da Maylê

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  3. Os poderosos sempre tiveram medo à cultura.
    Em 1936, na Universidade de Salamanca, o general Millán Astray gritou: "¡Viva la muerte, muera la intelectualidad traidora!", ao que Unamuno respondeu sem atemorizar-se: "Este es el templo de la inteligencia, estáis profanando su sagrado recinto. Ganaréis, porque tenéis la fuerza bruta, pero no convenceréis".
    Em 2009 Amenábar estreou um interessante filme sobre a destrução da biblioteca de Alexandria,e a história de uma mulher única, Hipatia.
    Horrores e sonhos desfeitos, ontem e hoje, e como diz Sttau Monteiro, "FELIZMENTE HÁ LUAR!"
    Beijinhos

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  4. Maravilha de post.
    Acho que posso dizer que fiquei sensibilizada pela referência à frase.
    Um abraço
    Isabel

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  5. Falcão.

    Não temo a morte dos livros, preocupa-me mais os leitores natimortos.

    Livros alimentam a mente e o espírito.
    Bela postagem!

    Um grande abraço atlântico!

    Carlos Kurare

    "Eu adoraria! Poder abrir agora, uma lata de silêncio, e embebedar-me, só com meus mais puros pensamentos!"
    Carlos Kurare

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  6. E sempre bom ler e ler um bom livro!!!

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