"Na lua que se aproxima,
temos que agradecer...e muito, faz bem agradecer,
temos que ter coragem...sempre, não teríamos conseguido sem ela,
temos que tentar...algo novo, cada lua é uma nova fase,
temos que sorrir e sonhar...poucas coisas no mundo são tão belas.
Mudamos o ano, na folhinha do calendário...
ontem é passado,
futuro há de vir,
presente é a dádiva...
Mudamos roupas, sapatos, bolsas...
mudamos até o sorriso.
Aprendemos a andar, a dançar, a simplesmente ficar parada.
Giramos o mundo,
como loucas ou genuínas,
como santas ou prostitutas,
como chefes ou empregadas,
senhoras ou meninas...nascemos e morremos...onde? No mundo todo.
De salto ou de tênis,
descalças ou de gomeiras,
construimos esse ano, todas nós, e fizemos muito...há, sim senhora!
Ouçam, pois:
Não resisto a voltar a pôr aqui um texto de Noel Teles, na sua bela e humana descrição dos "ciganos" no meu Alentejo...
"Era sina de cigano... Vaguear sem rumo e sem destino. Largueza lhe chamavam, era alcunha que o mundo lhe deixara. Contudo nada havia mais largo que o mundo, o mundo era dele, tinha as estradas desimpedidas.(...)
Ao outro dia partiram.Desciam a planície, encaminhavam passos vagarosos de encruzilhada em encruzilhada, de ribeira em ribeira, a caminho da feira de Évora. Tinham as estradas desimpedidas e, o verão pela frente.Outras feiras os chamavam. Ao sol de Maio, estrada fora, a caravana sumiu-se no pó da estrada barrenta...”
Diria, mesmo, que chegaram tocando, dançando e cantando.
(Sul da Espanha)
Django Reinhardt, desenho de Jean Cocteau
Neste novo ano, apelo para a solidariedade entre os homens, para a justiça, para a igualdade...
Na diferença de cada um.
temos que agradecer...e muito, faz bem agradecer,
temos que ter coragem...sempre, não teríamos conseguido sem ela,
temos que tentar...algo novo, cada lua é uma nova fase,
temos que sorrir e sonhar...poucas coisas no mundo são tão belas.
Mudamos o ano, na folhinha do calendário...
ontem é passado,
futuro há de vir,
presente é a dádiva...
Mudamos roupas, sapatos, bolsas...
mudamos até o sorriso.
Aprendemos a andar, a dançar, a simplesmente ficar parada.
Giramos o mundo,
como loucas ou genuínas,
como santas ou prostitutas,
como chefes ou empregadas,
senhoras ou meninas...nascemos e morremos...onde? No mundo todo.
De salto ou de tênis,
descalças ou de gomeiras,
construimos esse ano, todas nós, e fizemos muito...há, sim senhora!
Plantamos sonhos e batatas,
colhemos café e rezamos para parar a chuva,
enterramos nossos mortos,
parimos nossos filhos,
descobrimos novos amores e novas decepções,
vencemos e perdemos,
fomos expulsas e encontramos abrigos,
mais fechamos o ano. Façamos um favor a todas nós, no mundo todo.
passemos a régua,
mudemos de folhinha, se assim tiver que ser.
colhemos café e rezamos para parar a chuva,
enterramos nossos mortos,
parimos nossos filhos,
descobrimos novos amores e novas decepções,
vencemos e perdemos,
fomos expulsas e encontramos abrigos,
mais fechamos o ano. Façamos um favor a todas nós, no mundo todo.
passemos a régua,
mudemos de folhinha, se assim tiver que ser.
Pendura teu casaco,
prende teu cabelo e cozinha.
Digere tuas histórias,
planta tua batata e reza tua terra.
Acorda e acompanha a magia da vida e sonha pro seu amor."
(poema cigano)
Podem ver o poema hoje, primeiro dia do ano, no blog "Cozinha dos vurdóns". Os "vurdóns" eram os carroções onde o povo "rom" se deslocava, cozinhava, vivia, como as suas criadoras explicam no próprio blog.
prende teu cabelo e cozinha.
Digere tuas histórias,
planta tua batata e reza tua terra.
Acorda e acompanha a magia da vida e sonha pro seu amor."
(poema cigano)
Podem ver o poema hoje, primeiro dia do ano, no blog "Cozinha dos vurdóns". Os "vurdóns" eram os carroções onde o povo "rom" se deslocava, cozinhava, vivia, como as suas criadoras explicam no próprio blog.
Ouçam, pois:
"Na luta contra o preconceito e a discriminação que juntamos nossas etnias, nossas caldeiras, tachos e samovâr, numa só mesa. Que o alimento seja uma forma de união entre os povos e uma fonte de esclarecimento contra o preconceito que renega milhares de seres humanos ao absurdo da fome."
“Este blog é dedicado a comida dos carroções, dos camponeses e dessa gente simples que faz do céu seu teto, da terra seu sustento e da liberdade sua religião."
Não resisto a voltar a pôr aqui um texto de Noel Teles, na sua bela e humana descrição dos "ciganos" no meu Alentejo...
Fotografia tirada do blog "cozinha dos vurdóns"
"Era sina de cigano... Vaguear sem rumo e sem destino. Largueza lhe chamavam, era alcunha que o mundo lhe deixara. Contudo nada havia mais largo que o mundo, o mundo era dele, tinha as estradas desimpedidas.(...)
Ao outro dia partiram.Desciam a planície, encaminhavam passos vagarosos de encruzilhada em encruzilhada, de ribeira em ribeira, a caminho da feira de Évora. Tinham as estradas desimpedidas e, o verão pela frente.Outras feiras os chamavam. Ao sol de Maio, estrada fora, a caravana sumiu-se no pó da estrada barrenta...”
(in "Terra Campa", Noel Teles, p.102)
"Vi um filme há uns anos –lindo, de uma beleza e humanidade enormes, realizado por Tony Gatlif. Chamava-se "Latcho Drom" (que é uma saudação) e falava desses povos nómadas que vieram, pouco a pouco, aproximando-se da Europa.
Diria, mesmo, que chegaram tocando, dançando e cantando.
(Hungria)
(Sul da Espanha)
Com a sua cultura, o seu gosto pela música, pelos instrumentos musicais, pelo canto, vão, de lugar em lugar, acampando debaixo de grandes árvores centenárias, perto de terrenos onde corriam ribeiras, reunindo-se em sessões, ajuntamentos inesperados, em que todos chegam de toda a parte e ali perduram uns dias, algumas noites, cantando ao desafio, e grupos, cada um simbolizando a sua “diferente” cultura frente aos demais.
Uma arte própria. Em vários campos...
Uma arte própria. Em vários campos...
Django Reinhardt, desenho de Jean Cocteau
Na música, Django Reinhardt (Bélgica 1910-Paris, 1953) foi um guitarrista e um dos pioneiros do jazz, na Europa.
Compôs, por exemplo, a conhecida a canção Yeux noirs.Não sabiam, pois não? Eu também não, confesso.
Ouçam agora a belíssima música Sweet Georgia Brown.
Basta seguir o repertório musical Tzigane, Rom, Gitano, Cigano...
Como quiserem chamar-lhe, pois existe entre nós todos, povos da Europa.
A canção cigana Les deux guitars:
ou cantada por Aznavour a mesma "tzigane" Les deux Guitars
ou a "Gipsy Song" da russa Kalinka
Hoje, homenageando as mulheres da "cozinha dos vurdóns", recordo a pergunta que fazemos sobre os Outros: "Quem são? De onde vêm? Para onde vão?"
No fundo, a pergunta essencial que todos nós nos deveríamos pôr, para nos conhecermos... Sim. Quem somos? De onde vimos? Para onde vamos?
O humano é variedade, diferença, originalidade, criação...
Neste novo ano, apelo para a solidariedade entre os homens, para a justiça, para a igualdade...
Na diferença de cada um.
"Mudamos o ano, na folhinha do calendário...
ontem é passado,
futuro há de vir,
presente é a dádiva..."
ontem é passado,
futuro há de vir,
presente é a dádiva..."
"Façamos um favor a todas nós, no mundo todo.
passemos a régua,
mudemos de folhinha, se assim tiver que ser.
Pendura teu casaco,
prende teu cabelo e cozinha.
Digere tuas histórias,
planta tua batata e reza tua terra.
Acorda e acompanha a magia da vida e sonha pro seu amor."
passemos a régua,
mudemos de folhinha, se assim tiver que ser.
Pendura teu casaco,
prende teu cabelo e cozinha.
Digere tuas histórias,
planta tua batata e reza tua terra.
Acorda e acompanha a magia da vida e sonha pro seu amor."
http://www.youtube.com/watch?v=K24mFGlJij0
Cara senhora,
ResponderEliminarGrata amiga,
real instrumento de paz e de ternura.
Que o mundo lhe seja como um chucar (um lenço cigano), que lhe traga uma linda Idardi luludi (cesta de flores)e faça com que a sua thierain (estrela)lhe guie e lhe abençoe.
Nais tuke amiga,
Cozinha dos Vurdóns - AMSK/Brasil.
Os ciganos serão sempre um povo incompreendido, por mais que se tentem soluções para os integrar. Por vezes, são eles próprios que também não facilitam. A cultura deles é tão forte que não dá para qualquer um lá entrar.
ResponderEliminarA lua faz magia!
ResponderEliminarFeitiçaria milenar, apaixonante
Magia que nos enfeitiça
Olha por mim, Oh Minguante!
Nais tuke, amigas do blog "a cozinha dos vurdóns"!! Não têm nada que agradecer! nós somos todas as mesmas, esforçando-nos por fazer o que é o nosso caminho...
ResponderEliminarBom ano e que a vossa thierain seja luminosa!
Amiga do Tempo, tem razão por vezes somos "nós" que não deixamos aproximar os outros... Mas só em parte.
Carlota, poetisa da lua: linda quadra! Que a tua estrela seja boa! E a lua -minguante ou crescente- te alumie!
beijos a todas as minhas amigas!
o falcão de 2011
Um belo texto e som para iniciar o novo ano!
ResponderEliminarConcordo com o "tempo" é ainda um povo incompreendido.
A minha irmã baptizou uma cigana que se chama Teresa, como ela. Apesar de ser a madrinha, os pais da menina ofereceram presentes à minha irmã, quando só ela enquanto tal devia dar presentes.
Alargando este texto a todos os povos com religiões diferentes apelo, junto ao seu apelo, para o diálogo e a paz.
Bom primeiro Domingo do ano.
Bjs
Um pequeno comentário sobre o filme Latcho Drom - basta ver e ouvir e por vezes fechar os olhos nas músicas de lamento, é história contada sobre palmas e pés, da diversidade de um povo. Pena que poucos o viram. Julgar, condenar ou mesmo criticar outros povos, faz parte da nossa cultura de poltronas e almofadas. Por vezes nos apoderamos do que belo em outra cultura e nos afastamos do todo. Afirmamos isso porque somos descendentes, não nascemos nos Vurdóns, mais sabemos os palmeados, nao sofremos perseguições, mais ainda ouvimos : " ciganos comem criancinhas?" Não participamos do Porrajimos, mais choramos quando vemos a foto. O filme é um pouco isso, não precisa entender a língua, basta ser humano e compreender que a forma mais certa de matar um povo é matar sua cultura, não aceitar sua evolução e não respeitar sua descendência.
ResponderEliminarPor isso agradecemos, sempre. Porque agradecer faz bem a alma. Hoje somos Arquitetas, Economistas, Terapeutas, Médicas, Sociólogas,lutaram por nós, lutamos por eles.
Não se trata de mostrar uma verdade apenas, mais as várias cores com que Deus pintou o mundo.
Um beijo e mais uma vez...Nais tuke
Cozinha dos Vurdóns
Homeopatas dos Pés Descalços