Hoje comovi-me ao ler uma história, tão forte a emoção que me transmitiu, e a força mágica da recordação que fez viver!
Vi uma criança a saltitar pela sua aldeia, a entrar e sair de cada casa, a comer aqui e ali, onde gostava, onde lhe apetecia, em perfeita liberdade.
“Almoçava muitas vezes em casa da sra. Olinda, a do forno, viúva com seis filhos e um burro que praticamente vivia com eles e era como da família” , conta.
Porque os adultos estavam demasiado entretidos a olhar para outras coisas?
Ou porque ela era um animalzinho livre que se escapava pela porta para ir espreitar lá fora a vida?
Curiosa, cheia de amor pela natureza que nem sabia bem o que era, nem por que razão lhe aparecia tão diversa, tão rica de coisas novas, de sensações de todos os tipos !
Aquele ano maravilhoso!
Descobrir as flores, as borboletas, as ervas simples, as searas e as papoilas, as galinhas, as alfazemas perfumadas...
Chegar a casa suja, cheia de terra nas mãos...
Ouvir ralhar da mãe, por causa disso...
Mas havia alguém que a recebia sempre de braços abertos e a apertava com força ao peito, o pai.
“Por fin regresaba al hogar, con el pelo húmedo del relente, muy negro y muy lacio, las rodillas necesitando más mercromina en las costras de siempre y las manitas sucias y rasposas; abría la puerta que estaba solo entornada, subía las escaleras, cruzaba el largo pasillo y me encontraba en la sala de estar con mi madre y mi hermana la mayor que nunca pisó la calle y siempre estuvo donde tenía que estar, con su enorme lazo en su enorme cabellera.Es curioso, lo único que recuerdo de ella en "la casa vieja", son sus rutilantes lazos.
Lo que nunca olvidé fué que mi padre siempre me abrazaba muy fuerte al llegar, aunque me pillase fea y sucia. “
Encontrei este belíssimo texto no blog “ainda é de dia” de que já vos falei e que vos aconselho uma vez mais.
Portuguesa do norte do país, a sua autora vive há 40 anos em Espanha, onde casou, teve filhos, tem a sua vida.
Onde “sente” tudo duplamente, ama duas terras, dois mundos, duas línguas...
Mas tal como dizia o bilhetinho que Antonio Machado trazia no bolso, amarrotado, quando foi morto, e ela refere (1):
“Este cielo azul e este sol de la infância".
Esse é sempre o mesmo. Único...
Esse é sempre o mesmo. Único...
(1) “ Cuando murió António Machado — al otro lado de la frontera, huido y castigado con todas los males de perdedor de una guerra civil brutal y despiedada, echado de un país, el suyo, que empezaba a lamerse las heridas y a recorrer un camino que sería muy largo y muy duro, de revanchas y ajustes de cuentas, de miedo y miseria — encontraron en el bolsillo de su chaqueta un papel arrugado que ponía simplemente: “este cielo azul y este sol de la infancia."
Muito bonito este post e as imagens ajustam-se tão bem à história.
ResponderEliminarParabéns por esta descoberta!
Beijinhos. :)
Não tenho palavras...
ResponderEliminarGostei de ler este post.
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