segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A minha Miss Marple preferida, Geraldine McEwan...



Pois é. Geraldine McEwan é a minha Miss Marple preferida…
Agatha Christie criou esta figura que aparece em 12 histórias apenas e que se torna, apesar disso, numa personagem inesquecível. Trata-se de uma velha solteirona, Miss Jane Marple, que vive na pequena aldeia de St. Mary Mead.

Inspirando-se na sua experiência e na observação das pessoas da aldeia -e “transpondo” essas situações para outras realidades que se lhe assemelham-, Miss Marple actua como detective amador, descobrindo actos criminosos e os culpados.

É de grande auxílio aos diversos inspectores e comissários que se cruzam com ela, e que reagem entre "irritados" por aquela velhinha metediça, ou "fascinados" pela sua inteligência e sagacidade em resolver mistérios e crimes...
Para alguém que, como ela, tinha vivido toda a vida numa pequena aldeia, era surpreendeentemente cosmopolita.

Mas, em St. Mary Mead, Miss Marple tivera todas as oporunidades possíveis para observar a natureza humana.

Por vezes confessa: "Há muita maldade na vida de uma pequena aldeia!"
Lembro a "Vieille France" de que fala Martin du Gard e do horror que podem ser os pequenos centros.
Tudo na vida acontece tal qual em St. Mary Mead...

A propósito de Jane Marple, escrevia Agatha Christie:

Não havia antipatia em Miss Marple, simplesmente não tinha grande confiança nas pessoas . Ainda que estivesse sempre à espera do pior, por vezes aceitava os outros, com delicadeza e simpatia, apesar de saber o que eles eram..."

De facto, para Marple ou Agatha, os seres humanos são sempre os mesmos. Em St. Mary Mead ou em Londres, ou Brighton.

A aldeia de St. Mary Mead, no primeiro livro em que Jane Marple aparece (The Murder at the Vicarage) é descrita como estando situada no condado de Downshire, mas na última novela(The Body in the Library ) este Downshire transformara-se já em Radfordshire.
Esta figura, que é levada várias vezes ao ecrã e interpretada pelas mais diversas actrizes, surge pela primeira vez num conto da revista The Royal Magazine, de Dezembro de 1927, com o título de "The Tuesday Night Club." Mais tarde vai constituir o 1º capítulo dos The Thirteen Problems (1932).
Mas a primeira aparição de Miss Marple, num romance mesmo, foi em The Murder at the Vicarage, em 1930.

Muitas foram as actrizes que representaram a personagem: Margaret Rutherford, Joan Hickson, Angela Lansbury, Geraldine Mc Ewan e Julia Mackenzie, entre outras.

A última figura escolhida pela BBC é Julia Mackenzie (a primeira à esquerda, na foto em baixo). Da esquerda para a direita as 4 magníficas: Julia Mackenzie, Angela Lansbury, Geraldine McEwan e Joan Hickson.

No entanto, confesso que nenhuma como Geraldine McEwan criou em mim a empatia que sentira logo desde a primeira história por aquela Miss Marple franzina, curiosa de tudo, observadora, suave, terna, dura e justa acima de tudo.
Exactamente aquilo que Geraldine McEwan consegue dar com aparente facilidade, grande actriz que é.
****
Geraldine McEwan nasceu no Old Windsor, em Inglaterra, e desde os 14 anos que pisou o palco no Theatre Royal em Windsor.
West End Theatre, em Leicester Sq.

Aos 18 anos representava no fabuloso West End, em Londres, actuando em variadas produções.
Durante os anos 50 representou no Shakespeare Memorial Theatre, em Stratford-Upon-Avon. Em 1961, entrou para a Royal Shakespeare Company.

Desempenhou papéis principais em muitas das peças do grande Shakespeare.

Em Much Ado About Nothing é Beatrice, contracenando com o conhecido actor, Christopher Plummer.

Em Hamlet, é a sweet princess, Ofélia.
De Shakespeare representa outros papéis famosos. Em Outubro de 1946, é a Hippolyta de Sonhos de uma Noite de Verão.

Mais tarde, na década de 60 e de 70, como membro do Royal National Theatre, actua com
Albert Finney.Ou com Laurence Olivier, apresentando-se em papéis inesquecíveis, memoráveis como na Dança da Morte de Strindberg.
Entra em muitas peças, como A Flea in Her Ear, ou The Entertainer.

Em 1951, participa em espectáculos de "vaudeville".
Na televisão teve imenso sucesso como nas famosas séries: Barchester Chronicles, ou em The Prime of Miss Jean Brodie, e na série em 3 episódios Oranges Are Not the Only Fruit ou em Mapp & Lucia.

Filmes em que participou: Robin Hood: Prince of Thieves, ao lado de Alan Rickman; em Henry V ou Love's Labour's Lost, contracenando nos dois com Kenneth Branagh; em Vanity Fair, e The Magdalene Sisters.

Estreou-se também mais tarde como directora teatral, numa produção de "As You Like It", para o actor e realizador Kenneth Branagh, no início da Renaissance Theatre Company.

Em 1989, recebe o “Evening Standard Best Actress Award” por The Rivals.
Em 1991, recebe o “Best Actress Award” pelo papel na série televisiva da BBC "Oranges Are Not the Only Fruit" em 1989.
De 2004 a 2009 é, na nova série da BBC, depois de Joan Hickson, a Miss Marple de Agatha Christie, nos episódios intitulados simplesmente Marple.
Sobre a sua actuação como Miss Marple diz :

“Ser Marple foi uma coisa maravilhosa com que me ocupei alguns anos."
E, logo, como se reflectisse alto:

"Suponho que muita gente não terá gostado das alterações que fiz, mas estou convencida de que provavelmente Agatha Christie não se importaria.
Um livro torna-se outra coisa, livre, quando é “dramatizado”. A única coisa que deve preocupar o actor é permanecer fiel à essência do que Agatha Christie pretendeu e espero ter conseguido isso, no que diz respeito a Miss Marple. Não sou uma workaholic, mas gusto de trabalhar e ser Marple é realmente um trabalho difícil, mas muito estimulante.

Penso que a personagem de Marple é uma espécie de realidade a outro nível, “elevada”, que não se pode dizer que exista na vida de todos os dias.
Julgo que Agatha devia ter um sentido do humor fantástico, pelo modo como coloca em acção esta velhota da classe média, de uma aldeia do campo, e que consegue resolver todos aqueles crimes tremendos!”

Refere-se com delicadeza e tacto à actriz que antes representara Miss Marple, na série da BBC, a actriz inglesa Joan Hickson:

"Toda a vida tive que representar papéis que outras pessoas ilustres tinham representado antes de mim. Quero dizer, vi alguns dos episódios em que Hickson entrara, e pensei que ela era óptima mas que não tinha nada que ver com a minha maneira de ser e de ver. Assim, liguei-me eu própria à personagem".

E termina:
"O que é interessante é ver as personagens “sair” de respostas imaginativas e emocionais diferentes, conforme a personalidade e a sensibilidade dos actores…”
Agora que ela já não é Miss Marple, resta-me reencontrar a "empatia" noutra figura: a da actriz Julia Mackenzie.
Tem um pouco da sua "humanidade", na maneira de olhar.

3 comentários:

  1. Bom dia Falcão de Jade

    Desde sempre que adoro ler boa literatura policial e Agatha Christie, como não podia deixar de ser, ocupa um lugar de destaque nas minhas preferências.

    Achei muito interessante este seu post, como aliás todo o seu blogue - com tempo, irei explorá-lo atentamente :)

    A minha Miss Marple é Joan Hickson! Ainda não conheço a série protagonizada por Geraldine McEwan, mas agora fiquei curiosa...

    E já agora... o meu Poirot é David Suchet. E o seu? :)

    Beijinho

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  2. Obrigada pela resposta, Virgínia! Já tinha ido ver o seu blog e adoro a imagem do pintor pré-rafaelita que lá tem!
    Claro que o meu Poirot é também David Suchet! Grande actor e figura que "vai" com o malandro e egocêntrico Poirot, adorável!
    Também gosto muito da J. Hickson (perfeita no papel) mas para mim talvez lhe falte um pouco da doçura, da suavidade que a Miss Marple tem, apesar de "justiceira", Némesis tremenda!
    Est Geraldine é maravilhosa. Procure: é uma série fatasticamente réussi!
    Encontrei na FNAC.
    Abraço fraternamente policial, "agático" direi mesmo...
    M.J.

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  3. MJ Falcão,
    Também sou apreciadora de boa literatura policial, li o Sherlock Holmes, Agatha Christie, Rex Stout, e outros, mas a Agatha Christie também é a minha preferida.
    A minha Miss Marple é Joan Hickson e o Poirot também é o David Suchet. Tal como Virgínia não conheço a sua Miss Marple preferida.
    Beijinhos.

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