quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Claude Monet e os outros...

Monet, Paris,Boulevard des Capucines


A Grande Exposição de Monet e os seus espectadores

Abriu ontem no Grand-Palais, em Paris, uma exposição monumental de Claude Monet (1840-1926).

Até ao dia 24 de Janeiro de 2011, vão estar expostos, ob a maravilhosa cúpula de vidro do Grand Palais, mais de 200 trabalhos de Claude Monet, o grande mestre do Impressionismo.


cúpula em vidro do Grand Palais

Poderão contemplar-se ali as primeiras paisagens pintadas na Normandia e, passando por Paris, ir até às últimas e delicadas pinturas em que procurou captar a beleza da luz, nos reflexos da água, dos lagos e dos jardins da sua casa de Giverny, onde viveu os últimos anos de vida.
Boudin, um dos mestres de Monet :"paisagem da costa normanda"

Jongkind, outro mestre de Monet e o quadro "Igreja"
Tudo se poderá ver (ou quase tudo!) nestra exposição grandiosa.

Monet, Le Havre

Monet, Lírios, pormenor

Confesso que Claude Monet foi desde sempre um dos meus pintores preferidos.

Admirava as formas suaves, os tons rosados ou liláses, os azuis, os roxos, as linhas puras e delicadas, os matizes, os enevoados-esfumados dos seus quadros.

A luz, a cor, ondas de cores. E o azul, sempre.

As paisagens à beira da água, rios, o mar, os lagos. As flores diáfanas, os nenúfares, que pintou, repetiu, tentou representar, em todas as horas do dia, sob todas as luzes e estações.
Monet, nenúfares com nuvens reflectidas, e nenúfares sob um céu limpo...

As mulheres com as sombrinhas verdes, brancas e azuis, envoltas em mousselines, tendo por fundo o azul do céu .
A obsessão da procura, tal como o fez nas vistas do Sena, ou do Tamisa, ou a representação várias vezes repetida da estação Saint-Lazare com os seus comboios a chegar e a partir...

Ou o Parlamento em Londres. A mesma obsessão de repetir, voltar a fazer, a pintar o que "via", a "comunicar" a impressão mutável, nunca igual, na procura da beleza, na sua perfeição.

Monet, Houses of Parliament, Londres

Monet, Westminster vista do Tamisa

Ou as catedrais, pintadas em diversas horas do dia, ao amanhecer, nos tons azul-rosados da Catedral de Rouen, ou ao meio-dia, quando a luz do sol bate com força e se vê o dourado cair nas fachadas das igrejas, sempre numa procura incansável da impressão do instante que passa...

Monet, Catedral de Rouen, ao amanhecer
Monet, Catedral de Saint-Romain

E as figuras femininas nos vestidos vaporosos brancos, azuis, cor de rosa, com os véus, as sombrinhas coloridas, os campos de alfazema ou de papoilas. Avistadas no alto da colina, viradas de um lado, depois do outro, eternas, na sua beleza.
A beleza, que parece estar ali mesmo à mão, nos seus quadros...

E, sobre toda esta realidade matizada, a luz difusa, nunca demasiado forte ou chocante.

E, depois, os azuis, os rosas, os liláses...

Tanta beleza, sem dúvida.

E os outros?

Lembro outros impressionistas seus contemporâneos...

Alfred Sisley, por exemplo, e as suas paisagens: o moinho, o canal, a casa à beira-rio, etc.
A maravilhosa pintora Berthe Morisot e a doçura dos rostos, os interiores, os tules, mas também o campo, o mar, a figura "en plein air", a cor azul idêntica, a luz tamisada.



Ou o grande Camille Pissarro, com as suas paisagens rurais, as figuras simples, ou Paris, a neve, as geadas nos campos, a luz de inverno.

Pissarro, pastora com uma varinha

Pissarro, Paris e "e Pont Neuf"

Edouard Manet e as mesmas cores, às vezes as mesmas paisagens e figuras, as mulheres, as crianças, agora mais citadinas...

Manet, o parque
Manet, a praia

Manet, estação de comboios

Ou Auguste Renoir e as suas meninas, as mulheres, as amigas, com outra sensualidade, mas a mesma candura.




Como dizia Keats: "A Thing of Beauty is a Joy Forever"!

2 comentários:

  1. Embora admire imenso o impressionismo em geral, tenho uma predilecção muito especial por Claude Monet. Aquelas pinceladas têm em mim um duplo efeito: por um lado sobressaem aos olhos, parece que transportam a realidade até aos nossos olhos, transportando do real aquilo que mais nos encanta: as cores mais apaixonantes, as linhas mais estonteantes, os contrastes mais salientes.
    Por outro lado, parece que aqulas pinceladas algo difusas, inquietas, ambíguas, oferecem à nossa visão a capacidade de criar, de reinventar o real... pronto, estou a divagar :) Mas é por isso que não posso viver sem a arte.
    Depois há uma verdade incontornável: foi dos impressionistas que nasceu toda a pintura do século vinte; os magnificos girassóis de Van Gogh talvez não tivessem existido (ou não tivessem saído do anonimato) se antes não tivesse existido um Monet, um Degas, um RFenoir ou um Manet. O mesmo se poderia dizer das fantásticas cores de Matisse ou até os sonhos coloridos dos surrealistas. Quando se fala de pintura modernista, quase se pode dizer que "no princípio era Manet" (e Renoir, vá) :)

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  2. Óptimo trabalho como sempre, um prazer para a vista, e de certeza um prazer para ti.
    Esqueci-me de dizer que gostei muito do cartaz do Luca,é um rapaz muito inquieto e criativo,e como tudo tem uma parte genética, de certeza que a tua amiga também é uma pessoa interessante.Parabéns para os tres,"In bocca al lupo!".Beijinhos

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