sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Fogo destrói parte do Ha Carmel Park, um parque florestal, em Israel.

quadro do pintor israelita Reuven Rubin
o Parque HaCarmel
Desde quinta-feira que um fogo se espalha e vai destruindo a floresta Ha-Carmel, no nordeste de Israel, zona protegida, com parques e reservas naturais.
Aproxima-se rapidamente da cidade de Haïfa.
Haïfa

Os bombeiros conseguiram evitar que morressem os animais da reserva, procurando antes do mais que fossem libertados.

De facto, quando entram em pânico, não conseguem fugir sozinhos.
O forte vento a soprar do Oriente, a secura dos terrenos, o muito calor deste Outono sem chuva, tudo isso...

Bem me lembro dos outonos quentes que iam até meio do Inverno, secando tudo, com a baixa pressão que nos impede de ter forças, logo que a tarde começa a cair.
Só já noite entrada, um pouco de vento fresco soprava por vezes, o hamsin (nome árabe) ou sharav (nome hebraico) , que vem do deserto...

Vivi muitos anos em Telavive. Sei bem como às vezes no final do Outono ansiava por um pouco de fresco.
E quantas vezes, também, vi neve em Jerusalém, ou nos picos do Golan, onde os mais aventurosos vão skiar...

Hoje recebi um email de um amigo israelita, judeu de origem portuguesa.

Mandava-me as "Boas Festas" de Hannukah, a "festa das luzes", festa correspondente em data ao nosso Natal, e dizia-me:

"Lembra-se do passeio que fizemos ao Carmel, a Yussefia e Daliat HaCarmel, as duas aldeias druzas?
(Claro que me lembro!!)
O incêndio começou precisamente perto do lugar onde almoçámos, em Yussefia.
Como estava calor, as árvores e a vegetação muito secas (pois há muito que não chove), e estava muito vento do oriente, o fogo alastrou num ápice.

Arderam já mais de 10.000 dunams de floresta natural, o kibbuts Beit Oren, onde costumava passar belas férias, foi evacuado e os seus habitantes perderam as casas e todos os haveres.
Ainda tiveram tempo para libertar todos os animais, para que tentassem escapar.

Numa prisão mesmo ao lado, transferiram os presos para outras prisões. Um autocarro com 40 jovens cadetes -guardas prisionais- que vinham ajudar a fazer a transferência mais rápida, foi apanhado pela chamas e morreram todos carbonizados.
A comandante da Polícia de Haifa, foi no seu carro tentar ajudar os passageiros do tal autocarro e o carro dela também pegou fogo. Está no hospital com 80% de queimaduras.

As chamas atingiram 20 metros de altura. Nem valia a pena deitar água.

Pensava-se que, se o fogo chegasse à estrada Tel Aviv - Haifa se apagasse por si, pois não haveria nada para arder.
o porto de Haïfa ao pôr do sol
Mas nem queríamos pensar que iria consumir todas as aldeias até chegar à estrada - Ein Hod, a aldeia dos artistas, lembram-se?- mas chegou. Passou a estrada e vai agora em direcção ao mar.

Como o vento está a mudar de direcção e leva o incêndio também para o norte, passou a Universidade de Haifa, que já foi evacuada e receia-se que atinja os bairros de Haifa, no cimo do Carmel. Uma desgraça. "

Lembro o fogo do passado Verão que fez arder as lindíssimas florestas na Rússia, quase chegando às portas de Moscovo...

Tudo isso faz medo.

As forças da natureza, soltas, são como o célebre vaso de Pandora: todos os males dali se libertam e vão afligir o mundo.

Não poupam nada, nem a beleza, nem a terra, nem a vida...

Pobre mundo!
Penso nos meus amigos, nos sítios que conheci, na bela cidade de Haïfa.

Espero que páre depressa o fogo!
Haïfa, cidade do norte de Israel

(*) "Haifa é uma cidade de muitas faces, com características especiais, que a tornam um lugar atractivo para se visitar.
A sua proximidade com o mar e o seu porto cheio de vida contribuem para a sua proeminência.

A agitada área do porto atrai vendedores, compradores e turistas. As lindas praias são populares para praticar esporte e para a recreação, e durante o verão estão cheias de gente.
Além disso, por causa das excelentes condições para o surfe, as praias são usadas por muitos dos melhores entusiastas da navegação, e nela são feitas competições de navegação e outros eventos esportivos.
Com residentes das três maiores religiões, além de várias minorias religiosas, Haifa é também um símbolo de coexistência e tolerância fora de série. Nove por cento da população é formada por árabes (muçulmanos e cristãos), que, na maioria residem em três bairros: Khalisa, Abas e o famoso Wadi Nisnas, cujos becos encantadores o transformaram num ponto turístico.
A Festa das Festas anual, que marca o estilo de vida especial da cidade, é comemorada neste bairro."
iluminações do Natal, no bairro cristão de Haïfa

Em Wadi Nisnas existe um centro cultural misto para as comunidades judaica e árabe.
o Centro cultural árabo-judaico, Beit Hagefen
Este centro cultural judaico-árabe existe em Haifa desde 1963. O "Beit Hagefen Arab-Jewish Center" foi criado com o propósito de unir Árabes e Judeus e educá-los para a coexistência, vizinhança e tolerância através de actividades da cultura e das artes, festivais, encontros e actividades da comunidade.
Beit Hagefen é uma organização benevolente, subsidiada pelo Município de Haifa, pelo Ministério da Educação, Cultura e Desporto, e ajudada por doações e sponsors.

Beit Hagefen trabalha a nível local, nacional e internacional.
O Corpo Directivo de Beit Hagefen consta de 14 membros (7 Judeus + 7 Árabes).
O Doutor M. Peri, Director Geral do Centro, costumava dizer que por detrás da ideia de Beit-Hagefen estava a frase do filósofo e educador Americano, John Dewey, que dizia: "Every person has an equal right to be different." ("Todas as pessoas têm o direito igual de ser diferentes")

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