sábado, 15 de janeiro de 2011

A importância dos gestos: o discurso de Barack Obama

A IMPORTÂNCIA DOS GESTOS E DAS PALAVRAS:

O Presidente Barack Obama falou e o seu discurso foi considerado um dos mais importantes desde o início da presidência até hoje.

Voou da gelada Washington, atravessou o país até ao solar Arizona, a Tucson, terreno da trágica matança do dia 12.
Falou com sobriedade e segurança, humanidade. Comovidamente, mas com dureza. Perante uma assistência recolhida, ainda em choque profundo.

Contra o ódio político, contra a polarização política.

Invocando os inocentes mortos. Apelando para a união.
abraçando o astronauta Mark Kelly, marido da congressista Gabrielle Giffords, gravemente ferida
Num momento em que o nosso discurso político se polarizou bruscamente -quando insistimos em lançar as culpas dos males para o campo oposto, para os que pensam de modo diferente do nosso- é importante que nos detenhamos um pouco e procuremos falar uns com os outros de uma maneira que cure e não de maneira que fira.”
Não acusou ninguém, não falou do clima de violência e de exasperação que a candidata do recém-criado Tea Party -a inconsciente idiota Sarah Palin- tem criado à sua roda.
Nem da “distinção” que ela sublinha entre americanos “ puros” e bons, os que respeitam os “valores” tradicionais dos Usa -os que ela acha- e os americanos maus, os que não pensam exactamente como ela...
Que nos faz recordar o velho ódio do “macCarthismo” que tão bem conheceu Dashiell Hammett e outros intelectuais americanos. "Maus" americanos, acusados de “anti-americanismo”, condenados a prisão, perseguidos.

Mas os Estados Unidos não foram exactamente o país que recebeu toda a gente? E respeitou os valores da abertura? Não estão eles cheios de paradoxos, religiões várias, crenças, seitas? Não receberam do mundo inteiro todos os expelidos, reclusos, perseguidos do mundo?
Não é a Liberdade de pensamento e religião um dos valores? dos Usa?

Barack Obama não falou de culpas, não fez acusações.
Lamentou, apenas.
"Quando pensamos na morte de uma criança de 9 anos, todos nós pensamos nos nossos filhos..."
Apelou para a união, para uma reconciliação, para uma atitude em que não seja sempre a “culpabilização” do partido rival.
A América sofre demasiado hoje de problemas graves, que urge resolver.

Juntos, se possível.

O que de modo nenhum devemos fazer é usar esta tragédia como uma ocasião mais para nos virarmos uns contra os outros.”

Mais, adiante, pediu:
Usemos esta ocasião para alargar a nossa imaginação moral, para escutar o outro com mais atenção, para agudizar os nossos instintos de empatia e recordarmos a nós próprios, como os sonhos se podem enlaçar com as esperanças.”

Houve quem considerasse algumas passagens do discurso como do melhor que já foi dito.
Muitos historiadores políticos viram nele momentos que apontam para a posteridade e outros lembram as “palavras curativas” de um outro que tentou “pacificar” a América, Martin Luther King.

Se esta tragédia pode provocar reflexão e debate –como o deve fazer- que o sejam a um nível que que esteja à altura dos que agora perdemos.”

3 comentários:

  1. Às vezes pequenos gestos e palavras certas, como as que Obama proferiu, são o rosto da Humanidade.
    Martin Luther King deve estar a sorrir do céu!
    Beijinhos.

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  2. Nós aqui pelo Brasil, bem sabemos sobre este sofrimento. São mais de 550 mortos em uma avalanche de lama que destruiu algumas de nossas belas cidades.
    A quem culpar, um ano depois de uma trágica seguência no mesmo litoral? Famílias inteiras se foram na chuva, na lama, na irresponsabilidade. Barack Obama vem tentando por paz, aonde o tumuldo da ignorancia e do eu, tenta abrir os braços. Espero que o mundo ouça, que pense e que não adormeça mais na inercia. "Que nossas ações sejam ao nível do que já perdemos" e que consigamos perder menos com o nosso separatismo e com a nossa intolerancia, a mesma que insiste em abrir seus braços.

    Que haja paz.

    AMSK/Brasil

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  3. A condição de un autêntico Leader é despertar energias que estão adormecidas. Vem-me à memória o histórico discurso de Kennedy,na sua nomeação: "Pelo triunfo da liberdade temos que pagar qualquer prêço".Ele pagou o seu, como tantos outros.
    Gostava de saber a tua opinião ao meu último comentário sobre a igreja.Sejam quais forem as tuas crenças,estranho o teu silêncio.Beijinhos.

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