sábado, 18 de dezembro de 2010

As Três Graças, desde a Grécia antiga. Cranach e os outros. Corrigindo e acrescentando... Ou a teimosia!


Sandro Boticelli, A Primavera



CRANACH E AS TRÊS GRAÇAS ATRAVÉS DOS TEMPOS


Dado que, no post anterior sobre Cranach e as Três Graças, o texto "não saiu" por teimosia do computador, da tecnologia dos bloggers ou lá do que foi, venho tentar (pela 3ª vez, porque sou muito teimosa!) dizer o que tencionei dizer antes...

Trata-se de um quadro de pequenas dimensões, pintado em 1531, no qual três jovens nuas exibem a luminosidade e a beleza da juventude sobre um fundo sombrio.

Ao colocar no centro da pequena tela uma jovem com o seu chapéu vermelho emplumado, as três com os seus colares, numa atitude displicente uma a segurar o pé, a outra de mão na cintura, outra meia de lado, com a mão na perna introduz uma visão algo original e singular - neste tema já tão tratado antes.

Os proprietários desta obra (desde 1932) confiaram-na ao Museu do Louve, há já vários anos.

Em 2010, decidiram vendê-la, propondo ao Museu o preço de 4 milhões. O prazo para o comprar seria a data 31 de Janeiro de 2011.

O Louvre e alguns mecenas reuniram a soma de 3 milhões. Faltava apenas arranjar o milhão restante.

Decidiram, então, em 13 de Novembro, propor aos particulares que ajudassem, com o que pudessem, a essa compra.

Lançaram pois uma subscrição "via internet"...

O que é engraçado é que 5.000 particulares corresponderam ao “pedido de ajuda” e o Museu ontem (17 de Dezembro) comunicou que estava reunida a soma que faltava.

“Os doadores mobilizaram-se pela França inteira e até no estrangeiro”, disse uma fonte ligada ao Louvre.

Com participações entre 1 euro e 1.500 euros, cada um participou com a sua dádiva. A média foram os 150 euros, muitos deram 50 euros, outros pequenas somas de 1, 2 e 5 euros.

Em troca desta generosidade espontânea o nome deles vai ficar inscrito ao lado do quadro cuja apresentação ao público vai ser de 2 de Março a 4 de Abril de 2011.

Não resisto a falar de outra pintura, que já mostrei no post anterior, entre muitas outras: é a tela (o pormenor da tela) do grande Sandro Boticelli (gostos são gosto e, nisto, estou de acordo com a Ana do blog in(Cultura) porque Boticelli é um pintor fan-tás-ti-co!) intitulada "Primavera", um dos quadros que -para mim- mais tem para ver e re-ver: nos pormenores, planos, expressões, cores, desenhos dos tecidos, transparências... Enfim, gostos!

pormenor de A Primavera, de Boticelli, 1482, dedicado ao blog in(Cultura)

Vale a pena notar a semelhança dos rostos das Três Graças: Tália, a que traz flores, Aglaia, com seu brilho e esplendor, e Eufrosine, na alegria.
Esta obra de Boticelli está na Galleria degli Uffizi em Florença.
E a partir do Renascimento as Três Graças tornaram-se um símbolo da idílica harmonia do mundo clássico.


História do Mito:


O Mito das Três Graças, mito renascentista, foi "herdado" da Antiguidade Clássica, da Grécia antiga (são lindos os torsos que acima deixei).
A cultura romana não lhe deu grande importância, aparecendo apenas em Pompeia uma figurinha.
As Graças (Cárites na Mitologia Grega) são as deusas da dança, dos modos e da graça do amor, são seguidoras de Vénus e dançarinas do Olimpo.

Segundo algumas versões, eram filhas de Zéus e de Hera. Eram as deusas da fertilidade, do encantamento, da beleza e da amizade.

E a partir do Renascimento as Graças se tornaram-se o símbolo da idílica harmonia do mundo clássico.

Aparecem pela primeira vez representadas no quadro de Sandro Boticelli, intitulado "Primavera" (1482).

Vénus no centro do quadro protege a três graças Aglaia, Talia e Eufrosina -ou as três virtudes que seriam: beleza, castidade e sensualidade ou prazer.

Outros pintores e escultores tentarão representar essa união, essa graça, ao longo dos tempos, de várias maneiras, reflectindo estilos, épocas, modos de vida e tipos de beleza da mulher muito diversos. Na tela como na pedra.
Deixei no post de ontem algumas imagens desta evolução.
E desculpem a confusão que por aqui passou pelo blog!
Os meus amigos italianos diriam que "era 6ª feira dia 17"!equivalente para eles à nossa "6ª feira, dia 13"!

4 comentários:

  1. "A Primavera" de Boticelli, um dos meus quadros preferidos.
    Outro que gosto bastante é "Atala no Sepulcro" de Anne-Louis Girodet de Roussy-Trionson de 1808.
    Um abraço!

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  2. MJ Falcão,
    Muito, muito obrigada por esta pequena maravilha que cresceu do seu texto e das imagens que escolheu.
    Botticelli é de facto o meu pintor e Flora é lindíssima, não só pela beleza mas também, pelas flores que transporta e transborda do seu vestuário. Flora é a alegria, o renascer da Primavera.

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  3. Carlota querida! Cruzámo-nos! Estava a ver o teu quadro e tu a ver o meu...
    Gostei muito, aliás gosto muito de certos românticos!
    Boticelli é tb um dos meus mais queridos! A PRimavera dele é única!
    Ana, minha amiga! Merecia aquele pormenor, ainda bem que gosta da Flora (quem não gosta? é de uma perfeição incrível!)
    Um beijo às duas.
    Aprecio muito a vossa sensibilidade.

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  4. Rien a dire sinon que c'est somptueux !
    De bonnes fêtes pour vous , EB

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