sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Florbela Espanca, 80 anos depois da sua morte...



Florbela nasceu em Vila Viçosa (Alentejo), em 1894, filha ilegítima de João Maria Espanca e de Antónia da Conceição Lobo, sua empregada como criada de servir (como se dizia na época).

Morreu com apenas 36 anos, no dia do seu aniversário, a 8 de Dezembro de 1930.

Dias antes, em 2 de dezembro de 1930, fecha o Diário com a seguinte frase:

"... e não haver gestos novos nem palavras novas!" (1)
Nela? nos outros?
É esta frase que abre o blog (in)Cultura que recordou, no passado dia 8, o aniversário da morte (e nascimento) dela.
A solidão, a incompreensão, a incapacidade de ouvir um "eco" nos outros, a hiper-sensibilidade da escritora levam-na ao desespero.

Cinco dias depois, no dia dos anos, Florbela d'Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo uma dose excessiva de Veronal.
Alma perdida

Toda esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!
Tu és, talvez, um sonho que passou,
Que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez sejas a alma, a alma doente
Dalguém que quis amar e nunca amou!
Toda a noite choraste... e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!
Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh'alma
Que chorasse perdida em tua voz!...
(1) Florbela Espanca, Diário do último ano, Lisboa, Bertrand, 1998 (Edição fac-similada, prefácio de Natália Correia)

4 comentários:

  1. Adoro Florbela Espanca. A poetisa do sofrimento.
    Gostei do post.

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  2. Obrigada por ter escrito. De facto, é a poetisa do sofrimento e da sensibilidade à flor da pele.

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  3. Gosto muito da poesia de Florbela Espance mas não conhecia sua história! Que fim mais triste!
    Obrigada pela partilha e obrigada tambem pela visita. Foi um grande prazer;o)

    ***
    Feliz fim de semana****

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  4. Foi uma mulher estranha,julgo que nos encantaria a muitos conhecer mais da sua vida, saber porque teve de sofrer tanto.Os intelectuais portugueses não se interessaram suficientemente! Tem versos muito lindos,sempre às voltas com o desamor e a solidão.
    Não sabia sequer que se tinha suicidado.Beijinhos

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