domingo, 19 de dezembro de 2010

O final do ano e alguns desaparecidos ilustres, que deixam saudades...

imagem de "A pantera cor de rosa", com Peter Sellers

Tem sido um ano duro: a crise, cataclismos, violência, golpes de estado sangrentos, tanta desgraça pelo mundo fora!

E tanta gente da cultura que morreu...

Em Setembro morrera Claude Chabrol, o realizador que filmava com "vitríolo"! Que me lembra sempre a maldade requintada da grande escritora Patricia Highsmith!

Com títulos que assustam: "Mulheres Diabólicas" (ver em baixo, Sandrine Bonnaire e Isabel Huppert), "O Açougueiro", "Que a besta morra", etc.

Chabrol parece, pelo que ouvi sobre ele, que era apessoa mais tranquila, mais boa conversadora, amiga dos amigos, apreciador de boa comida, a 100 léguas de distância da perversidade dos seus personagens...

Antes, em Janeiro, tinha desaparecido o "contrário" de Chabrol: Eric Rohmer.
O realizador que fala da juventude, dos sentimentos profundos, a juventude com os seus amores inconscientes, as aventuras na praia, a ingenuidade dos primeiros deslumbramentos...

Ficou famoso o seu primeiro filme, "Le Genou de Claire" e, depois, "Ma nuit ches Maud". Outros vieram encher a galeria dos filmes bons.

E de repente chegam os "contos morais", em que a moralidade é procurar um sentido para os sentimentos, para a vida, para a dificuldade de nos fixarmos. E com a poesia sempre e a beleza das imagens.

O último que realizou foi "Amores de Astrea e Celadone", em 2007, (que não vi).

Das figuras (geralmente escolhia actores e actrizes jovens desconhecidos) com a sua pureza.

Ficam ligados aos seus filmes dois nomes hoje conhecidos: Fabrizio Lucchini, grande actor, e Marie Rivette, rosto inesquecível, com os seus olhos enormes, muito abertos...
Aconselho-vos todos os DVDs que encontrarem dele!
Há um "cofre" com vários filmes à venda na FNAC: sugiro que o comprem e ofereçam um filme a cada um dos vossos amigos (não sai caro). Mas guardem um para o vosso Natal!

Continuando a lista dos desaparecidos...


O último a morrer tinha sido o realizador Blake Edwards, uma das figuras simpáticas dos realizadores de cinema americanos, de quem fica a lembrança da sua criação eterna: a pantera cor de rosa e o inspector Clouseau!

Mais o japonês que o persegue com os seus saltos de Karaté...

Morreu no passado dia 16 de Deazembro, na Califórnia, com 88 anos.

Fica também o maravilhoso, terno, inesquecível filme “Party” com Peter Sellers. Com certeza um dos filmes “mais bons” para quem tem sensibilidade, sentido do humor, capacidade para rir das próprias desgraças e, sobretudo, capaz de amar o outro.
Este filme comparo-o sempre a “The Blues Brothers”, de Johnny Landis, pelo bem que faz vê-los.

Sai-se destes filmes com uma vontade de viver enorme, vontade de rir, de ajudar, de mudar esta vida e a outra!

Este, filme bom, generoso e divertido, com o maravilhoso John Belushi (inesquecível actor, mais os seus olhos azuis detrás dos óculos escuros, irresistível!)
E fica para trás Carlos Pinto Coelho, que tanto ajudou à cultura portuguesa.


Ontem foi a vez de uma figura importante, Jacqueline de Romilly, de quem falei há pouco no meu blog, impressionada pelo que dizim dela no Nouvel Observateur: considerada uma das “marcas de cultura” ainda vivas.

Especialista de civilização e língua gregas, morreu com 97 anos, perfeitamente lúcida.
Uma figura lendária dos estudos clássicos.
Pensava comprar o último livro "Le trésor des savoirs oubliés". Talvez mo ofereça para o Natal...
Faz pena ver desaparecer estas pessoas que contribuiram para uma forma de nos cultivarmos e, assim, sentirmo-nos melhor, mais ricos, mais experientes, mais desejosos de continuar, de perseguir o que eles perseguiram: o sonho.


7 comentários:

  1. Sublime este post - balanço de homens de cultura.
    Alguns filmes não vi mas conheço os realizadores e os seus "sonhos" sublinhando como terminou este admirável tema.
    Não conheço Jacqueline Romilly. O livro parece-me interessante, o título é apelativo e a idade da escritora também porque deve conter a sabedoria dos anciãos.
    Beijinho!

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  2. Menos mal que pessoas como tu recordam o que há que recordar, para que pessoas como eu falem só de si e da sua circunstância, que é a única coisa que sei fazer ( estou aqui porque tu me mandaste...)
    Como descubriste a Sara? Há algo que eu não saiba que tu sabes que eu não sei que tu sabes?
    Espero que Não. Beijinhos e boa noite.

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  3. Os sonhos são sempre bons, não é? Tê-los é maravilhoso...
    Depois, logo se vê. E só se fazem as contas no fim! Como a Jacqueline de Romilly...
    Um beijinho

    Maria: não há nada que tu não saibas que eu sei que tu não sabes que eu sei! Ufa, custou a escrever!
    Vi-a no teu facebook, mandei um convite e ela aceitou-me. Perdoada?
    Todos falamos -e só...- da "nossa" circunstância, mesmo que pareça outra coisa. Eu acho...
    Beijinhos

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  4. És tu que tens que perdoar, como hoje é o dia dos meus anos, espero que o faças.
    Interessante o que dizes, apesar de que não estou de acordo.Tu falas de montes de coisas que não têm nada que ver contigo, senão com a tua extensa cultura e sensibilidade,"Jana"(gosto)

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  5. Perdoada!
    Muitos parabéns! Não sabia que era o teu dia de anos. És Sagitário, boas pessoas que eu sei (o meu filho é sagitário...)!
    Entretanto, dei os parabéns à tua Sara. Que confusão vai na minha cabeça! É a "internetice".
    Podes chamar-me "Jana" (é só para alguns...)
    Beijinhos e Parabéns querida amiga
    J.

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  6. Obrigada pelos parabéns, por perdoar-me e por poder chamar-te Jana.Recorda-me a Jane Eyre,não sei porquê, talvez porque foi o primeiro livro que adorei como adolescente (ainda não tinha doze anos).
    Vamos passar o Natal a Granada com a minha menina, também vai a Sara.Vamos em um dia e vimos no outro.
    Beijinhos, querida internáutica.

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  7. BOM NATAL A TODA A FAMÍLIA REUNIDA EM GRANADA!
    Beijinhos da
    Jana

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