E o circo é o mundo maravilhoso da nossa infância...
"Só na infância?", dei por mim a pensar...
Não. Claro que não. Esse encanto pode “recriar-se” em qualquer momento.
E com tão pouca coisa...
Numa sala de um teatro por exemplo. Com uma turma de alunos sentados em círculo no chão.
Ao fundo, uma figurinha esguia, tal elfo das florestas, move-se, vestida de negro e a sala “anima-se”.
As luzes aparecem como por magia.
Uma tela de circo desenha-se no tecto...
quadro de um pintor que "sonha" também, Aldo Zari...
E o sonho e o encantamento e a imaginação criadora recomeça. A voz modulada e suave começa a contar uma história.
- Sabem? Eu uma vez conheci um mágico..
Tem o ar convicto de alguém que tem uma história bonita para contar, uma história que quer “dar” aos outros.
Do nada, surge a tenda imaginária e, pouco a pouco, na sala parece surgir um céu estrelado de uma noite de Verão.
O meu circo! O circo da minha infância que vinha sempre à minha cidade, nas noites de Vaerão!
sonho de uma noite qualquer, de Verão: o circo!
A magia renasce, com a voz e com a música que a acompanha, um outro "mágico" que toca na sua guitarra.
Música de encantar, histórias de encantar...
E a figurinha esbelta move-se pelo espaço, gira e torna a girar, na sua saia cheia de bolsos de cor.
No chão, parece brotar outro toldo de circo, coma as cores do arco-íris.
- Vejam, vejam...
São as cordas mágicas que são círculos, que se agitam como cobras, que se esticam de repente.
É o balão transparente, espécie de bolha de água esbranquiçada, que é atravessado por uma longa agulha.
"E sem se furar!, ó, magia!", penso.
São os lenços finos que entram dentro da negra caixinha mágica e saem transformados -sempre o toque mágico da varinha- em bolinha vermelha.
-Ouçam, ouçam, gentis espectadores..., continua a voz do sonho. Querem ouvir a história da menina do circo?
E a voz, doce, começa:
“A Rosalinda era uma menina do circo...”
As crianças ouvem. De início, inertes, diria, quase desconfiadas. Mas a voz e a curiosidade de saber que história era aquela vencem a inibição.
A história continua e a história acaba.
-Gostaram desta história? Quem gostava de ser como o Manuel Poppe, que escreveu a história da Rosalinda?
Erguem-se dedos espetados.
Há uma pequena onda que parece agitar-se no círculo.
Vêm mais jogos: a bola que salta de uma lado ao outro do círculo, a tela colorida que as mãozinhas pequeninas levantam à maneira de um toldo e fazem ondular.
- Cuidado, meus amigos, ponham as palmas para cima, agora agitem para a bola andar...
Concentrados, agarram o pano, riem nervosos, olham-se.
- Façam ondinhas. Deixem andar a bola ao sabor das ondas...
E a tela ondula como se soprada por um ligeiro vento.
Ó mundo das maravilhas...
"Quem gosta do vermelho? Passem esses debaixo do toldo..."
"E do azul?"
"E do verde?"
"Quem gostaria de escrever uma história assim?"
"Quem quer ser como este escritor?"
"Quem quer ser como este escritor?"
E, à vez, um a um ou em grupos, os que escolhem isto ou aquilo passam por debaixo do toldo do sonho.
E, para terminar, a pergunta humana e sensível:
"Quem é que ainda não passou debaixo do toldo?"
Não esquecendo os tímidos que se escondem...
“Quem ainda não passou por debaixo do toldo do sonho, passa agora!”
O encantamento não tem fim.
Parabéns, duendezinho! Parabéns!
(o trabalho que refiro é de Élia Fernandes, o "elfozinho" chamo-lhe eu, e realizou-se no Teatro Municipal da Guarda, numa manhã de Fevereiro)
Eis um sopro romani ...
ResponderEliminarAgora temos certeza.
Ale, opré rhomá, bartalê, rhomalê.
5 bjs
É tão bom sentir a magia!
ResponderEliminarBeijinhos!
Contente por gostarem, amigas minhas!
ResponderEliminarViva a vida!
Sempre!
Não quero perder o encanto de me deixar levar sempre sempre pela magia!
Bjs
E como eu assisti a magia...feita por ti . Gostei do que escreveste , gosto de circo e gostei de algumas coisas da nossa , minha infância... beijitosMadade
ResponderEliminarOLá querida Madade!
ResponderEliminarSei quanto percebes destas coisas do sentimento e da magia...
Bjs
Cela donne envie de venir s 'assoir , et de regarder !!! bonne soirée .EB ;
ResponderEliminarQue bom que estejas aqui outra vez. Eu vou-me amanhã, mas levo o ordenador.
ResponderEliminarQue sorte ter em casa quem te escreva historias das Rosalindas!
Espero que tenha sido uma estupenda semana. Beijinhos
Saudações nobre amiga e uma vez mais meus comprimento e desejoso abraço em sua viagem merecedora. Fique em paz, seja feliz e cuide bem de voce...........Voce merece.
ResponderEliminarMr. Butterfly
Magia...
ResponderEliminarCarlos Kurare
Acabei de fazer uma bela viagem
ResponderEliminaraqui
Querida MJ Falcão,
ResponderEliminarComo sempre, um texto primoroso e emocionante.
Há algo de Pessoa, um lirismo melancólico em seus escritos. Lembrei do poema Aniversário:
"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer."
Mas há também uma alegria quase incontida, como uma criança cujos olhos brilham ao ver a lona sendo erguida e sonha com o espetáculo de domingo. E aí quem me vem à mente é Louis Armstrong e seus versos inesquecíveis:
"I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself, what a wonderful world."
Um fraterno abraço e obrigado por compartilhar conosco a sua sensibilidade e seu olhar!
OLá,
ResponderEliminarA postagem também é maravilhosa e o mundo é maravilhoso quando o vemos desse modo!
Apesar do tempo, o maravilhoso que vivi na minha infância anda sempre comigo!...
Beijos,
Manuela
Mais uma vez, obrigada amigos! A magia é contagiosa...
ResponderEliminarEu não tenho nada com a história: mas apeteceu-me tanto "passar-vos" o que senti!
Tanta nostalgia, isso é verdade, amigo Érico