Era este o título do artigo de Le Monde de 23 de Julho, referindo o concerto deste grande músico em Paris, nas Arenas do Jazz, ao pé do Sacré Coeur, em Montmartre - onde actuou em 22 do passado mês. Assinava o artigo Sylvain Siclier, artigo bem escrito, cheio de ternura também. Deixo-lhes este bocadinho que dá um pouco a atmosfera do concerto e a pessoa de Charles Lloyd:
“ Havia os momentos em que Lloyd não tocava. Sentado, perto do piano, a ouvir os companheiros, abana suavemente a cabeça. D repente, endireita-se, as costas bem direitas, os olhos fechados. Ausente durante alguns segundos. Quase num salto pega outra vez no saxofone, com a maneira estranha de lhe pegar com o bico para um lado e o corpo do instrumento para o outro. E entra de novo na música.”
(...) O concerto começa com Requiem, a maravilhosa composição de 1991 tirada do álbum “Notes from de Big Sur”.
Big Sur é a região montanhosa e selvagem onde viveu fora do mundo nos anos 70 depois do grande sucessso que conhece nos finais dos anos 60.
Revelado no Festival de Jazz de Monterrey, em 8 de Setembro de 1966, com Keith Jarret ao piano, Cecil McBee no contrabaixo, Jack DeJohnette na bateria, foi lançado para a frente pela série de álbuns gravados para a Atlantic em três anos e pela série de concertos.”
A tournée de Charles Lloyd, de 73 anos, levou-o a Vitrolles (1 de Julho) 13 de Julho na ilha de Porquerolles, em 23 em Fiesole na Itália. Em 10 de Julho esteve em Portugal, no Festival Jazz Parque, em Serralves. De Monk aos Beach Boys, Lloyd percorreu o itinerário da sua músia e da sua vida.
Pequena biografia:
“Charles Lloyd nasceu a 15 de Março de 1938, em Memphis, Tennessee. Desde os primeiros anos que esteve imerso na rica vida musical da sua cidade, muito ligada ao jazz.
Começou a tocar saxofone aos 9 anos. O pianista Phineas Newborn foi o seu mentor e levou-o a ter aulas com Irvin Reason. Outro dos seus mestres foi William Marcel Colette, mais conhecido por Buddy Colette, (1921). De facto, Buddy Colette foi um dos mais importantes agentes da expansão dos músicos de jazz negros, lutando pelos seus direitos. Foi o primeiro músico negro a aparecer na TV.
Em 1956, Lloyd mudou-se para Los Angeles onde tirou um Mestrado na Universidade de Califórnia do Sul.
Uniu-se a Chico Hamilton em 1960, embora a banda fosse conhecida por tocar “chamber jazz ” quando Lloyd se juntou ao grupo.
Um parceiro musical fundamental de Lloyd na banda foi o guitarrista húngaro Gabor Szabo.
Durante este período, gravou dois álbuns como líder para a Columbia Records: “Discovery” e “Of Course, Of Course”.
Os seus acompanhantes foram outros jovens músicos como Herbie Hancock, Ron Carter e Tony Williams.
Entre 1965 e 1969, Lloyd liderou um quarteto com o pianista Keith Jarrett, o baixista Cecil McBee (mais tarde, substituído por Ron McClure) e o baterista Jack DeJohnette.
o Quarteto
o pianista Keith Jarrett
Os álbuns de Lloyd “Forest Flower”, “Live at Monterey” foram um grande sucesso comercial.
Outros álbuns notáveis são “Dream Weaver”, “Soviet Union” e “In Europe.
Em 1970, após a dissolução do quarteto, Lloyd voltou para a Califórnia e entrou num estado de quase retiro, em Big Sur, desaparecendo da cena do jazz.
Nesses anos, participou, porém, em gravações com os Doors, Canned Heat e os Beach Boys.
Durante a década de 1970, Lloyd tocou com os Beach Boys.
Em 1986, depois de grave doença, Lloyd decidiu dedicar-se novamente à música. Começou a apresentar-se, de vez em quando, em 1987 e 1988.
Eric Harland juntou-se o quarteto de Lloyd em 2002, substituindo Billy Higgins. O seu “Novo” quarteto com Jason Moran no piano, Reuben Rogers no contrabaixo e Eric Harland na bateria.
O Quarteto gravou dois discos na ECM: “Rabo de Nube” (2008) e “Espelho” (2010).
Lindo, lindo. Ouvia-o às vezes em casa dos meus pais.
ResponderEliminarAdorei o efeito das colagens. Belo post!
Muito obrigada.
Beijinhos. :)