Surpresa? Não, não foi surpresa. Eu sabia que ela estava em Londres. Tempos antes, insatisfeita, tinha-me dito que partia à procura de vida melhor. Mantivemo-nos em contacto, mas nunca pensei que fosse possível encontrarmo-nos aqui, mesmo em Trafalgar Square!
Esperava-me sentada nas escadas da St. Martin’s Place e começámos a passear sem destino, de braço dado, como duas velhas amigas, pelas ruas cheias de gente, olhando os prédios, a coluna de Nelson, Picadilly Circus, a National Gallery, os teatros, distraidamente, porque o mais importante era estarmos ali as duas.
Eu, que sou um pouco sorumbática às vezes, perdia-me a rir com tudo o que víamos, os turistas iguais em toda a parte, e até os tiffosi do "Celtic" -a cantar, de cervejas na mão e embrulhados em bandeiras, ridículos- nos divertiam.
Lembrámos coisas do nosso passado comum, das aulas da noite em que eu fui a professora, ela a aluna. Foi uma das maravilhosas pessoas que encontrei nessa altura e tanto me deram: confiança, amizade, o sentimento de ser útil, emprestando-me a juventude, a esperança, dando-lhes a minha experiência, falando-lhes dos mundos que tinha conhecido.
Lembrámos coisas do nosso passado comum, das aulas da noite em que eu fui a professora, ela a aluna. Foi uma das maravilhosas pessoas que encontrei nessa altura e tanto me deram: confiança, amizade, o sentimento de ser útil, emprestando-me a juventude, a esperança, dando-lhes a minha experiência, falando-lhes dos mundos que tinha conhecido.
A aula de Francês era a ultima da noite e acabava às onze horas. Conversávamos, líamos, ouvíamo-nos umas às outras, era desse tempo a Karen, a miúda da Guiné que ouvia, ouvia e às vezes erguia o seu protesto ou desatava às gargalhadas, frescas, que nunca esqueço.
A Alexandra ouvia, pouco falava, sonolenta, cansada, depois de um dia de trabalho, e, para o fim, havia um acordo tácito entre nós: ela saía meia hora mais cedo. Entre sorrisos de compreensão, um pouco de sentimento de culpa da parte dela, lá dizia “boa noite” e ia embora. Todas aceitavam.
No fundo, pensava eu, não era mais essa meia hora que lhe iria melhorar o “francês”, mas com certeza que um pouco mais de sono só lhe faria bem.
A Alexandra ouvia, pouco falava, sonolenta, cansada, depois de um dia de trabalho, e, para o fim, havia um acordo tácito entre nós: ela saía meia hora mais cedo. Entre sorrisos de compreensão, um pouco de sentimento de culpa da parte dela, lá dizia “boa noite” e ia embora. Todas aceitavam.
No fundo, pensava eu, não era mais essa meia hora que lhe iria melhorar o “francês”, mas com certeza que um pouco mais de sono só lhe faria bem.
Agora, anos depois, ríamo-nos disso tudo.
Ela, uma jovem mulher bonita, de olhar directo e sorriso aberto que me esperava, eu, a professora mais velha, contente de a reencontrar e de podermos ver, juntas, coisas belas, de que tanto tinha querido falar com elas nas aulas.
Ela, uma jovem mulher bonita, de olhar directo e sorriso aberto que me esperava, eu, a professora mais velha, contente de a reencontrar e de podermos ver, juntas, coisas belas, de que tanto tinha querido falar com elas nas aulas.
Fomos ao “Café Nero” –italiano, of course o melhor café do mundo...- tomar um “capuccino” com “biscotti”.
Depois, com o Manuel, passámos num “pub” a beber uma half pint de cerveja escocesa, talvez em honra do "Celtic".
E separámo-nos. À espera de nos voltarmos a encontrar outra vez..
Depois, com o Manuel, passámos num “pub” a beber uma half pint de cerveja escocesa, talvez em honra do "Celtic".
E separámo-nos. À espera de nos voltarmos a encontrar outra vez..
Um contarelo digno de Irene Liboa! Esses encontros nunca se esquecem e ficou, aqui, magistralmente agarrado. Para sempre.
ResponderEliminarManuel Poppe
Há aí um erro! Eu, Manuel Poppe, é que enviei o comentário...
ResponderEliminarManuel Poppe
Ola cada vez mais gosto de ler o seu blog.
ResponderEliminarMt obrigada pela maravilhosa tarde k passamos em Tralfagar Square.
Foi tao bom poder matar 1 pouco as saudades.
Mts bjs
Alexandra
Obrigada digo eu...
ResponderEliminarTudo foi inesquecível neste passeio. Depressa conversaremos mais. Vou voltar...